Capitulo 69

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Angelina

Ter um irmão foi algo que sempre quis, então por que ficar triste com essa notícia? Por que não celebrar mais uma vida que minha mãe irá trazer a este mundo? Tudo bem que, para isso, terei que me afastar do homem que amo perdidamente. Mas a vida é assim: não dá para ter tudo, e, diante de tudo que fiz escondido de minha mãe, ela merece ser feliz. Ela está reconstruindo a sua vida depois de ter perdido o meu pai, algo que jamais pensei que fosse acontecer. E por isso, sou capaz de sacrificar a minha felicidade para que ela possa ser feliz como realmente merece. Depois de ter saído do cemitério, Caio e eu voltamos juntos para casa no mesmo carro. Se, daqui em diante, terei que enfrentá-lo sem nenhuma fraqueza, nada mais justo do que começar de uma vez por todas. Pelo meu irmão, que ainda não está no mundo, e pela minha mãe, serei forte diante de Caio para que eles possam ser felizes, como um dia eu fui, quando o meu pai era vivo.

Após ter chegado em casa, fiquei mais de meia hora debaixo do chuveiro me preparando para encarar a minha mãe. Por saber que ela vai me fazer milhares de perguntas e desabafar comigo, não poderia enfrentá-la com os olhos vermelhos e inchados de tanto que chorei ao saber da notícia. Se para mim está sendo tão difícil lidar com essa notícia, imagina para minha mãe, que foi pega de surpresa com a reação de Caio. Coloco uma roupa confortável em meu corpo e, assim que ia sair do meu quarto, dou de cara com minha mãe na porta, com o seu olhar um pouco entristecido.

— Posso falar com você? — pergunta parada na porta

— Claro mãe, entre — falo, abrindo espaço para ela. Minha mãe vai em direção a cama, e se senta na beirada. — Quando eu os comuniquei sobre a gravidez você foi embora. Você também não gostou da notícia? — pergunta, me deixando constrangida.

— O que? Claro que não, mãe. Eu-eu gostei de saber que terei um irmão. Você sabe que sempre o desejei. — digo a tranquilizando. — Eu só fui embora para deixar Caio e você mais a vontade. — falo, pegando em suas mãos. — Mas confesso que fiquei surpresa ao saber.

— Imagino. Eu também fiquei, filha. —diz soltando um sorriso — Uma Pena que Caio não tenha reagido bem.

— Ele só está assustado com a notícia. Mas pode ter certeza que é apenas questão de tempo — falo na tentativa de mudar a sua opinião.

— Eu realmente espero — fala e se levanta — Eu vou comer algo, já que agora estou comendo por dois — com um leve sorriso no rosto, apenas concordo com a cabeça. Minha mãe sai do quarto, enquanto me deito na cama, e assim que iria fechar os olhos para descansar a mente, Caio entra bruscamente no quarto.

— O que você está fazendo aqui? — pergunto enquanto levanto rapidamente- Vai embora, minha mãe pode nos ver. — digo preocupada, já que ela acabou de sair.

— Eu não me importo. —diz em um tom sério

— Mas eu me importo — falo enquanto tento empurrá-lo para fora, mas acaba sendo em vão — O que foi que a gente conversou? Está ficando maluco?

— Sim, por você. Você está me deixando maluco desde o momento em que resolveu acabar com o que nós tínhamos. — fala enquanto percebo a sua angústia — Por favor, não faz isso. — pede praticamente implorando — Pensa bem em tudo o que nós vivemos. Eu-eu não vou conseguir fingir que nada aconteceu entre a gente.

— Você vai sim. Pela minha mãe, e principalmente pelo seu filho que vai nascer. — falo enquanto me seguro para não deixar que alguma lágrima caia.

— Eu não vou conseguir, não vou.

— O que é que você não vai conseguir? — minha mãe entra no quarto, fazendo o meu corpo gelar na hora. Caio fica com um olhar assustado enquanto me olha — Estou esperando uma resposta.

— Ele-ele acha que não vai conseguir ir todos os dias para a empresa quando o bebê nascer — minto descaradamente para tentar disfarçar a reação de Caio

— É isso mesmo? — pergunta olhando para Caio. Olho para ele seriamente para que ele possa confirmar o que eu acabei de dizer.

— É, é sim. — confirma contra a sua vontade.

— Mas em relação a isso você não precisa se preocupar. Com certeza contrataremos uma babá para que possa me ajudar. Assim você irá para a empresa tranquilamente.

— Era isso que eu iria dizer a ele — falo, colocando um sorriso frouxo no rosto. Minha mãe se aproxima dele e o envolve em um abraço, enquanto ele me observa com um olhar repleto de negação.

Não sei o que me machuca mais: ter aberto mão da minha felicidade em prol da felicidade da minha mãe ou perceber que Caio não a ama como ela realmente merece. Eu gostaria de poder revelar toda a verdade a ela, para que ambas pudéssemos nos livrar dessas mentiras. No entanto, estou ciente de que isso causaria muito sofrimento para ela e para o bebê, e isso é o que menos desejo. Por isso, a melhor opção que encontro é manter a maior distância possível de Caio, evitando qualquer tipo de contato. Apesar de ser difícil resistir a ele, por amor à minha família, estou disposta a fazer esse sacrifício, independentemente da dor que isso traga.

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