Angelina
Minha mãe e eu sempre tivemos um bom convívio; sempre confiei nela e ela sempre confiou em mim. Por isso, me sinto o pior ser humano, um verdadeiro lixo, por não resistir a quem ela tanto gosta. Saber que ela usou a avó Antônia e, ainda por cima, mentiu dizendo que passou a noite para certificar-se de que ela ficaria bem me deixou sem acreditar que, de fato, ela fez isso. Minha mãe nunca foi de mentir; ela sempre disse a verdade e me ensinou que a verdade é o melhor caminho, mesmo eu não seguindo os seus conselhos e fazendo tudo errado. Mas o que não sai da minha cabeça é por que ela precisou fazer isso? Ela nunca teve esse tipo de atitude; nunca foi do seu tipo de mentir ou omitir qualquer coisa que seja.
Depois de Flávia ter me falado a verdade, ela tentou me aconselhar sobre Caio dizendo o quanto eu errei em ter ficado com ele. No entanto, como minha cabeça estava longe devido ao que ela me contou, acabei não conseguindo prestar atenção em absolutamente nada, de tanto que os meus pensamentos estavam a mil. Resolvi voltar para casa, já que Flávia precisava fazer companhia para a avó Antônia, e eu precisava saber onde realmente a minha mãe passou a noite.
Chego em casa por volta das onze da manhã e, assim que ia subir as escadas ao não ver ninguém na sala, vejo minha mãe descendo enquanto guarda o celular na bolsa, como se estivesse com pressa.
— A senhora vai sair? — pergunto ao vê-la meio apressada
— Sim. Vou ao salão fazer as unhas e o cabelo. Mas o almoço já está pronto para você e para Caio, caso ele venha almoçar em casa.
— E a senhora? Não vai almoçar conosco?
— Não, filha. Estou bastante atrasada, mas jantamos todos juntos, está bem? Até mais tarde. — Ela pisca para mim rapidamente e, em seguida, a vejo sair apressada, o que me deixa sem palavras. Jamais a havia visto tão apressada e com um comportamento tão peculiar; não parece a minha mãe, a mulher que sempre conheci. Talvez seja apenas um efeito da minha imaginação, por saber que ela mentiu para passar a noite fora, mas a sensação é de que algo mudou nela. Subo para o meu quarto e decido tomar um banho antes de almoçar sozinha, já que Caio quase nunca está em casa nessa hora. Tomo um banho bem caprichado, evitando molhar os cabelos, e me visto com uma roupa confortável para ficar em casa. Ao sair do quarto e descer as escadas, encontro Caio chegando. Ele me cumprimenta com um de seus sorrisos mais encantadores, o que me deixa ao mesmo tempo tímida e ansiosa.
— Você veio almoçar? — pergunto, tentando disfarçar a minha timidez, colocando uma mexa do meu cabelo para trás da orelha.
— Sim.
— Minha mãe não está. — O comunico antes que pergunte
— Não tem problema, almoçamos somente você e eu. — ele sorrir após dizer — Ou vai me deixar almoçar sozinho?
— Não. — O respondo, com um sorriso tímido no rosto. Ele deixa a sua pasta em cima do sofá, tira o seu o seu palito e em seguida a sua gravada para ficar mais à vontade. Seguimos em direção a mesa, onde a cozinheira já estava com a mesa pronta à nossa espera.
— Algo mais, senhor? — ela pergunta após nos sentarmos.
— Não. Por hoje você está liberada. Pode se retirar — A mesma acena com a cabeça e logo nos deixa a sós.
— Ainda temos o jantar, por que a liberou tão cedo? — pergunto desconfiada
— Porque podemos muito bem pedir algo diferente no jantar.
— Só por isso mesmo? — pergunto e ergo minha sobrancelha, fazendo ele soltar um sorriso de canto de rosto. Caio se levanta da cadeira, vem em minha direção enquanto começa a desabotoar a sua camiseta — O que você está fazendo? — pergunto nervosa, enquanto me certifico se não há ninguém por perto — Pare agora mesmo. Algum funcionário pode ver — digo preocupada. — Você falou que íamos almoçar juntos, e não que eu ia ser o seu almoço.
— Mudanças de planos. — fala me tirando da mesa, e me encostando na parede.
— Para, isso-isso está errado — Digo enquanto sinto ele entrelaçar os dedos em meus cabelos, fazendo meu corpo arrepiar.
— Então vamos fazer o que é certo — diz enquanto esfrega o seu rosto ao meu, me fazendo sentir a sua respiração.
— Como? De que jeito?
— Eu...eu vou terminar com a sua mãe para ficar com você — revela, fazendo o meu coração acelerar de nervoso.
— Vo-você está falando sério?
— Jamais falei de forma tão séria quanto estou falando neste momento. — ele diz, enquanto pressiona seus lábios contra os meus, e eu correspondo com entusiasmo. — Não consigo mais suportar a distância entre nós, preciso que você pertença apenas a mim.
— E a minha mãe? Eu não posso fazer isso com ela. — digo, enquanto me sinto mal só de imaginar ela mal caso saiba a verdade
— E você acha certo o que estamos fazendo agora? — sacudo a cabeça em sentido negativo — Então esse é o momento de dizermos a verdade para vivermos juntos, como você e eu deseja.
Estou ciente de que o que estamos fazendo está totalmente incorreto. No entanto, confessar à minha mãe sobre Caio e eu é algo que me falta bravura para fazer. A vontade de estar ao lado dele cresce a cada dia, mais intensa do que eu jamais imaginei. Sinto que preciso tomar uma atitude; não posso continuar vivendo dessa forma totalmente errada, traindo a confiança da minha própria mãe, da pior forma como nunca imaginei.
— Você está certo, precisamos dizer a verdade a ela. — falo olhando em seus olhos — Mas eu preciso de um tempo para criar coragem para isso. — digo e ele concorda com a cabeça
— Sei que é mais difícil para você do que para mim, mas vamos estar juntos nessa — diz, me deixando apreensiva. Caio volta a me beijar, fazendo a vontade de almoçar ir embora, e não resistir às suas carícias e aos seus beijos em plena sala de jantar.
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Minha Obsessão
RomanceAngelina Rodriguez, uma jovem portuguesa de apenas 18 anos que se encontra perdida ao lado de sua mãe após o falecimento de seu pai. Sem condições de manter sua tão sonhada faculdade, Angelina vai a procura por um emprego na intenção de se sustentar...