Capitulo 70

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Angelina

Às vezes, a vida pode parecer injusta por não ser do jeito que gostaríamos que fosse, mas, na maioria das vezes, ela está apenas nos livrando das piores situações. Já se passaram alguns dias desde que decidi me sacrificar para que a minha mãe pudesse ser feliz. Desde então, Caio voltou a ser o homem ranzinza de antes; porém, dessa vez, ele não inferniza a minha vida como antes. Muito pelo contrário, ele se tornou um homem calado, de poucas palavras, pelo menos comigo. Ele se tornou um homem sério, que passa mais tempo na empresa do que em casa. Ele não almoça e muito menos janta com a gente. Ele mudou da água para o vinho, e admito que essa sua mudança está acabando comigo por dentro. Eu preferia que ele me infernizasse como antes do que viver sem falar com ele, sem ouvir a sua voz e sem praticamente vê-lo. Apesar de estar sofrendo, tento ao máximo ocupar a minha mente com a faculdade. Quanto à minha mãe, nunca a vi tão feliz como estou vendo nesses últimos dias, e isso me deixa bastante alegre por saber que estou caminhando corretamente.
É Por volta das cinco e meia da tarde, quando resolvo descer para fazer um lanche. Após descer as escadas, encontro minha mãe na sala, ao chegar na cozinha, e colocar alguns talheres na mesa, vejo Caio chegar, o que me deixa surpresa pois há muito tempo que ele não chegava tão cedo assim.

- Se preparem, temos um coquetel para irmos - avisa, com seriedade e objetividade - Não precisa exagerar, é importante, mas para poucas pessoas. -fala enquanto se dirige à escada.

- Podem ir, eu vou ficar - até porque esses tipos de eventos não me convém.

- Eu não perguntei se você quer ir ou não. Se você faz parte da minha família, você vai, mesmo contra a sua vontade - fala, com um tom grosseiro, pouco se importando se minha mãe vai estranhar ou não essa sua atitude comigo. Ele sobe as escadas e deixa minha mãe e eu a sós.

- Vamos, filha. É um coquetel importante com os sócios da empresa, não podemos faltar.

- Como você sabe que é com os sócios da empresa? Ele não falou nada. - digo a deixando sem jeito.

- É que....ele tinha me comunicado antes - fala e solta um sorriso frouxo - Agora vamos nos arrumar. - Ela vai em direção a escada e sobe, me fazendo ir em seguida.

Por mais loucura que seja, ver Caio falando comigo depois de dias sem se comunicar, mesmo com arrogância, me deixa um pouquinho aliviada. Ao entrar em meu quarto, procuro um vestido casual, já que é apenas um coquetel. Opto por um vestido acima dos joelhos, da cor azul celeste, de manga única, com um salto preto, e faço apenas uma maquiagem básica para disfarçar as olheiras que contraí devido a tudo que aconteceu. Após algumas horas, me vejo arrumada na sala de estar à espera de minha mãe e Caio. Vejo eles descerem as escadas, o que me faz levantar.

- Está lindíssima, filha. - minha mãe, me elogia

- A senhora também está maravilhosa - a respondo. Caio dá uma rápida olhada em mim, dos pés à cabeça, e segue em direção à saída, onde o motorista já está à nossa espera. Sigo com minha mãe e logo entramos no carro.

Durante o caminho, mantivemos um silêncio absoluto, sem pronunciar uma única palavra. A cada instante, percebo Caio imerso em seriedade, não parecendo nem um pouco o meu antigo Caio. Após alguns minutos, chegamos diante de uma casa de recepção requintada e sofisticada. Assim que o motorista abriu a porta do carro, minha mãe e Caio saíram na frente, seguidos por mim. Fomos em direção à entrada, onde Caio cumprimentou o recepcionista, que nos concedeu a entrada com educação. Ao adentrar, fiquei impressionada com a beleza do lugar, adornado por uma decoração luxuosa repleta de lustres cintilantes. Notei vários homens elegantemente vestidos, acompanhados de mulheres que também estavam impecavelmente trajadas.

- Aproveitem, tenho muito assuntos importantes a tratar - Caio diz seriamente, e vai em direção a um grupo de homens. Vejo eles se cumprimentarem e em seguida ir para um canto mais reservado.

- Eu vou ao toalete. Espero que não se incomode de ficar um pouco sozinha.

- Não se preocupe, mãe. Vou ficar bem em meio a tantas taças de drinks - falo, soltando um leve sorriso no rosto, fazendo minha mãe também sorrir. Pego uma taça de champanhe do primeiro garçom que aparece, e resolvo explorar o ambiente luxuoso.

Apesar de nada daqui me interessar, compreendi perfeitamente as razões que levaram Caio a insistir na minha presença. Estar em família, diante de todos, demonstra que ele é um homem confiável para os negócios, e isso contribui significativamente para o desenvolvimento de qualquer empresa, mesmo que à primeira vista possa parecer um tanto exagerado. Após beber o meu primeiro copo, pego mais uma bebida enquanto me dirijo para um jardim. Ao chegar lá, fico maravilhada com a decoração, que está repleta de almofadas espalhadas pelo chão e pequenas luminárias penduradas nas árvores, transformando o ambiente em um verdadeiro conto de fadas. Começo a explorar o jardim, admirando cada detalhe e deixando minha mente vagar, relembrando o tempo em que era apenas uma menina e adorava correr pelos jardins durante os eventos da empresa do meu pai. Enquanto me aproximo de uma área mais isolada, onde não há movimento algum, escuto alguns sussurros vindos de um canto pouco iluminado. Ao me aproximar, sou tomada de surpresa ao ver minha mãe conversando com um homem de cabelos bastante grisalhos, que aparenta ser bem mais velho que Caio. Observando-os, percebo que ele toca suas mãos de forma muito íntima, o que a faz sorrir. O jeito como ele a trata me deixa bastante desconfortável, especialmente porque noto que minha mãe não parece se importar nem um pouco. Balanço a cabeça em sinal de reprovação, tentando afastar a ideia de que ela poderia estar envolvida em algo que estou pensando. Quando decido me aproximar para falar com ela, sou chocada ao vê-lo beijando-a. Fico totalmente imóvel, paralisada, sem acreditar no que estou testemunhando. É como se eu estivesse vivendo um sonho ou um pesadelo; não parece ser real. Procuro me esconder atrás de uma árvore, na esperança de que não me vejam, com o coração acelerado, quase saltando pela boca. Minha mãe, traindo o Caio? Como isso pode ser possível? Ela-ela deixou bem claro sobre o que sente por ele, e agora a vejo o traindo? Só posso estar ficando maluca; essa cena não pode ser real, com certeza é apenas fruto da minha imaginação.

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