Capitulo 56

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Caio

Movido pela impulsividade, por vezes fazemos escolhas que não são as melhores. Frequentemente, aquelas decisões tomadas às pressas servem apenas para alimentar nosso ego. E nem sempre elas refletem o que realmente desejamos. Reconheço que já cometi erros e continuo a errar, como um adolescente despreocupado, mesmo sabendo que já não sou mais um; mas existe algo dentro de mim que não permite que eu fuja disso. Sinto a necessidade de atender ao que meu corpo, minha mente e, principalmente, minha alma anseiam. Tenho plena consciência de que a decisão que eu e Angel tomamos foi completamente errada. Porém, era uma força maior do que nós dois juntos podíamos suportar. Ao tê-la novamente em meus braços, percebi que ainda nutre sentimentos por mim, que tudo o que me disse ao longo desse tempo foram palavras vazias. Seu corpo revelou o quanto a chama entre nós ainda está acesa, o quanto ela necessitava e me desejava, mesmo que isso fosse absolutamente inadequado, mesmo eu estando com a mãe dela.

Enquanto termino de me arruma na frente do espelho, tudo o que fizemos ontem a noite, passam sobre a minha mente. Eu sei que é difícil nos encarar depois do que aconteceu, mas não podemos evitar e muito menos nos esconder. Após finalizar de me arrumar, coloco o meu celular no meu bolso. Quando me dirijo à porta, ouço Angela gritando com desespero do andar de cima. Imediatamente, corro em direção ao som e percebo que os gritos vêm do quarto de Angel, o que faz meu coração disparar.

— O que foi? O que aconteceu? — pergunto enquanto a vejo chorando em cima da cama de Angel que está vazia — Onde ela? Onde está Angelina? — pergunto em um tom de desespero

— Ela foi embora — me comunica, fazendo o meu corpo tremer — Minha filha foi embora, Caio. — diz enquanto continua a chorar

— Co-como assim foi embora? —pergunto com minha voz trêmula —Por que ela iria embora?

— Eu não sei, não sei. Ela deixou uma mensagem em meu celular, me avisando que precisava de um tempo. — diz entre lágrimas — Eu preciso ir atrás dela, preciso saber onde a minha filha está — fala se levantando e saindo do quarto.

Angel não fez isso, ela não poderia ter feito isso. Por que ela teve essa atitude? Por que deixaria a sua própria mãe? Eu preciso descobrir o seu paradeiro, ou então ficarei louco sem ela aqui. Tento acalmar Angela, enquanto desço as escadas com ela. Fico completamente angustiado, sem saber o que fazer, e logo vou até os seguranças pedir que verifiquem as câmeras imediatamente.
Assisto à gravação da noite anterior e vejo Angel saindo com uma mochila e entrando em um táxi, apenas algumas horas depois de termos chegado. Peço aos seguranças que identifiquem a placa do veículo, assim será mais fácil de encontrá-la, enquanto retorno para ver como Angela está.

— Estou tentando falar com alguns conhecidos, mas ninguém sabe dela, ninguém a viu — me comunica e volta a chorar novamente — Por que ela fez isso sem me comunicar? Angelina não é assim.

— Calma. Ela vai aparecer, eu prometo que vamos encontrá-la ainda hoje, custe o que custar. — Afirmo, enquanto tento entender porque Angel fez isso. Eu preciso encontrá-la, ela precisa voltar independente de onde esteja. Essa casa sem ela, não é nada. Tudo perde o sentindo e a cor sem a sua presença. Eu sei que moramos juntos há pouco tempo, mas foi o suficiente para saber que nada faz sentido sem ela.

Após algumas horas, bastante angustiados, Angela volta a ligar para alguns de seus conhecidos. Mesmo sabendo que Angel saiu por sua própria vontade, ligo para alguns contatos da polícia informando sobre seu desaparecimento; quanto antes achá-la, melhor.

— Alô? Filha? Angelina? — diz com sua voz de choro, fazendo com que eu me aproxime.— Meu amor onde você está? O que aconteceu? Por que foi embora?

— Onde ela está? Deixa eu falar com ela? — peço, em um momento de desespero,porém, um pouco aliviado.

— Aconteceu alguma coisa para você ter tomado essa atitude? — Angela pergunta através do telefone, me deixando apreensivo — Intrusa? Meu amor, você é minha filha. Tenho certeza que Caio, não se incomoda com você. — fala e me olha

— Claro que não, de modo algum. — digo, mesmo não fazendo a menor ideia do que elas estejam falando.

— Quando você vem? Tudo bem, filha. Mas, me dá pelo menos o endereço do apartamento dele. — Fala, chamando ainda mais a minha atenção. Dele? Não é possível que ela esteja com um homem, não depois do que aconteceu entre nós. — Tudo bem, eu aguardo por você. — Velo ela desliga o telefone com um sorriso no rosto. — Ela está bem. — me informa

— Aonde ela esta e com quem?

— Ela está com Erick. Aquele rapaz com quem ela sumiu no dia do jantar — fala, fazendo a raiva percorrer o meu corpo — Ela vai passar uns dias com ele.

— Como assim uns dias com ele? Ela mora aqui, aqui é o lugar dela. Onde fica o endereço dele? Vamos buscá-la agora mesmo. — falo, não conseguindo disfarçar o incomodo

— Ela não quis me dá. Falou que vai ficar uns dias, mas que vai explicar melhor porque preferiu sair sem nos comunicar. Mas estou aliviada por saber que ela está bem — fala com um sorriso no rosto.

— Eu-eu também — digo mesmo não estando nem um pingo aliviado por saber que ela está com outro. Através das enormes janelas de vidro, vejo os seguranças que pedi para identificar a placa do carro chegar — Bom, como ela está bem, vou resolver alguns assuntos importantes, até depois — falo para Angela que apenas acena com a cabeça. Ao sair de casa, encontro com os seguranças no jardim.

— Senhor, o motorista que levou a senhorita Angelina está lá fora. Ele vai nos levar até o endereço em que a deixou.

— Ótimo. Eu vou com ele, e vocês vão atrás nos acompanhando — falo, e vou em direção a saída.

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