Capitulo 46

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Angelina

É difícil aceitar que, mais uma vez, a minha vida vai mudar e que, dessa vez, eu preciso aceitar pela felicidade da minha mãe. Dói saber que a sua felicidade será a minha infelicidade, mas, de alguma forma, precisarei ser forte para fingir que está tudo bem. Por dias, jurei que esses seus encontros com Caio não dariam em nada, que não passariam de uma diversão, uma aventura da parte dele, mas acabei me enganando. Apesar de ainda não ter aceitado, é difícil acreditar que ele queira algo sério com minha mãe e que ele não a machucará, pois, vindo dele, eu espero de tudo.

Agora, vejo-me arrumando as minhas coisas, com a tristeza estampada no meu rosto, por estar fazendo isso contra a minha vontade e para a felicidade da pessoa que eu mais amo. Não faço a menor ideia do que o futuro me reserva, de como será a minha vida a partir do momento em que estiver debaixo do mesmo teto que Caio, o homem por quem me deitei por dinheiro e acabei me apaixonando sem querer. Só sei que não será fácil e que precisarei ser forte, como fui no dia em que perdi ao meu pai.

Por um motivo que eu desconheço, Caio e minha mãe não puderam esperar um mês ou uma semana para morarem juntos. A vontade foi tanta que passaram apenas dois dias para que as suas vontades se realizassem. Eu não faço a menor ideia de para onde vamos; só sei que o olhar de minha mãe não é mais o mesmo. A felicidade é tão aparente que qualquer um a vê a quilômetros de distância.

Observo as minhas malas todas prontas, o que me causa um nervosismo e um frio na barriga por não saber o que me espera. Vejo Flávia entrar e me olhar um pouco cabisbaixa.

— A casa vai ficar tão vazia sem vocês aqui — diz com um sorriso frouxo — Vai ser difícil ficar sem a minha companhia de quarto.

— Se para você vai ser difícil, imagina para mim. — falo ânimo algum

— Olha, você pode contar comigo para tudo o que precisar, viu? Basta me ligar, caso precise.

— E eu vou precisar, obrigada. — solto um sorriso frouxo, e dou um abraço apertado nela

— Deixa que eu ajudo você — Flávia pega algumas das malas enquanto eu fico com as restantes, e logo deixamos o quarto com um pouco de dificuldade. Na sala, vejo minha mãe abraçada com a vó Antônia e me dirijo até elas para me despedir também.

— Foi muito bom ter vocês aqui. Espero que sejam muito felizes no novo lar de vocês — Vó Antônia diz, enquanto me abraça.

— Nós vamos ser titia — minha mãe diz toda alegre — Agora vamos que o motorista que o Sr. Mendes disponibilizou já está aqui na porta esperando.

Dou mais um abraço em flavia, e assim que minha mãe abre a porta vejo um homem nos aguardando usando uma vestimenta, provavelmente o motorista. Ele nos ajuda com as nossas malas, e logo fomos em direção ao elevador. Após alguns minutos, saio do elevador, e vou em direção a saída do prédio. O motorista guarda as nossas malas, e logo abre a porta para que nós entre. Com uma sensação estranha em meu corpo, entro no carro, após minha mãe entrar.

No caminho, sinto um misto de sentimentos querer me invadir, como um medo, angústia, por saber que estou a poucos metros do meu "novo lar". A minha maior vontade, é sair desse carro junto com minha mãe, é sumir para bem longe, para algum lugar que Caio não nos ache.  Após uns longos minutos em silêncio, vejo um grande portão abrir para que nós entre. Ao entrar, dou de cara com uma imensa mansão moderna, repleta de luxo, com janelas, portas e varandas inteiramente de vidro, se estendendo por quatro andares. Fico um tanto deslumbrada com a beleza do lugar, lembrando da minha antiga casa.

Observo o motorista sair do veículo após estacioná-lo em frente à mansão, sinto um frio na barriga, enquanto minha mãe contempla a casa, exibindo um sorriso radiante. O motorista, de forma cortês, abre a porta, permitindo que minha mãe e eu desembarque. Caminhamos em direção à imponente porta de vidro, que se abre assim que nos aproximamos.

— Dona Ângela, seja muito bem vinda — diz uma mulher um pouco mais jovem que minha mãe, com cabelo preto preso em um rabo de cavalo. Parece ser uma das funcionárias — Me chamo Isabel, e estarei às suas ordens no que precisar — acrescenta enquanto nos oferece passagem para entrar. Ao entrar, fico completamente paralisada, com o luxo que é por dentro. Com uma linda escada de vidro, um enorme sofá da cor cinza bem centro, com vários lustres espalhados pela sala, e uma decoração impecável de tão linda.

— Muito obrigada, querida — minha mãe agradece a funcionária que gentilmente lhe retribui com um sorriso e se retira

— Finalmente chegaram — Escuto a voz de Caio e sinto meu corpo inteiro se arrepiar. Ao virar a cabeça na direção de onde vem o som da sua voz, o encontro descendo a escada de vidro com um sorriso enorme no rosto. Não consigo evitar de olhar para ele com uma expressão de nojo e raiva por estar compartilhando o mesmo teto. — Estava ansioso pela chegada de vocês — ele diz sem qualquer pudor, me fazendo ter uma louca vontade de empurrá-lo escada abaixo.

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