Capitulo 26

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Angelina

A partir do momento em que decidir virar uma mulher da vida, devido as dívidas que meu pai nos deixou, desde a sua morte, já imaginava que não ia ser fácil. Eu só pensei no dinheiro, e no quanto precisava ajudar a minha mãe no momento tão difícil que estávamos passando. Mas em momento algum pensei que fosse sentir algo por algum cliente. Desde ontem a noite, estou me sentindo uma verdadeira idiota por ter acreditado em alguém que mal conheço.
Talvez a carência, e o medo de me prostituir, fez os meus olhos brilharem ao ver que Caio não era o tipo de cliente que eu esperava. Com o seu jeito de me tratar, sendo apenas uma garota de programa, pude ver segurança ao seu lado, já que dificilmente os clientes tratam assim.

Depois de tentar estudar durante a tarde, saio de casa já arrumada para à noite, indo em direção à empresa para mais um dia de trabalho, e sem a companhia de Flávia, que durante o dia tentou conversar comigo sobre o acontecido, mas como minha mãe estava por perto o dia todo, resolvemos deixar essa conversa para outra hora quando estivermos a sós. Chego em frente ao prédio, respiro fundo, e entro sem saber o que hoje me espera. Encontro André no caminho, e ele me comunica que Anita está me aguardando em sua sala, entro no elevador, e em poucos minutos bato na porta, e ouço Anita me autorizar a entrar.

— Só estava faltando você — fala enquanto entro, fecho a porta e vejo todas as meninas em pé, inclusive Flávia, fazendo a sala de Anita ficar um pouco pequena pela quantidade de pessoas. — Vamos direto ao assunto. Hoje vocês não terão muito trabalho, vão ter somente os eventos a dois, então é bom não me decepcionarem. — ela pega alguns envelopes e começa a entregar para cada uma de nós. — Aí está o dinheiro do táxi, o nome do cliente, e o local que eles estarão esperando por vocês. —Abro o meu envelope para verificar o que ela havia falado, e vejo o nome de Caio e o endereço do hotel em que sempre nos encontramos.

— Não. —falo por impulso fazendo todas me olharem, principalmente Anita

— O que você disse? — Anita me pergunta sem entender

— Disse que não vou ao encontro com Caio — falo, fazendo todas ficarem com uma expressão surpresa, exceto Grazy que fica com um sorriso debochado.

— Eu não ouvi isso, não é mesmo? — questiona como se não tivesse acreditando —Você não falou isso.

— Falei e repito. Eu não vou me encontrar com o Caio. —  Anita me fuzila com os olhos, e respira fundo como se estivesse se segurando para não fazer nada comigo.

— Vocês já sabem o que devem fazer — fala para as meninas — Agora me deixem a sós com Angel. — sem dizer absolutamente nada, todas as meninas saem nos deixando sozinha. Sinto um frio na barriga por enfreta-la, e percebo Anita se aproximar de mim — Quem você pensa que é pra dizer se vai ou não a um programa? Está achando que é quem para descumprir as minhas ordens? — pergunta com seriedade em seu olhar 

— Ninguém. Eu só não quero mas me encontrar com ele.

— E desde quando você escolhe alguma coisa na minha empresa? Quem dar as ordens aqui sou eu, e se eu falo que você vai se encontrar com Caio é porque vai. Agora, caso ao contrário, você já sabe a saída, tá nas suas mãos. — Anita se direciona até a porta da sua sala e abre para mim, em passos lentos, saio de sua sala sem saber o que fazer.

Se eu não for me encontrar com Caio, com certeza Anita não irá me querer mas  em sua empresa, e se eu não trabalhar o que vai ser de mim? O dinheiro que minha mãe consegue vendendo doces não é suficiente nem para as despesas de casa e muito menos para pagar as dívidas que ainda temos.

Sem ter outra opção, pego o elevador e desco. Saio da empresa, e entro no primeiro táxi que vejo e vou  ao encontro da pessoa que não gostaria de ver. Eu não faço a menor ideia de como será a reação dele ao me ver, mas eu preciso ser forte, e principalmente profissional para fazer o meu trabalho. Após alguns minutos, desço do táxi após paga-lo, e vou em direção ao elevador, já que sei qual é o quarto. Chego no andar de costume, respiro fundo e saio do elevador, toco a campainha, e em questão de segundos, sou atendida por ele, com o seu sorriso encantador estampado em seu rosto, e o seu olhar cristalinos capaz de hipnotizar qualquer uma.

— Angel, que saudade — Ele diz ao eu entrar, e imediatamente, seus braços me envolvem firme, conduzindo sua boca na direção do meu pescoço para plantar suaves beijos. Faço um esforço para não afastá-lo e tento manter a postura profissional. Suas mãos deslizam pelo meu corpo e, num átimo, ele me vira, trazendo nossos rostos a poucos centímetros de distância. — Por que tão séria? Não parece a minha Angel.

— É porque eu não sou sua Angel. — respondo completamente seca, fazendo ele soltar um leve sorriso de lado

— Se eu pago para ter você, então automaticamente você é minha. — diz firme, fazendo eu me sentir um verdadeiro objeto.

— Nem por todo dinheiro do mundo, eu serei sua. — retruco fazendo sua expressão mudar

— Por que você está falando isso? —tiro suas mãos de mim, me afasto dele e resolvo ser sincera

— Por que você me fez acreditar que tinha sentimentos por mim, mas na primeira oportunidade me trocou e fingiu que mal me conhecia.

— Você está assim por eu ter levado A Grazy ao invés de você? — pergunta com um sorriso debochado — Meu anjo, ela não significa nada para mim

— Entao por que você levou ela como acompanhante?

— Porque ela já é uma mulher madura, que sabe muito bem se comportar nesses tipos de eventos, e você ainda é uma menina. — fala

— Uma menina? — falo abismada —Eu..eu pensei que você estivesse gostando de mim de verdade

— Gostar é diferente de amar. E eu não sou um homem de amar. O amor para mim é só uma palavra, e você já deveria saber disso só pelo simples fato de eu me envolver com garotas como você.

— Que se prostitui para ganhar dinheiro. — completo completamente abismada com as suas palavras

— Exato. Mas vamos deixar isso de lado, e vamos ao que interessa. — ele abre um sorriso e se aproxima de mim novamente

—  Já que eu sou somente uma menina, então eu também não sirvo para lhe satisfazer. — limpo a lágrima que caiu sobre o meu rosto, e saio do quarto rapidamente, sem lhe dar a chance de dizer algo.

Entro no elevador me sentindo uma verdadeira imbecil por ter acreditado em suas palavras e principalmente por ter me deixado levar por uma simples atitude sua. Onde eu estava com a cabeça quando acreditei que um homem como ele fosse realmente gostar de mim? Ouvir tudo aquilo de sua boca fez um misto de sentimentos como tristeza e raiva tomar conta de mim. Eu deveria ter ouvido flavia quando me falou que ele não valia nada, mas como eu estava completamente cega por ele, não enxerguei nada.

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