Caio
Ser dono de uma empresa não é uma tarefa fácil para nenhum empresário. Sei que tenho vários funcionários para cuidar e resolver qualquer situação, mas gosto de estar presente diariamente sempre que posso. No entanto, quando se é sócio em várias outras empresas, a situação acaba se tornando muito mais difícil do que imaginam. Há muito tempo, eu não sabia o que era trabalhar de verdade como trabalhei hoje. Para piorar, o dia acabou não ajudando muito, pois pareceu que não iria ter fim.
Com um cansaço fora do comum, chego em casa um pouco mais tarde do que o normal e passo direto para o meu quarto para tomar um bom banho. Despido-me rapidamente e entro para debaixo do chuveiro. Deixo a água quente escorrer sobre a minha cabeça aos pés, na tentativa de amenizar a dor de cabeça. Após longos minutos, saio do banheiro, coloco uma roupa apresentável para jantar em família, já que agora eu tenho uma, e resolvo descer.
Ao chegar na sala de jantar, encontro Ângela com um sorriso no rosto, novamente ajudando a cozinheira a colocar a mesa. Aproximo-me dela com um leve sorriso e dou um beijo em seu rosto.
— Como foi o trabalho?
— Cansativo, porém, bastante produtivo — respondo enquanto sento. Vejo ela fazer o mesmo e em seguida pedir para a cozinheira nos servir. — Onde está a sua filha que não está na mesa conosco? — pergunto estranhando a ausência dela
— Angelina foi para casa de uma colega fazer um trabalho da faculdade. — responde enquanto sua comida é servida.
— E ainda não chegou até agora? — pergunto enquanto olho em meu relógio de pulso
— É que ela saiu ao anoitecer, provavelmente chegará tarde. — diz, e começa a saborear a sua comida.
— E porque ela não fez esse trabalho durante o dia? A noite acaba se tornando um horário bastante perigoso para uma garota —Digo, mas logo lembro que contratei um motorista para ela, o que me faz me sentir aliviado — Pelo menos o motorista está com ela
— Na verdade ele apenas a deixou, e voltou para cá. — Me comunica, me fazendo largar o garfo de minha mão imediatamente.
— O que? Como assim ele não esperou? — levanto da cadeira, enfurecido — Eu a contratei para levá-la e trazê-la com segurança — falo não conseguindo disfarçar a raiva, fazendo Angela me olhar estranho — Para vocês duas ficarem em segurança. — Corrijo, enquanto tento me recompor
— Eu sei, mas com certeza ele irá buscá-la. — percebo que me alterei e resolvo me sentar para jantar.
Com os meus pensamentos completamente longe, janto na companhia de Angela, para tentar disfarçar a alteração que tive na sua presença. Após terminarmos, vejo Angela subir para o nosso quarto enquanto vou para o meu escritório na tentativa de resolver alguns assuntos pendentes da empresa. Mas sem paciência e sem foco, resolvo ir até o jardim verificar se Angel havia chegado, e encontro o motorista.
—Você já foi buscar a Angel? — noto ele me lança um olhar confuso, então logo faço a correção — Quero dizer a Angelina?
— Não, senhor. A senhorita me dispensou, alegando que não precisaria que a buscasse — diz ele, fazendo com que a dor de cabeça que estou sentindo aumente ainda mais.
— E você simplesmente a obedeceu? Você foi contratado para zelar pela segurança dela, em momento algum deveria deixá-la andar sozinha. — falo demonstrando toda a minha raiva
— Perdão senhor, achei que não teria problema.
— Pois achou errado. — falo e me certifico se Angela não está por perto —Me leve agora mesmo para o lugar onde a deixou — ordeno, e entro rapidamente no carro.
Com o medo visivelmente de perder o seu emprego, rapidamente o motorista sai comigo em direção aonde deixou Angel. A partir do momento em que Angela me comunicou que angel foi para casa de uma colega fazer trabalho de faculdade, acabei não sentindo confiança. Ainda mais no horário da noite, em que rola de tudo que se possa imaginar nessa cidade. Após alguns minutos, o motorista para o carro em rua vazia, sem movimentação alguma.
— Senhor, foi aqui que a deixei — me informa, fazendo eu ter um péssimo pressentimento
— Você tem certeza que a deixou aqui? Tem certeza que é aqui nessa rua, nesse lugar?
— Sim, senhor. Uma garota estava à sua espera, e entraram nessa rua — diz me fazendo ficar nervoso. Eu conheço esse lugar, aqui é deserto devido a várias boates que se encontram nesse arredor. Não é possível que Angel veio para cá, não é possível que ela tenha me desafiado desse jeito.
— Fique aqui à minha espera — digo ao motorista antes de descer. Sigo em direção à rua da frente, onde está a entrada principal daquela maldita boate. De verdade, torço para estar enganado, pois não faço ideia do que sou capaz de fazer se a encontrar dentro desse lugar.
Ao chegar em frente à boate, sou imediatamente envolvido pelo som ensurdecedor da música. Entro sem dificuldades e inicio a busca por Angel entre um grupo de mulheres que estão sentadas nos colos de vários homens. Devido à pouca luz, tenho dificuldades para localizá-la. Puxo algumas garotas que estão de costas, apenas para confirmar que não se trata de Angel. Enquanto isso, algumas mulheres deslizam as mãos pelo meu corpo, tentando me persuadir a levá-las aos quartos, mas, focado em meu objetivo, as ignoro. Dirijo-me ao bar e solicito um whisky, na esperança de me acalmar. Só de imaginar que Angel possa estar ali, acompanhada de qualquer homem, uma onda de raiva me invade. O whisky chega, e logo se inicia uma apresentação no palco central, tornando o ambiente ainda mais escuro.
Observo três garotas de costas, com uma mini roupa, deixando praticamente todo o seu corpo à mostra após as luzes do palco central acenderem. Elas começam a dançar e a rebolar os quadris, fazendo com que a atenção de quase todos na boate se volte para elas. Resolvo focar no que de fato vim fazer aqui e continuo a procurar por Angel. Quando decido me levantar, após pagar o meu whisky, as três garotas viram de frente para todos, vestidas com uma máscara para não serem reconhecidas.
E assim que meus olhos se deparam com uma delas, uma onda de raiva e ódio ameaça me consumir ao vê-la quase despida naquele maldito palco, exposta diante de todos aqueles homens, que parecem prontos para devorar um pedaço dela apenas pela maneira como a observam. Aproximo-me do palco para confirmar que realmente é ela, e no instante em que nossos olhares se cruzam, ela fica totalmente paralisada, como se estivesse diante de um fantasma.
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Minha Obsessão
RomanceAngelina Rodriguez, uma jovem portuguesa de apenas 18 anos que se encontra perdida ao lado de sua mãe após o falecimento de seu pai. Sem condições de manter sua tão sonhada faculdade, Angelina vai a procura por um emprego na intenção de se sustentar...