Capitulo 44

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Angelina

Estudar moda foi o que eu sempre desejei, mas com tudo que anda acontecendo em minha vida, mal estou conseguindo me concentrar na faculdade que tanto sonhei para mim. A minha cabeça se encontra em uma grande confusão, com tantas perguntas sem respostas. Desde o dia que fui até a empresa de Caio saber o que ele realmente quer com minha mãe, nunca mais vi ele. Isso não significa que ele e minha mãe não estão mais se encontrando, muito pelo contrário, seus jantares se tornaram cada vez mais frequênte. E o motivo de ainda não ter surtado com isso tudo se chama: Erick, que está sendo muito mais que um amigo nesse momento. Embora já tenha havido algo mais entre nós, não estamos em um relacionamento sério; nossa relação se resume a uma amizade com "benefícios".

Estou ciente de que Erick não tem noção do que está se passando, mas sua presença ao meu lado, me distraindo de diversas maneiras, me ajuda muito. Ainda mais eu não fazendo a menor ideia de que caminho esse caso de minha mãe vai tomar. Como hoje é um dia de semana normal, saio da faculdade e vou direto para casa. Apesar desse trabalho que arranjei não dá para quase nada, aos poucos estou juntando dinheiro para continuar pagando as dividas que ainda temos. Chego em casa por volta da tarde, e encontro minha mãe e vó Antônia, animadas, preparando algo na cozinha.

— O cheiro está ótimo — falo dando um leve susto nelas, que estavam focadas.

— Espero que esteja tão gostoso quanto o cheiro, porque hoje teremos um jantar especial — minha mãe diz, após virar para mim

— Especial? Por que? — pergunto sem entender

— Porque o Sr. Mendes virá jantar conosco — Vó Antônia me responde, e não consigo esconder o quanto essa notícia me desagradou.

— Por- por que ele vem jantar aqui?

— Porque já está na hora de vocês dois se aproximarem, não acha?

— Não. — respondo, fazendo minha mãe ficar sem jeito — Por mim tudo bem a senhora conhecer, e ficar com outra pessoa. Mas agora querer que eu me aproxime dele, isso é demais para mim.

— O que o Sr Mendes fez para que você não goste dele? — pergunta, me fazendo ficar sem saber o que responder — Me responde?

— Nada, mãe. Ele não me fez nada. — minto, enquanto lembro do meu passado com ele — Só que... é difícil para mim saber que já tem outro alguém no lugar do meu pai.

— Eu sei meu amor. Mas pensei que você já tinha aceitado — fala, fazendo eu perceber o quanto estou parecendo uma criança mimada, que não aceita a mãe em outro relacionamento. Mesmo eu tendo um grande motivo para isso, preciso disfarçar para que minha mãe não descubra ou desconfie de nada.

— Me desculpe, mãe. É que ainda é difícil para mim.

— O Sr Mendes jamais vai tomar o lugar do seu pai. E você vai ver que ele é uma boa pessoa — concordo com a cabeça, mesmo sabendo quem ele é de verdade. Dou um sorriso sem graça para ela, e logo resolvo ir para o meu quarto.

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Aceitar é a única alternativa que eu tenho, caso eu não queira que minha mãe descubra toda a verdade. Eu não consigo, e nem quero imaginar a sua reação se um dia isso viesse à tona. Pego um vestido simples, rodado, porém, bonito de dentro do armário, e coloco em meu corpo. Coloco um sapato casual, baixo da cor preta, e deixo os meus cabelos soltos. Para que eu não fique com uma cara pálida no jantar, faço uma maquiagem básica, para disfarçar a minha insatisfação. Como Flávia tem evento hoje a noite, ela não irá participar do jantar, portanto, precisarei ser uma ótima atriz para fingir que tudo está bem na frente de todos. Ouço batidas na porta enquanto mexo em meu celular e logo peço para entrar.

— O Sr Mendes chegou. — minha mãe me comunica com um sorriso no rosto, após abrir a porta. Vestida com uma blusa branca de cetim, acompanhada de uma saia sofisticada que se ajusta ao seu corpo e vai até os joelhos. — Vamos?

— Vamos. — saio com minha mãe do quarto, enquanto crio coragem para encarar esse jantar que provavelmente será longo.

Ao chegar na sala, deparo-me com Caio, impecavelmente vestido, mas desta vez sem sua gravata e seu palito, que costumava usar. Ele está usando uma camisa social azul e uma calça bege justa, deixando o seu corpo muito bem marcado. Assim que me avista, seus olhos me examinam do pé à cabeça, enquanto a vó Antônia o recebe com simpatia.


— Boa noite — falo o encarando

— Boa noite — ele me responde, com um sorriso no rosto.

— Já que quem estava faltando, chegou. Que tal irmos jantar antes que a comida esfrie? — minha mãe sugere alegremente

— Eu acho ótimo. — ele responde, e sem dizer nada, sigo em direção a sala de jantar. Ao chegar encontro uma mesa impecável para quatro pessoas.

Vó Antônia ocupa a ponta da mesa, minha mãe e Caio se sentam, lado a lado  enquanto eu fico sozinha do outro lado da mesa. Minha mãe começa a servir o jantar, fazendo o cheiro da comida invadir as nossas narinas. Enquanto começo a comer sem dizer nem uma palavra, minha mãe, vó Antônia e Caio, conversam entre si sobre vários assuntos aleatórios, com bastante intimidade. Apesar de estarmos juntos há apenas alguns minutos, a presença de Caio me faz desejar levantar e sair dali. A simples visão dele, a escuta de sua voz e o fato de estarmos no mesmo espaço me provocam uma grande sensação de náusea. Para tentar melhorar meu ânimo, dou um gole na minha taça de vinho, e logo vejo Caio se levantar com seu copo nas mãos, chamando a nossa atenção.

— Bom, aproveitando que as pessoas mais queridas para a Angela estão presentes, quero expressar a minha gratidão pelo convite para este jantar, que esta simplesmente maravilhoso — comenta, fazendo eu revirar os olhos, e observar minha mãe e a vó Antônia sorrirem para ele. — Com a autorização de dona Antônia, que sei que Angela estima como se fosse sua verdadeira mãe, gostaria de fazer um pedido a você — fala, olhando para a minha mãe. — Angela, sei que nós nos conhecemos a pouco tempo, mas nesse tempo percebi o quanto a gente nos dar bem. Por isso gostaria de saber se você aceita viver comigo, na minha casa como um verdadeiro casal, e uma grande família? — Com os meus olhos quase para pular para fora, de tão arregalados, me afogo no copo de vinho, sem acreditar no que os meus ouvidos acabarem de escutar.

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