Capitulo 63

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Angelina

Desde que saí da vida de prostituição, ontem foi a primeira vez que senti um grande medo de que minha mãe descobrisse exatamente tudo o que fiz e vivi. Senti-me completamente perdida e sem saber o que fazer quando Grazy ameaçou contar tudo para minha mãe. Apesar de Caio ter resolvido do jeito dele para que ela não contasse nada para minha mãe no evento, ainda sinto medo do que Grazy é capaz de fazer se ela descobrir onde moramos. Sei o quanto será decepcionante para minha mãe, mas o que mais me preocupa é não ter ideia da sua reação. Quando resolvi me vender para ganhar dinheiro e ajudá-la, eu sabia que havia uma pequena possibilidade de ela saber, pois o mundo em que vivemos é pequeno. Porém, eu não imaginava que isso realmente poderia acontecer e o quanto isso me deixaria amedrontada, como nunca fiquei.

Depois do que quase aconteceu no evento, Caio achou melhor que nós voltasse para casa cedo, para meu alívio, até porque o mais importante ele já havia feito, que era marcar a sua presença no evento. Apesar de minha mãe não ter entendido nada e ter agido de maneira estranha com a atitude de Caio, ela acabou concordando com ele. Ter que mentir para ela e saber de muitas coisas que ela não sabe me dói muito. Mas com certeza doeria mais nela se soubesse sobre tudo, e eu não posso permitir que ela sofra novamente.

Chego da faculdade bastante exausta, depois de ter decidido ficar um pouco mais tarde para adiantar algumas matérias. Apesar de ter chegado cedo do evento ontem à noite, sinto-me bastante cansada por ter saído em dia de semana. Passo direto para o meu quarto e resolvo tomar um rápido banho. Saio, coloco apenas uma roupa confortável e decido descansar um pouco, e, quando menos percebo, acabo dormindo.

Abro os meus olhos, e através da janela, percebo que o dia já virou noite. Levanto da cama meia assustada por ter dormido demais, e vejo que já são mais de sete horas da noite. Jogo apenas uma água em meu rosto, arrumo os meus cabelos, e resolvo descer para me encontrar com minha mãe, já que não falei com ela quando cheguei da faculdade. Desço a escada, bato na porta do seu quarto enquanto chamo pelo seu nome, porém a mesma acaba não respondendo, provavelmente deve está na cozinha ajudando a cozinheira preparar o jantar. Desço o restante das escadas, e assim que chego no primeiro andar, encontro Caio sentado no sofá da sala mexendo em seu notebook. Assim que ele me vê, seus olhos percorrem o meu corpo, me deixando um pouco sem jeito, já que estou vestida com um short fino, curto e uma pequena blusa sem sutiã, o que deixa os meus peitos um pouco saliente. E assim que ia ir em direção da cozinha, sou parada pela voz de Caio.

— Sua mãe não está. Ela foi visitar a Dona Antônia e avisou que não demoraria. — Avisa e olha para o seu relógio de pulso. — Apesar de já ter passado mais de três horas desde que ela saiu.

— Obrigada — Agradeço, e assim que ia voltar para o meu quarto, a curiosidade fala mais alto — Posso te fazer uma pergunta? — pergunto, fazendo ele concordar com a cabeça — O que você falou para Grazy ontem no evento? — pergunto, e logo ele fecha o seu notebook e me encara.

— Nada demais. Apenas ameacei, e dei o que ela mais gosta.

— E o que ela mais gosta? — pergunto, curiosa.

— Dinheiro — responde, me deixando aliviada por não ser o que estava pensando.

— Você acha que isso será o suficiente para ela não contar nada a minha mãe?

— Não sei. Mas para o bem dela espero que sim. — responde e levanta do sofá.

— Estou com medo — revelo, deixando a sua expressão séria — Estou com medo que minha mãe descubra o que eu fiz, e principalmente... — paro e respiro fundo — O que nós dois já tivemos. Não sei se ela aguentaria ser decepcionada por mim dessa forma.

— Não acha que é melhor contar a verdade a ela? Assim seria menos doloroso. — Aconselha, me deixando abismada.

— O que? Não, claro que não. Minha mãe nunca irá me perdoar pelo que fiz. E sem falar que...que ela está feliz estando com você. — falo, mesmo me incomodando muito.

—  E você? Está feliz estando nessa situação? — pergunta, me fazendo respirar profundamente.

— Desde a morte do meu pai, a felicidade me abandonou, e já me adaptei a essa realidade — digo, deixando-o constrangido, como se minhas palavras o tivessem afetado. Ouço o toque de um celular e logo reconheço que é o de Caio. Ele desbloqueia a tela, e provavelmente recebeu uma mensagem.

—  Sua mãe irá dormir fora. Dona Antônia está doente, e passará a noite com ela. Ela pediu para avisar você. — Comunica me deixando preocupada.

— Eu preciso ir até ela. Sei o quanto a vó Antônia é importante para a minha mãe — Falo e subo correndo as escadas para me trocar. Ao entrar em meu quarto, procuro uma calça jeans e um casaco de frio, já que a noite está fria. Como minha mãe irá dormir lá, resolvo colocar algumas roupas em minha bolsa para também passar a noite ao lado delas. Apesar de não saber o que a avó Antônia tem, preciso estar preparada para tudo. Troco rapidamente a minha roupa e, assim que abro a porta, dou de cara com Caio, como se fosse bater na mesma.

— Nós vamos juntos. — diz enquanto vejo ele com outra roupa — Mas antes, quero que você me responda uma coisa. — fala seriamente —  É verdade que você nunca mais foi feliz?

— Para que você quer saber?

— Me responda, por favor?

— O que você acha? Tive que me prostituir para ganhar dinheiro para ajudar a minha mãe a pagar as dívidas que meu pai deixou. E como uma idiota, acabei me ferrando quando me apaixonei por um cliente que só me iludiu. Me diz como eu posso ser feliz com tudo isso que aconteceu e ainda estar acontecendo? — pergunto, o deixando com um ar de tristeza

— Eu me arrependo profundamente do que fiz você passar, eu....— O interrompo antes que comece a mentir

— Eu não quero saber. Tudo o que você falar será uma perda de tempo, porque não acredito em nem uma de suas  palavras.

—  Eu não sou mais aquele homem que você conheceu. Eu mudei. Se estamos aqui morando juntos é porque me arrependi de tudo que eu fiz. — fala fazendo eu não entender o que de fato quer dizer

— Do que você está falando? — pergunto,  e percebo ele criar coragem para dizer algo

—  Se hoje estou com a sua mãe é porque...porque eu queria ficar perto de você —revela me fazendo ficar de boca entreaberta — Você pode me achar um louco, mas essa é a verdade.

— Você está dizendo que está usando a minha mãe esse tempo todo para ficar perto de mim? — pergunto, não querendo acreditar que isso seja verdade. — RESPONDA? — grito, querendo saber.

— Eu precisava ter você, não importava como — revela, me deixando abismada. Entro para dentro do meu quarto, com um misto de sentimentos, sem saber como reagir. — Eu sei que errei, mas tudo isso foi por você. —diz enquanto entra.

— Por mim? Você só pode ser louco. — falo após virar de frente para ele.

— Louco por você desde a primeira vez em que a vi naquelas malditas fotos que Anita me enviou. — fala me encarando, enquanto se aproxima de mim, me deixando sem saber o que fazer.

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