Capítulo 56: As Cortes de Prythian.

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🌿🥀🌿

Rhys e eu paramos no meio do espaço, cercados pelo ar denso de tensões não ditas.

Os rostos eram familiares. Lembranças dos meses sob a montanha — cicatrizes invisíveis e marcas permanentes. O silêncio pesado entre os presentes falava mais alto do que qualquer saudação formal. Era o tipo de encontro onde o passado gritava através de olhares furtivos e respirações controladas, onde antigos cativos e sua captora compartilhavam o mesmo chão.

Thesan foi o primeiro a cortar o ar. Com passos suaves, quase imperceptíveis, ele deslizou à frente. Sua presença, com a elegância de um nascer do sol emoldurado em ouro, era um contraste gritante com a gravidade da situação. A túnica apertada em seu peito esguio e as calças flutuantes que lembravam as preferências de Amren adicionavam um toque de requinte.

Ele parou a uma distância calculada e inclinou a cabeça ligeiramente, cumprimentando Rhys e a mim com um respeito polido. Seus olhos, o rico marrom de campos recém-arados, brilharam brevemente ao encontrar os de Rhys.

_ Bem-vindos. - Sua voz era grave, mas envolvente, como se cada sílaba fosse cuidadosamente pesada antes de ser pronunciada. Ele se virou, um sorriso brando pairando nos lábios. _ Ou, talvez, por ter convocado esta reunião, você deveria fazer as honras, Rhysand?

Rhys respondeu com um sorriso enigmático, suas sombras habituais serpenteando entre os fios de cabelo escuro. Ele relaxou o controle sobre o poder que pulsava em sua pele, e pude sentir o eco disso ressoar pelos outros Grão-Senhores. Era um gesto intencional, um lembrete de força.

_ Eu pedi esta reunião, Thesan, mas é sua generosidade que nos trouxe até esta bela residência.

Thesan assentiu com uma cortesia que escondia qualquer julgamento sobre as asas agora visíveis de Rhysand, então sua atenção se voltou para mim. Não houve reverências. Nem de minha parte, nem de meu irmão. Mantive o queixo erguido, um sorriso vazio curvando meus lábios enquanto o peso dos olhares recai sobre mim.

Esperei. Desafiei-os em silêncio a questionar a ausência de um gesto que eles provavelmente achavam obrigatório, esperei pela coragem de questionar minha presença e o fato de ter chegado com a corte noturna que também é impossível de ignorar.

O silêncio foi minha vitória.

_ É um prazer vê-lo novamente, Thesan. - Minha voz era leve, quase indiferente, enquanto meus olhos percorriam os detalhes do ambiente. _ Sua casa é... brilhante.

O som de passos ecoou pelo salão. Dois Grão-Senhores avançaram. Kallias, envolto em um manto azul real com detalhes prateados que pareciam reluzir como gelo recém-formado, me encarou por um breve momento antes de desviar o olhar para Rhys. O contraste entre sua pele pálida e os olhos azuis cortantes era quase desconcertante. Ele parecia avaliar as asas de Rhys antes de dispensá-las com um piscar de olhos.

Os murmúrios aumentaram conforme outros convidados se reuniam. Uma jovem no grupo de Kallias trocou olhares com Mor, sua expressão curiosa e ligeiramente desafiadora. Mor respondeu com um sorriso tenso, balançando o peso entre os pés enquanto Kallias murmurava algo em tom quase imperceptível. A conversa fluía, mas as palavras pareciam vazias, uma dança de formalidades desconfortáveis.

Afastei-me um passo, sinalizando discretamente para meu irmão. Ele se aproximou sem hesitar, nossos movimentos quase ensaiados, distantes o suficiente para observar a dinâmica do grupo. O espaço que ocupei no salão tornou-se insignificante para os outros, como se minha presença fosse agora facilmente ignorada - um erro, mas um erro que me beneficiei em silêncio.

Eles se subestimam, pensei, enquanto os olhares oscilavam entre Rhys e os demais. O jogo de alfinetadas veladas e tensões reprimidas se desenrolava como uma peça mal ensaiada. Cada palavra, cada gesto, parecia moldado mais para ferir do que para persuadir. A arrogância sutil dos Grão-Senhores era quase infantil, seus egos dominando a razão.

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⏰ Última atualização: Jan 26 ⏰

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