Capítulo 6

129 10 12
                                    

Eu sou sua guerra.
Preparando os fortes,
Ajudando os fracos.
Me chame pelo nome:
Pastor do fogo.
Shepherd of fire - Avenged Sevenfold


DEAMHAN

   Parei em sua frente com os braços cruzados e afrouxei o aperto das sombras, esperando sua explicação e demonstrando que não aceitaria seu silêncio agora.

-Não quero ficar aqui. -Ela sussurrou tímida com sua confissão, Luna não queria dizer a verdade, não queria aceita-la. -Você não ouve, né? -Ela perguntou me olhando com seus olhos perdidos. -Não ouve meus pensamentos.

-Não ouço, o que houve? -Minha voz soou agora mais baixa, e eu me aproximei um pouco mais. -Porquê quer sair daqui? Foi o que aconteceu ontem?

Eu a enxia de perguntas e quando vi que ela não fugiria soltei as sombras deixando-as dançar naturalmente a sua volta. Sem apertões, apenas a naturalidade dos toques que ela já estava acostumada.

-Deamhan... -Ouvi meu nome em sua boca me anestesiou. -Eu não me encaixo aqui. Não há lugar na terra que eu consiga viver bem comigo mesma. -Sua declaração me surpreendeu.

Eu sabia que Luna não era feliz, minha Lua... eu queria tanto mudar a sua realidade, mas ainda havia um alvo em cima dela. Um perigo que eu precisava tirar de cima dela e uma vida normal em meio aos humanos foi o que me pareceu mais seguro.

Me aproximei ainda mais, sem nem mesmo pensar nas consequências. Meus dedos correram para colocar uma mecha do seu cabelo rebelde atrás da orelha branquela.

-É só pedir que eu te darei. Se você tem fantasmas, você tem tudo.- Disse a frase que havia dito anos atrás para ela, seus olhos se iluminaram, e uma lágrima escorreu em sua bochecha. Eu seria, assim como sempre fui, o seu fantasma, de muito bom grado. -Já me viu, não há dúvidas que estou aqui para você. O que você quer, minha Lua?

-O que eu quero não é a questão!- Ela bufou, parecendo ser cortada de uma hipnose em que ficou ao ouvir minha frase. -Você não me ouviu? Eu não sinto vontade de viver em lugar algum. -Ela se afastou um pouco e meus dedos sentiram sua falta no mesmo momento. - É como se o mundo fosse... Apertado demais. É como se eu estivesse presa.

Eu ouvia seu relato, meu peito parecia afundar, culpa o inundava e eu conhecia aquele sentimento muito bem. Era mais uma sensação para a lista das sensações que aquela garota me fazia sentir.

Ela não se sentia em casa. Porquê de fato, essa não era a sua casa. Para Luna, ela nunca teve uma.

Um estalo na floresta se fez ouvir por entre as árvores e a garota chateada a minha frente não parecia se importar com aquilo, provavelmente achando que era algum animal. Mas eu sentia algo diferente, mesmo sem dizer a ela ainda.

-Eu não vim pra cá com bons motivos. Talvez seja um castigo. -Ela murmurou puxando os cabelos entre os dedos. Começou a andar de um lado para o outro, o que parecia me deixar um pouco zonzo, misturado com a sensação de estar sendo observado. Há algo aqui conosco...-Dinheiro não é um bom motivo para querer ser médica. Mas eu sou assim. Quero muito não ser mais uma garota pobre.

Luna falava e andava rápido, mesmo que não fosse a lugar nenhum pois ia e voltava, mas eu estava atento a um movimento longe dali e quando seus olhos encontraram os meus, ela pareceu perceber, e viu minhas orelhas se mexendo, buscando um som que ela não conseguiria ouvir. Usando um poder que eu normalmente deixava escondido para evitar rastros, mas não tinha para onde correr agora.

DeamhanOnde histórias criam vida. Descubra agora