Capítulo 10

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E assim como a chuva
Você varre o pó para o nada
E lava o sal das minhas mãos
Então me toque novamente
Sinto minha sombra se dissolvendo
Você irá me purificar com prazer?
Ninguém pode dizer com certeza
Se talvez tudo seja apenas um jogo
Quando abro meus olhos para o futuro
Eu posso ouvir você dizendo meu nome
Então chova sobre mim
Rain- Sleep Token

DEAMHAN

    Antes mesmo de chegar ao hipermercado, eu já senti a falta dela.

Eu definitivamente precisava ligar pra Peter e Alex. Precisava falar sobre a magia que prendia os poderes de Luna, sabia que teríamos que fortalece-la. Era estranho para mim pensar em Luna sendo algo além de uma humana. Eu constantemente a chamava assim para me lembrar de quem ela deveria ser. E isso não existia mais, e me assombrava.

Caminhando para a garagem do castelo, eu girei as chaves da moto nos meus dedos. Sentia falta de algumas coisas do nosso lar, mas com certeza, sentia falta demais da minha querida moto.

Uma Kawasaki Ninja toda preta me esperava. E eu não demorei nem um segundo a mais para começar a correr com ela novamente, algo que eu faria com Luna, o mais rápido possível. Gostaria de ensina-la a pilotar logo mais, se ela quisesse. Ela já sabia andar de bicicleta, então seria um pouco mais fácil do que se não soubesse. Mas eu tinha até receio disso, Luna tem péssimos reflexos, o que me lembra que precisamos treinar o quanto antes.

Eu sentia medo pelo o que estava por vir, medo do que poderia acontecer a Luna. Eu não era fácil de derrotar e há dezoito anos lutei contra exércitos sozinho, e dessa vez, eu não estava sozinho.

Logo quando cheguei aqui fiz algumas amizades, contratei algumas babás para Luna para que eu pudesse trabalhar logo, e me virei como podia. No meu "ramo de trabalho", matei muita gente, mas também conheci muita gente, assim como percebi muita gente não humana nesse mundo.

Eu não era o único afinal, a Escócia era um local registrado no nosso mundo, de tempos antigos, quando o meu mundo e o dos humanos estiveram próximos demais há alguns milênios. Logo quando os feiticeiros de Gàradh, um dos reinos do meu mundo, o reino conhecido como o reino das flores, descobriram como contatar outro mundo. O mundo dos humanos. Os estudiosos vieram parar aqui, na Escócia, e nosso idioma até hoje ronda pelo norte do país. Muitos humanos não sabem de onde surgiu o que eles chamam de "gaélico escocês", mas foi de nós, do nosso mundo.

Chegando ao mercado meu telefone vibra e o número do telefone fixo de casa aparece no visor me fazendo atender rapidamente, temendo que algo tivesse acontecido com Luna. 

—Sim?

—Eu... Hum...-Ela parecia receosa enquanto eu entrava no local aquecido com cheiro de alvejante. —Eu preciso de absorventes.

—Ah. -Foi tudo o que eu disse, e paralisei um pouco, no meio do enorme comercio, antes de voltar a andar, tentando pensar o que faria.

Merda, eu não sei comprar absorventes, eu já a vi comprando mas não tinha reparado no modelo ou tipo, nem reparei na embalagem, como eu falaria isso para ela? Qual tamanho? Não... Parece rude.

—Tem preferência entre eles?
Disse por fim.

Existem tantos, eu levaria todos, se fosse preciso, se ela me desse uma resposta vaga.

—Com abas. -Ela disse e eu pude ter certeza que suas bochechas rosaram, mesmo sem vê-las.

—Ok. Mais alguma coisa? -Eu disse me encaminhando para o corredor de higiene pessoal após achar um carrinho.

DeamhanOnde histórias criam vida. Descubra agora