Capítulo 19

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Tudo o que faço é fugir de
Todas as coisas que não posso mudar
Como o clima dentro do meu cérebro, estou preso na chuva
E Eu não consigo deixar isso passar
Todo esse barulho fica preso na minha cabeça
E eu não consigo deixar isso passar
Sintonize tudo para que eu possa esquecer
Mas eu não consigo deixar isso passar
Let It Go - Chandler Leighton, Lo Spirit

LUA LURACH

Ao recuperar minha visão, o que vi foi o caos. A definição perfeita de destruição.

-Onde eu estou? - Mesmo que a minha boca não tenha se movido, o pensamento ecoou por todo o local.

O som da minha voz se misturou aos trovões e o lugar escuro era meramente iluminado por uma Lua que brilhava fraco no céu noturno coberto de névoas, e pelos relâmpagos da enorme tempestade, que parecia se enfurecer cada vez mais.

Era como uma cidade pós apocalíptica, um mundo destruído, e eu estava sentada no chão de pedras negras, enquanto observava o caos a minha volta. Ruínas de um lugar que um dia foi algo que eu não me lembro, mas sinto que conheço, e tornados gigantes viajavam furiosos há alguns quilômetros de distância. Eles não pareciam seguir uma rota específica, apenas se agitavam de um lado para o outro enquanto meus cabelos eram sacudidos como chicotes molhados pela chuva fina que me atingia. Todo o local estava ocupado por névoa densa, fumaça preta e cinzenta com umas partículas de brilho.

Eram como as sombras de Deamhan, só que maiores, bagunçadas, furiosas e com esse tipo de brilho. Estas sombras estranhas e desconhecidas dominavam o lugar destruído que eu me encontrava, e eu tremi, sem saber como sair daqui.

-Deamhan...-Minha mente chamou e eu ouvi o som da minha voz fraca misturada aos ruídos do fim que eu parecia participar, era como se eu falasse, mas a minha boca não se movia. Eu estava pensando, mas ouvia como se o som tivesse escapado da minha garganta. -Eu estou ouvindo porquê estou na minha própria mente?

Não havia ninguém aqui comigo, apenas os meus pensamentos correndo soltos. Nenhum final de Alex, nenhum sinal de Peter ou de seu poder colorido. Nenhum sinal de Deamhan... Mesmo tão confusa com o que ele era, no momento não pensei muito. Eu desejei que ele estivesse aqui.


Eu não sabia o que fazer. E ouvir fisicamente meus próprios pensamentos me incomodavam ainda mais, os tornados furiosos à minha frente pareciam brincar comigo, com meu medo. Deamhan sempre cuidou de mim, mas agora eu parecia pela minha própria conta, e isso me aterrorizava. Era o que eu queria, de certa forma, quero lutar minhas batalhas, mas ainda me sinto insegura pra isso.

-Eu posso morrer estando na minha mente? - Meu pensamento correu livre atingindo meus ouvidos.

E então, uma risada amarga soou e eu rodeei o local com os olhos procurando sua origem, mas não encontrando nada além de sombras que se aproximavam de mim, provocativas. Uma se raspou em meu rosto e a senti arrastar meu cabelo para trás da orelha, outra gargalhada surgiu, e então uma voz sussurrou:
-Olhe para si, menina. Você está batalhando com sua própria mente.

Era... a minha voz. Só que carregada com um peso a mais. Como se a minha voz trouxesse morte consigo, como se... como se fosse a parte mais obscura de mim.

Mas ninguém estava lá. Sombras me cercavam, sombras sussurram em meus ouvidos e eu senti o músculo em meu peito parecer comprimir. Eu olhei para minhas mãos, não mais tão pálidas. Meus braços não estavam cobertos pelo moletom que Deamhan comprou para mim, a roupa que coloquei após um banho na madrugada que passei acordada. Eu vestia roupas que nunca nem vi antes. Roupas pretas de couro, havia proteções em meus joelhos no designer da calça, era como uma...

DeamhanOnde histórias criam vida. Descubra agora