Capítulo 12

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E

u te mando ir embora quando eu quero que você fique
Estou preso no meu jeito, não posso ganhar meu próprio jogo
Se for para ser, então eu estrago tudo.
Self Sabotage - Maggie Lindemann

LUNA

     Quando Deamhan esteve afastado, no hipermercado, eu me peguei constantemente pensando em Dulce. Mas, quando voltou, eu só conseguia me sentir agitada, envolta a ele. Só conseguia pensar em estar próxima.

 Eu devo me afastar, isso não é certo. O pensamento cresceu quando descemos para comer, minutos depois de eu perder o controle e estar tão... vulnerável a ele. Eu o quero tanto. 

E, o que mais me assustava era o fato de eu só conseguir pensar nisso quando estava com ele, não ponderava o certo e o errado, não pensava em Dulce, eu sou tão egoísta quando estou com ele, só consigo pensar no que quero, só consigo pensar nessa fome. 

Mas, ao estar naquele castelo, pensei por muitas vezes em Dulce, me martirizei outras, pelo erro de estar cedendo ao desejo. 

Pensei sobre o que deveria dizer para Dulce, que não fosse "eu fugi da faculdade depois de assistir a primeira aula e ver que aquilo não era para mim" e nem a verdade insana que seria "existem criaturas mágicas atrás de mim que querem me separar das sombras e do homem obscuro que sempre beirou ao meu lado, que inclusive era amigo de meus pais e eu estou pegando muito gostoso agora".

Era estranho pensar em o que eu deveria dizer, e ainda mais estranho pensar nos atuais ocorridos, na verdade.

É quando você pensa em contar algo para alguém que você percebe realmente se aquilo é certo ou não. E eu sabia que não era nada certo essa coisa que eu e Deamhan estávamos fazendo, mas ao mesmo tempo eu não queria pensar naquilo, porquê sabia que deveria parar e isso não era o que eu queria. Com ele ao meu lado, eu me pegava constantemente fazendo as coisas que eu queria, o que não tive muito ao longo da minha vida. Então eu beijaria ele até quando pudesse, porquê era o que eu queria, e eu me enrolaria na cama dele até quando pudesse porquê era o que eu queria também.

Antes de chegarmos a cozinha, presa em meus pensamentos, eu me peguei pensando sobre o seu passado. Ele devia ser... bem experiente. E se, por algum momento, eu sentisse algo mais forte que desejo? Sendo só desejo eu não consigo controlar, e se fosse algo mais forte? 

Aquilo me assustou. E decidi tentar focar em outra coisa. 

-Você acha que me pareço mais com a minha mãe? - Perguntei a primeira coisa que surgiu na minha cabeça que não fosse sobre ele. 

A palavra mãe ainda soava estranho na minha boca. Nunca a ofereci para Dulce e isso me fazia sentir culpa, pois Dulce é o mais próximo disso que tenho.

-Em questão de personalidade, sim. Em aparência você parece com os dois. -Ele disse pegando mais uma taça no armário e depositando ao lado da que eu tinha acabado de tomar uma boa quantidade de vinho, sob o mármore cor de Ônix. 

A maior parte do castelo era de coloração negra, tirando as paredes de pedra cinzas ou alguns móveis de madeira escura. As janelas de ferro preto eram amplas, o que dava ao castelo um toque de modernidade misturado a todo aquele rústico.

-Sua mãe tinha cabelos pretos, diferente dos seus, mas os olhos dela eram cinzas, só eram... puxadinhos, diferente dos seus redondos. -Ele dizia e eu tentava formar uma imagem na minha cabeça. A voz triste que sempre aparecia quando ele falava deles. -Ele tinha os mesmos cabelos cheios e castanhos que você, um tom de castanho bem escuro assim como os seus, e o rosto dele também era redondo.

DeamhanOnde histórias criam vida. Descubra agora