Capítulo 7

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Sempre que fecho meus olhos
a sobrevivência dói
Mas eu continuo respirando, estou vivo
Eu não estou bem
Eu não sei se vou ficar bem
Mas eu tenho que tentar
Eu sei que você está comigo, e se nós desmoronarmos?
Entregue tudo o que somos
E deixe todos os pedaços quebrados brilharem.
Broken Pieces Shine - Evanescence


LUNA

    As vísceras e os restos mortais da tal criatura de nome estranho percorriam o rosto de Deamhan, e o sorriso que crescia em seu rosto me assombrava. Ele parecia ter se divertido em partir uma "mulher" ao meio, literalmente. E parecia ainda mais divertido com o fato de fazê-la sofrer antes disso.

Eu o olhava, profundamente, estudava seus movimentos. Não sabia o que pensar, meu coração batia acelerado, completamente descontrolado.

Quem ele era, afinal?
Quão cruel poderia, de fato, ser?

Mas eu sabia que se Deamhan me olhasse de volta, eu recuaria na mesma hora. Encarei seu corpo se projetar para mais perto de onde a mulher permanecera ao longo de sua tortura. Suas mão se movimentaram pelo ar e parecia que ele iria dominar a atmosfera. Em frações de segundos todo o sangue e os restos mortais foram sumindo em névoa negra, enquanto os olhos de cores diferentes ficavam cada vez mais sombrios.

O rosto de Deamhan ficara um pouco mais pálido, e ele me olhou quando tudo desapareceu, inclusive de seu rosto. Mas o cabelo ainda estava molhado, só não possuía mais o líquido vermelho tão escuro, quase negro.

-Precisamos sair daqui. -Ele disse firme, sem se aproximar.

Diferente do que eu pensei, meus olhos não abandonaram ele, pelo contrário, eu parecia querer desvenda-lo com os olhos.

-Para onde?-Minha voz tremeu e soou mais fraca do que eu gostaria. Eu estava com medo e bem confusa, porquê a sensação de adrenalina causava um gélido arrepio pelo meu corpo, uma sensação que eu gostei. E o que eu mais temia não era a maldade de Deamhan, era eu ter gostado disso. Ele partia uma mulher ao meio e eu apenas pensava o quão gostoso ele ficava fazendo isso. O que está acontecendo comigo?

Tudo bem, eu nunca fui um exemplo de cidadã, mas eu respeitava a vida, então por que a vida daquela mulher não significou nada para mim?

-Eu não tenho muita energia agora, apenas o suficiente para um tele transporte que nos levará a um lugar seguro. -Foi tudo o que ele disse, antes de seguir até mim e eu recuar um passo para trás, automaticamente.

Um cheiro metálico invadiu minhas narinas e eu ainda sentia minha pele coçar um pouco, não sabia se era a ansiedade. Eu fui diagnosticada com o transtorno de ansiedade aos sete anos, e as vezes, quando as crises ficavam muito intensas meu corpo coçava.

Deamhan pareceu um pouco afetado, antes de assentir com a cabeça e sorrir de forma quase tão macabra quanto sorriu ao despedaçar a criatura de olhos brancos.

Me afastar dele não o alegrou, com certeza. Mas eu estava assustada com o que acabei de ver, e ainda mais com o que sentia sobre isso.

-Boa escolha, não confie em mim. -Ele cuspiu as palavras, de forma rude. Como se eu não acabasse de ver o que ele fez com aquela criatura. -Mas pior que um demônio ao seu encalço é um exército deles, criança.

Seus passos lentos vieram até mim, eu me sentia um coelho sendo caçado, seu sorriso perverso ainda brilhava em seu rosto e suor escorria das minhas têmporas.

-Se me fizer correr atrás de você, eu vou gostar. - A voz assustadora vibrou entre as matas. Ele parecia uma cobra pronta para dar o bote e eu engoli em seco, quando eu gostei de imaginar ele correndo atrás de mim, como ele fez minutos atrás, só que agora com muito mais adrenalina.

DeamhanOnde histórias criam vida. Descubra agora