Capítulo 30

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Eu posso apagar tudo o que você sabe.
Eu sou a morte e não estou sozinho.
V.A.N - Bad Omens, Poppy

DEAMHAN

   Mesmo com a chegada da primavera, ainda fazia frio na entrada da mansão onde os corvos prepararam o baile de Ostara. As paredes completamente negras eram em sua grande maioria cobertas por janelas amplas, não haviam paredes de pedras, não haviam fogueiras no quintal, nem ovos coloridos na decoração. Como eu previ, e partilhei com meus companheiros em nossa reunião, esse não é um baile de Ostara. E sim o baile do nosso funeral.

Antes de nos aproximarmos de todos que já ocupavam seus lugares em alguma parte daquele teatro muito mal planejado, dei uma última olhada em Lua. Minha garota estava embebida de mentiras, da ponta dos seus pés até o último fio no topo de sua cabeça. Mas ela estava lidando muito bem com isso.

Essa noite dançaremos com o diabo, não é? -Ela suspirou se olhando no espelho. Pronta para o baile, vestia o lindo vestido desenhado por ela e Peter que abraçava com perfeição suas curvas e deixava muito a vista na parte da frente. Ela estava linda, e eu só conseguia pensar que daria a ela meu último suspiro, tudo de mim.

Eu me aproximei com dois curtos passos, entrelacei nossos dedos e suqs costas se encostaram em meu peito, com a cabeça encostada em meu ombro já que estava mais alta com os enormes saltos de ouro, ela olhou para cima, fazendo nossos olhos se encontrarem. Prata no dourado. Gelo e fogo.

Eu sorri, malicioso e perverso, ansioso para interpretar um papel que nasceu para ser meu.

—Não, querida. -Sussurrei colocando uma mecha do seu cabelo atrás da orelha. —Essa noite seremos o diabo.

   Lua carregava um olhar mais curioso do que ansioso, enquanto olhava para a mansão e parecia perdida em seus pensamentos, mas ao mesmo tempo, atenta a qualquer coisa que pudesse acontecer. Ela estava em alerta. Pronta para a briga.

Os olhos de Lua não eram mais pratas, ela não seria a herdeira por um tempo. Essa seria uma parte da nossa brincadeira, especialmente para os corvos. Com os olhos cinzentos, Lua assumia sua forma humana, as orelhas redondas e estatura mais baixa do que dos últimos dias faziam me lembrar da diferença entre suas duas versões. A máscara dourada cobria grande parte do seu rosto, uma capa escura de cetim também cobria grande parte do vestido, como se aquilo tudo que ela mantinha adormecido embaixo da máscara e capa fossem a cereja do bolo, que ela deixará apenas para o final.

   Percebendo meu olhar sobre si, minha Lua me encara de volta e apenas pelos seus olhos eu consigo perceber que ela está me repreendendo por estar olhando-a demais. Garotinha insolente!

—Deam, melhor entrarmos. -Peter murmura da sua posição, atrás de mim, ele e seu marido cercavam a herdeira da noite. Indie, em uma forma encantada de sìthiche seria grande responsável pelo nosso entretenimento. Ela vestia o vestido mais extravagante, todo ele desenhado por Peter, completamente preto na parte de cima, e na debaixo, um degradê de brilho dourado passeava pelo vestido, enquanto carregava penas douradas em sua calda, ela parecia ter saído de uma festa gótica da Capital de Jogos Vorazes. Assim como todos os Corvos.

   O grande estilista por trás das criações que nos vestia aquela noite, possuía como sua vestimenta uma espécie de terno moderno que seguia o mesmo padrão de preto com dourado, mas conforme andava o preto se misturava com roxo e azul, assim como seu poder. Em seu rosto a máscara dourada cobria completamente a face, desde a boca até a testa, deixando de fora apenas buracos para seus olhos e seus cabelos pretos muito bem penteados.

DeamhanOnde histórias criam vida. Descubra agora