Capítulo 15

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Repetindo: "Oh, se ao menos"
Me desculpe, estou quebrado por todo o tempo que passei me enlouquecendo.
À deriva como se eu fosse óleo na água.
Eu juro que estou bem.
Apenas ouça as palavras que eu não digo.
Me desculpe pelos pensamentos que não contive.
Burn Down My House - Architects


DEAMHAN

    Eu buscava ar, buscava me controlar. Eu tentava pensar em qualquer coisa que não fosse as palavras de Alex, enquanto ele tentava se levantar em meios aos cacos de vidro e porcelana quebrados na sala de jantar.
 
Mas um barulho ainda maior do que o barulho do golpe que proferi em meu amigo, despertou toda a nossa atenção, antes mesmo que Alex pudesse falar algo.

Um grunhido de criatura soou junto a um leve tremor no chão e choque percorreu o rosto de Alex. O próximo barulho foi algo como uma pequena explosão, e em seguida, o barulho que mais me assustou: um grito.

    O grito de Luna ressoou por todo o local e fez chamas explodirem em meus olhos. Mais gritos surgiram, eram outras criaturas, seres mágicos e pareciam estar a volta do castelo. Eu nem mesmo olhei para Alex antes de, em segundos, me transportar para a direção onde parecia vir o grito de Luna: dos jardins que ficavam atrás do castelo.

Quando toda a escuridão de sombras e névoa escura que me cercava se dissipou e deu vista a plantação sendo iluminada pelo sol fraco daquela manhã, a primeira coisa que vi foi Luna jogada no chão, aos pés de um enorme pinheiro seco.

Eu corri até seu corpo gélido, ela tremia e balbuciava coisas, trancada no que parecia ser algum tipo de transe.

Eu só conseguia olhar para ela, era só ela que eu via em minha mente. Era apenas aquela dedicação sombria que eu despertava cada vez mais por ela. Eu não pensei em Alex que fora ferido por mim, eu não pensei em Peter, eu pensei apenas nela e em quem fez isso com ela. Eu o mataria, eu o torturaria com tanto prazer. Eu não cometeria o erro de uma morte rápida como fiz com aquela sìthiche desgraçada.

—Luna!-Minha voz vibrava o rouco animalesco. Minhas mãos grandes tocavam seu rosto redondo, implorando silenciosamente para que abrisse os olhos. Meu peito ardia, pulsava, ódio e vingança me chamavam. —Luna!

Mas ela continuava a balbuciar e tremer em meus braços.

—Ruas de pedras...ruas de pedra... Um homem de capuz preto... O badalar do sino... Um roncar profundo e agonizante... Ele está atrás de nós...-Ela murmurava sem parar, de olhos fechados com força, como se ela os apertasse. —Ruas de pedra, choro de criança, correr... Nós precisamos correr!

Eu a chacoalhei, fúria me queimava e eu apenas queria que ela abrisse a porra dos olhos.

—Luna, abra os olhos! -Eu apertava seus braços com força e implorava por sua resposta. Balancei seu corpo forte, tentando desperta-la.

E foi o que ela fez a seguir.

Seus olhos cinzentos tão profundos e intensos, prontos para me afogar, me encararam da forma mais hipnotizadora possível.

"Por que ela se tornou tão perfeita?" As sombras cochicharam em meus ouvidos. 
Eu me sentia ainda mais culpado ao olha-la com tanto sentimento.
Seus olhos estavam arregalados e pareciam perdidos enquanto me encaravam, seu corpo imóvel e duro. Ela parecia sob algum encantamento ainda.

Por favor, minha Lua. Volte para mim. 

—Lua. -Eu disse firme, porém em um tom mais baixo. —O que houve?

DeamhanOnde histórias criam vida. Descubra agora