Capítulo 16

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Eu poderia tentar!
Para ser a única, para ser a única.
Eu vou derrubar o céu!
O que você quer?
Eu vou fazer tudo pela vida
Meu amor
Meu álibi
Esta noite
Hoje a noite vou tentar fazer tudo por você.
God Complex - VIOLENT VIRA

LUNA

  Enquanto o gigante monstruoso se aproximava, eu não conseguia me mover. Eu estava incrédula.

Aquilo era mesmo a realidade?

Os gritos de Deamhan chamaram a minha atenção antes que eu pudesse me afundar em pensamentos. Ele sofria, gritava com dor e sofrimento, e eu, por um breve momento esqueci que estava na mira de um ser gigantesco, vendo meu protetor queimar por inteiro. Ele não estava mais controlando o fogo, o fogo estava consumindo Deamhan.

Sua pele queimou, ardeu em chamas por longos segundos, enquanto eu gritava e implorava pelo seu nome. Alex mantinha as mãos na cabeça de Deam, enquanto as sombras dele atravessavam meu protetor. Ele gritava palavras no que parecia ser aquele idioma do mundo deles.

Do nosso mundo. Minha mente me lembrou.

Mas Alex não se demorou próximo a Deam, porquê uma enorme força mágica o arremessou para longe.

Deamhan queimava ainda mais forte agora e eu senti o medo me dominando, enquanto ele parecia uma estrela explodindo. Pronto para destruir uma galáxia.

Ele iria morrer?

Ele não pode morrer por seu próprio fogo, certo?

Morrer eu não sei, mas aquilo o feria, de forma que eu nunca tinha visto ele se ferir antes. E quando o gigantesco monstro estava quase me alcançando, o poder de Peter surgiu, o enviando para longe em um empurrão mágico.

—Deamhan!- Meu grito rasgou minha garganta de forma brutal, eu estava horrorizada, eu não queria perde-lo. Eu não posso perde-lo. Ele sobreviveria, certo?

Enquanto chorava e gritava por Deam, Peter me puxou, estava atrás de mim e eu nem mesmo percebi sua chegada. Seu poder roxo com fios de luz azul me atingiu no momento em que o gigante reduzia ainda mais nossa distância, que era algo perto de cinquenta metros quando eu senti as mãos de Peter. Sua magia fez meu estômago revirar mais e mais e eu senti um vômito preso em minha garganta, enquanto tudo o que eu vi se tornou uma enorme névoa da cor do poder de Peter. Os gritos de Deamhan estavam longe agora, e eram abafados, me fazendo chorar mais forte. Não queria que ele me visse chorando, mas desde que apareceu pra mim isso aconteceu com mais frequência que o habitual.

   Nunca fui de demonstrar fraquezas na frente de ninguém, mas quando se tratava de Deamhan, o que adiantaria? Quando eu era mais nova e segurava o choro na frente das pessoas, eu corria para qualquer canto que estivesse só eu e minhas "amigas sombras" para chorar. Então todos esses anos, ele viu o quão fraca eu era.

Por favor, Deamhan não me deixe. Minha mente suplicava.
Por favor, eu preciso de você.

Sem nem perceber, uma memória me atingiu em meio aquele momento. Meu aniversário de dez anos atingiu minha mente.

   Dulce havia preparado um bolo, mas as crianças do orfanato não queriam cantar parabéns para mim. Apenas me encaravam com tédio, elas não gostavam de mim, por eu ser calada demais e por Dulce parecer mais próxima a mim. Claramente, estavam naquela salinha obrigadas. Dulce tinha reservado uma das salas vazias do orfanato para o bolinho que preparou. As sombras dele, que sempre estavam comigo, sussurraram em meu ouvido. A voz tão grave, a sua voz, ainda mais intensa, e em meio a tanto poder, eu senti, em uma das raras vezes da minha vida, algum tipo de carinho.

DeamhanOnde histórias criam vida. Descubra agora