Capítulo 11

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Eu estaria mentindo se te contasse que
Eu não queria poder ser seu homem
Ou talvez fazer uma boa garota ser má
Eu tenho um rio correndo direto para você
Eu tenho um rastro de sangue, vermelho no azul
Algo que você diz ou algo que você faz
O sabor do divino
Você tem meu corpo, carne e osso
O céu acima, a terra abaixo
Nada a dizer e nenhum lugar para ir
Um sabor do divino
The Summoning - Sleep Token

DEAMHAN

    Eu subi as escadas puxando Luna que carregava sua taça de vinho em uma mão e mastigava um pouco de queijo na outra mão. As escadas pareciam não ter fim e quando finalmente chegamos ela travou na porta de entrada ao observar as inúmeras sacolas.

—Quanta coisa. -Um suspiro deixou sua boca.

Eu sabia que ela tinha gostado de me ver querendo mima-la. Luna não era o tipo que se fazia de humilde, porquê ela sempre foi humilde sem opção, então sempre que podia usufruir de algo melhor, ela fazia. Mesmo que isso significasse ela ficar com dívidas em seu cartão de crédito de baixo limite. Ela havia conseguido um emprego não tão perto do orfanato, em uma cafeteria e livraria que pagava uma merreca. Apenas o suficiente para ela dizer que ganhava algo. Mas também trabalhava bem pouco. Mas com a faculdade, Luna teve que sair do emprego, já que iria estudar em outra cidade. Então agora sua única preocupação era falar com Dulce.

—Eu não trouxe muitas coisas, na verdade. -Afirmei a observando beber o vinho de novo, ela ficava bem sexy descabelada, com minhas roupas e uma taça de vinho na mão. —Eu não sabia suas preferências e não quis te levar para te dar um tempo para pensar.

Eu a puxei para dentro do cômodo, e dessa vez tranquei a porta o que a fez me olhar um pouco estranho antes de sorrir e levar a taça até a boca novamente. Eu fechei a porta, mas ela quem me deixava com medo me olhando daquele jeito. Larguei a força mágica que prendia meu corpo e com as sombras se soltando, senti minhas orelhas dormentes por algum tempo.

As sombras correram para Luna, que com a mão vazia, as tocou. Era tão graciosa a forma que ela parecia agora, tocando as sombras com um enorme sorriso no rosto. O seu cheiro me invadiu e eu tive que me enjaular muito mais do que antes para não me ajoelhar até ela e beijar sua boceta gostosa.

Corri até a cama, como um rato foge de um gato, querendo usar as compras como fuga para me distrair dos meus pensamentos e do apertar em minhas calças.

—Venha ver. -Eu tirava tudo da sacola com pressa. —Vou fazer um cartão para você, então poderá ir as compras frequentemente, com algum segurança, claro. Mas, por enquanto pode usar o meu. Eu ainda tenho que contratar alguém para sua segurança.

—Segurança? -Ela apoiou a taça na mesa de cabeceira antes de me olhar com seus olhos repressores. —Não acha que isso é demais? Podemos ir juntos.

Eu iria surtar com ela me querendo por perto quando eu tentava lhe dar algum espaço, que ela não teve durante esses dezoito anos. Eu gostava, tanto quanto temia, desse sentimento de necessidade de aproximação que parecia vir dela. Culpa me atingiu novamente, e esse sentimento é o que me segura de correr até Luna e toma-la para mim de uma vez, sem remorso. Por um minuto eu desejei isso, não ter remorso, sem culpa. 

Mesmo me tendo perto por anos, mesmo sabendo que eu sempre a observei, ela não parecia querer me ver longe e isso me despertava tanto desejo, que era impossível controlar.

—Faremos assim então. Como quiser. -Eu disse como um cachorrinho abobado e sentei na cama me encostando na cabeceira para descansar um pouco, enquanto as compras estavam mais para o final da cama, na ponta.

DeamhanOnde histórias criam vida. Descubra agora