Capítulo 29

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Vou Deixar Bilhetes Para Você
Vou deixar bilhetes para você
Por baixo da sua porta
Sob a Lua que canta
Bem perto do lugar onde seus pés passam
Escondido nos tempos difíceis de inverno
E quando você estiver sozinha por um instante
Me beije
Sempre que você quiser
Je Te Laisserai Des Mots - Patrick Watson

DEAMHAN 

     Foi difícil tirá-la da cama. Mas após muitas mordidas, brincadeiras e promessas de que eu a compensaria mais tarde, ela resolveu obedecer e se arrumar para sairmos.

Afinal, ainda era seu aniversário e eu pensei em levá-la para conhecer algum lugar inusitado, antes de completarmos a missão no Baile dos Corvos.

E não foi fácil organizar tudo de última hora, mas deu certo graças aos nossos amigos, que se importavam muito em fazer o dia de Lua tão especial quanto ela merecia.

  Assim que acordou do sono de duas horas que teve, minha Deusa retornou as chamadas perdidas da irmã Dulce. Lua quase não ficava com o telefone por perto já que estava sempre treinando ou estudando e, mesmo dando um espaço para que ambas pudessem conversar a vontade, foi perceptível, quando voltei ao quarto longos minutos depois, que Lua tinha ficado emocionada com a conversa. Os olhos marejados e vermelhos indicavam que ela chorou, o que fez meu peito se apertar. Ela provavelmente sentia falta de Dulce, e eu planejava organizar um encontro entre as duas assim que possível, mas temia com o futuro de ambas. Por mais que houvesse algumas brechas que deixamos abertas para que Lua possa viver o mais conectada possível com os dois mundo a que pertencia, ela ainda assim era a herdeira do trono, e se fosse o reinvindicar, a Terra seria um mundo difícil de visitar.

   Quando finalmente ela pareceu estar acabando de se arrumar, vestia um conjunto de cashmere e seda compostos por um cardigã e uma mini saia, ambos azuis bem escuro (quase preto), com detalhes de tom bege nas laterais e em alguns pontos da roupa. Botões dourados enfeitavam a parte da frente do cardigã cropped de gola redonda, enquanto na mini saia haviam dois pequenos bolsos na parte da frente, onde os botões dourados faziam um toque final.

Enquanto eu a olhava sem piscar, Lua terminava de arrumar seus cabelos que já pareciam perfeitos para mim e eu apenas permaneci quieto a esperando, e observando o quão bonita ela estava vestindo tão pouca roupa. Peter deu essa roupa pra ela ou ela mesma comprou? A saia curtíssima e o cropped deixavam muito de sua pele exposta, e por mais que eu estivesse muito contente que ela se sentisse segura com o corpo para vestir algo que o mostrasse (o que não era comum há meses atrás), eu não poderia deixar de desejar enfiar minhas mãos embaixo daquele tecido curto.

Quando ela se virou para pegar algo numa bolsa de maquiagem, notei que na parte traseira superior das duas peças havia o logotipo da marca bordada também em bege, e, ao se abaixar eu me senti em combustão com o tecido da saia se levantando deixando mais da sua pele a mostra bem a minha frente.

Lua percebeu meu olhar atento sobre ela, o que a fez se virar para mim e me olhar com uma sobrancelha erguida ao meu estranho semblante de que poderia come-la ali mesmo. E eu me segurei como nunca para não fazer justamente isso. Meu maxilar doía de tanto que o apertei junto ao oxigênio em meus pulmões.

Lua sorriu de algo que pensou, e voltou a olhar para seu reflexo aplicando um batom rosa meio queimado que dava um ar natural a cor da sua boca, enquanto eu ainda tentava equilibrar minha respiração.

Quando se virou novamente para mim parecia ter finalizado, e para completar o visual, ela vestia uma bota bege que cobria toda a sua canela até a altura do joelho, que era a parte mais coberta de seu corpo naquele momento. Os cabelos estavam soltos e partidos para um lado enquanto no outro lado da cabeça duas presilhas douradas enfeitavam os fios.

DeamhanOnde histórias criam vida. Descubra agora