COLD BLOOD [3]

• Capítulo Vinte-Nove - Esse é seu destino se tomar esse rumo

• JUSTIN BIEBER •
— Toronto, Canadá.

Essa situação inteira era uma merda.

Ariana havia deixado a mesa do café da manhã para ir até o quarto do Trevor e por mais que os dois estejam sobre o meu teto, como eu poderia fazer algo para impedi-la sem que todo mundo pudesse ver o que eu sinto.

E porra, como eu ainda posso sentir algo por ela depois de tudo o que ela me fez?

A pior parte nisso tudo é que por mais que eu veja muitas vezes nela a Ariana que eu conheci um dia — ou talvez, achei que conhecia — é que a minha razão grita que eu não posso acreditar nela porque parece que ela sempre espera o meu momento mais vulnerável para atacar.

E como ela pode me comparar com o Jeremy?

Ele nunca foi um pai, sempre foi um líder que me tinha como um soldado, alguém para ser melhor que ele e não cometer os mesmos erros. Eu já fui um pai melhor do que ele foi para mim em um milhão de anos.

— Vocês precisam parar com isso! — Emily briga comigo. — Você não vê que isso faz mal para o bebê, que é seu filho.

— Eu estou tentando, caralho.

— Não parece que está tentando merda nenhuma. — Emily revira os olhos. — Todas essas discussões de vocês, isso não é hora e nem lugar, ela está no primeiro trimestre e essa é a fase mais delicada de uma gravidez, será que você não entende isso?

— Desculpa.

— Não tem que pedir desculpas a mim, tem que pedir a ela. — Emily bufa.

— Nem fodendo que eu vou me desculpar com ela. — Estou irredutível. — Ela mal se desculpou comigo depois de tudo o que fez.

— Que seja. — Emily se rende. — Sei que você está magoado com ela, mas ataca-la quando ela carrega o seu filho não é uma forma muito inteligente de agir!

— Eu já entendi, Emily. — Digo, cansado desse sermão.

— Será que você não pode pensar em propor uma trégua com ela? — Emily indaga. — Até ela ter esse bebê.

— Eu vou pensar nisso quando a médica me disser que ela está realmente grávida, até lá o único combinado é que se ela estiver mentindo para mim de novo, eu vou fazer questão de meter uma bala na cabeça dela.

— Eu não tenho dúvidas de que ela está grávida. — Emily suspira. — Mas, tudo bem, cada um no seu tempo.

— E o que você pretende fazer depois que ela ter o bebê? — Chaz pergunta, com cautela. — Pretende mesmo mata-la?

A verdade é que tantas coisas andam acontecendo ao mesmo tempo que eu sequer consigo ter uma resposta concreta sobre como me sinto, porque quando penso em tudo o que eu vivi com a Ariana, eu não tenho dúvidas de que eu amo como nunca amei nenhuma outra mulher antes e como nunca vou amar outra.

Mas, quando penso em tudo o que ela fez passar, em como atuou na minha casa durante um ano, como atirou em mim e depois me traiu dessa forma quando eu lhe dei uma segunda chance, tentou me colocar na cadeia pela vida no crime e depois destruir a minha reputação, eu tenho certeza de que eu a odeio.

Eu fui até aquele lugar decidido a acabar com tudo isso, não importava o que iria acontecer comigo ou se me custasse tudo, mas o fato dela me dizer que está grávida mudou tudo. E eu nem sei se posso confiar nela quanto a isso, mas pelo menos, vou ter a resposta em breve.

A questão é que eu não sei o que eu vou fazer daqui pra frente, eu não sei como vai ser a nossa realidade vivendo sob o mesmo teto e convivendo com todos os erros e traições constantemente, tendo que estar numa trégua por causa desse filho.

Tudo isso parece demais para mim, porque eu me sinto mais quebrado do que nunca e não sei nem como começar a me consertar. Eu sempre achei que ela fosse ser a resposta, fosse ser a minha esperança, mas não sei mais como acreditar nisso depois que ela só foi a minha ruína.

— Eu não sei. — Sou sincero.

— Não é possível que esteja mesmo cogitando fazer isso. — Emily me olha, chocada. — Não pode estar falando sério.

— Eu disse que eu não sei.

— Mas eu esperava esperando um não, alto e claro. — Emily balança a cabeça em tom de negação. — Eu sei o que ela fez, foi cruel, foi baixo e você está machucado, mas isso justifica matar a mãe do seu filho?

Fico em silêncio.

— Sei que o Christian vai ser a favor disso e o Ryan talvez fique em cima do muro, mas acho que quanto a isso você tem que pensar em mais coisas do que o que ela fez com você. — Chaz diz, calmamente. — Nós crescemos assim, sem mãe, abandonados e olha o que nós nos tornamos, Justin.

— Ele vai ter a mim.

— Tem certeza que isso vai ser o bastante? — Chaz me olha nos olhos. — Como acha que ele vai se sentir sabendo que o pai executou a mãe dele?

— Ele não precisa saber.

— É essa vida mesmo que você quer dar ao seu filho, Justin? — Emily parece chocada. — Eu já vi você fazer coisas horríveis, mas essa com certeza seria a pior de todas.

— Como você se sentiria sabendo que o seu pai matou a sua mãe? — Chaz indaga. — Pensa um pouco.

— Eu o mataria.

— Então pense que esse é o seu destino se tomar esse rumo. — Chaz suspira.

— Você está magoado e está falando da boca para fora. — Emily me olha. — Eu te conheço e você não é assim, pode até estar magoado, mas não quer a vida que teve para o seu filho, não quer que ele cresça sem uma mãe como você cresceu.

Parte de mim odiava a Ariana como acho que nunca fui capaz de odiar alguém — com exceção do Zokov, que matou a minha mãe e do Arthur que causou a morte do meu filho — mas parte de mim também a amava como eu nunca amei alguém e eu ainda não sabia qual parte disso era mais forte.

Mas de uma coisa eu sabia, jamais condenaria o meu filho a ter a vida que eu tive, sem uma mãe, se eu posso dar isso a ele.

— Vocês tem razão. — Eu digo, por vencido. — Não poderia fazer isso com o meu filho, ele merece mais do que eu tive e eu vou dar isso a ele.