COLD BLOOD [3]

• Capítulo Sessenta-Cinco - Preciso que seja a rainha

• ARIANA GRANDE •
— Moscou, Rússia.

Os dias pareceram passar devagar e apesar de ter muita coisa para ser processada por mim, Zokov — o qual eu ainda não conseguia chamar de pai — e a Angel estavam fazendo de tudo para que eu me sentisse em casa.

Mas eu ainda não podia negar o quão estranho tudo isso ainda era para mim, afinal, a minha vida mudou totalmente novamente e de uma hora para outra. Eu ainda não havia tido tempo para pensar em tudo, principalmente no que houve entre mim e o Justin.

— Hum. — Zokov limpa sua garganta, atraindo a minha atenção durante o café da manhã. — Eu queria te dizer que marquei um exame de rotina para você, sei que passou por muita coisa até estar aqui e eu só quero garantir que seu bebê está seguro e bem.

— Obrigada. — Eu sorrio, abertamente.

— Eu posso te acompanhar se você quiser. — Angel se oferece. — E não só no exame.

— O que quer dizer?

— Você em breve saberá o sexo do bebê, não acha que poderíamos começar a preparar o enxoval? — Ela parece animada.

Conversei tanto disso com a Emily e com o Justin, sobre como faríamos isso juntos. E agora a realidade é bastante diferente e eu vou ter que fazer isso sem nenhum dos dois.

— Claro. — Tento sorrir.

— Fico feliz em saber que vocês duas estão se dando bem. — Zokov sorri enquanto se levanta da mesa. — Agora eu tenho que ir trabalhar, qualquer coisa que vocês precisem, me avisem.

Ele se aproxima de mim e da Angel e respectivamente nos deposita um beijo na testa antes de se afastar.

— Sabe que eu estou tentando, não sabe? — Angel me olha nos olhos depois que ele deixa a cozinha. — E isso não é pelo papai, é por mim.

— Você não precisava de uma irmã, Angel, ainda menos que ela fosse eu.— Eu a lembro, calmamente. — Pelo o quê eu me lembro, você estava bem sozinha e fui eu quem destruiu a sua relação com o Aaron.

— Não guardo mágoas. — Ela me diz, com simplicidade. — Eu admito que tentei fazer isso com você e o Justin quando cheguei na sua casa.

— Eu conhecia a história de vocês, foi uma merda te ver parada ali na minha porta. — Sou sincera. — Justin travou e a Caitlin me convenceu que ele me deixaria por você, isso foi o que quase custou a nossa relação.

— Eu não menti quando eu te disse que esse mundo não era para mim, você sabe que tudo o que eu disse era verdade, nós perdemos demais e nunca estamos seguros. — Ela balança a cabeça em tom de negação. — Isso se torna um ciclo vicioso que só acaba quando você morre.

— Você já me disse isso naquele dia e eu concordo. — Olho em seus olhos.

— Eu falei a verdade quando falei sobre mim, mas eu definitivamente estava errada sobre você. — Ela suspira pesado. — Você não é como eu, Ariana, você sim nasceu para esse mundo.

— Por que acha isso? — Eu ri, sem humor.

— Você escolheu esse mundo e não eu. — Ela diz, como se fosse óbvio. — Você pode ter nascido de pessoas que estavam nesse mundo, mas sua mãe garantiu que você não ficasse no meio do fogo cruzado coisa que eu sempre estive, ela te tirou do meio de tudo isso e foi escolha sua voltar ao jogo.

Eu fico em silêncio.

— Você decidiu continuar o ciclo que foi iniciado muito tempo antes de você nascer, você escolheu um alvo e executou o seu plano, eu jamais teria capacidade para fazer algo desse modo, tanto que tudo o que aconteceu na sua casa naquele dia foi o Arthur que me guiou. — Ela me conta. — Você não teria chegado tão longe se não tivesse nascido para isso, acredite, eu já vi muitas pessoas tentarem nesse mundo e fracassarem.

— Eu não quero essa vida para o meu bebê. — Sou direta. — Não importa que eu tenha vocação para esse mundo.

— Você está agindo como sua mãe agiu no passado e me diga se você espera um resultado diferente do que o dela? — Angel me olhou profundamente e eu engoli seco. — O único modo de sair desse jogo é morta, por que acha que eu passei tanto tempo fingindo estar?

Eu fico em silêncio.

— Assim como sua mãe, você começou isso muito tempo atrás e o jogo nesse mundo nunca acaba. — Angel segura a minha mão. — Eu não tive como proteger o bebê que eu esperava porque eu não sou como você, mas você pode proteger o seu bebê e para se proteger alguém, você precisa de poder.

Eu finalmente havia entendido o que ela estava querendo me dizer.

Minha mãe decidiu largar o Zokov — mesmo o amando — como se isso fosse tirar a arma da cabeça dela, mas o que aconteceu de verdade foi que ela garantiu sua sentença de morte, afinal, agora ela não tinha alguém tão poderoso para protege-la.

É estranho pensar o quanto podemos repetir os erros dos nossos pais, porque eu fiz exatamente a mesma coisa, achei que se eu traisse o Justin e me afastasse dele e desse mundo, eu garantiria que meu bebê estivesse a salvo mas com essa situação, a única certeza que eu ganhei foi que Justin agora também era meu inimigo e eu teria que proteger o meu bebê até mesmo dele.

Eu tive as melhores das intenções como a minha mãe, mas eu só consegui piorar tudo.

— A única coisa capaz de proteger quem a gente ama é o poder. — Eu concluo. — E se eu quiser manter o meu bebê a salvo, eu não posso ser só a Ariana que vai ter um filho, eu preciso ser novamente uma rainha.

— Meu pai me contou o que aconteceu e em que circunstâncias te tirou da casa do Justin. — Ela respira fundo. — Sei que você não quer ouvir isso, mas você precisa se preparar porque eu tenho certeza que ele virá atrás de você.

— Sempre soube que o nosso destino final seria em lados opostos, acho que eu só queria acreditar que não seria assim. — Sorrio triste. — Conheço ele o suficiente para saber que ele não vai desistir e ele não vai vir até aqui para uma conversa, ele vem para uma execução.

— Você sabe que pode contar comigo para o que precisar.

— Obrigada, Angel. — Eu a puxo para um abraço. — Você também.

— Agora eu preciso que você seja a rainha, para o seu bem e a do meu sobrinho. — Ela sorri colocando a mão na minha barriga após sair do abraço.

— Não se preocupe, eu serei.