• Capítulo Cinquenta-Sete - Humilhada

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• ARIANA GRANDE •
— Toronto, Canadá.

As luzes solares começaram a me incomodar, então foi quando eu tateei o lado em que Justin estava dormindo na noite passada e só encontrei o vazio. Me sentei na cama, ainda com um sorriso bobo nos lábios, me lembrando da noite passada em que apesar de ter começado sendo um completo caos, no fim teve uma reconciliação.

Por hora, isso era o que bastava.

Eu não poderia dizer que estava feliz por trazido novamente a tona toda aquela desconfiança de mim e pior que isso aconteceu no momento em que eu estou o mais sincera que consigo, mas saber que ele havia tomado a atitude — mesmo que demorada — de vir até aqui tentar consertar as coisas, me fez ficar aliviada porque isso significava que ele se importava também.

— Ariana?

O tom de voz suave da Emily atrás da porta ainda fechada do meu quarto chama a minha atenção me tirando dos meus devaneios.

— Pode entrar, Emily. — Digo, sorridente.

A porta é aberta revelando minha melhor amiga, que no primeiro impacto parece não entender a minha felicidade.

— Você está bem?

— Justin e eu nos resolvemos. — Eu conto a ela, feliz. — Ele veio até aqui ontem me pedir desculpas e passamos a noite juntos.

— Transou com ele depois de tudo o que aquele babaca falou? — Ela ergue a sobrancelha.

— Sei que você está tentando me proteger e eu agradeço demais por isso, sério. — Suspiro, tentando me manter feliz. — Mas eu errei demais com ele, sei que ainda estamos em processo de cura por mais que estejamos tentando.

— Você não precisa despejar toda a culpa em cima dos seus erros que ficaram no passado para tentar justificar o que o Justin faz. — Ela respira fundo, tentando se conter. — Ele pode acabar abusando disso para se justificar quando ele só quer ser um babaca.

— Tudo bem, eu entendo isso. — Tento sorrir.

Ela tinha razão e não havia como eu rebater isso, eu já havia me desculpado, feito tudo o que eu podia para provar que eu mudei ao mesmo tempo em que estava tentando desfazer a imagem horrível que ele tinha sobre mim. Não há mais o que eu possa fazer, ele precisa decidir se vai ou não acreditar em mim de verdade.

Não é justo comigo ficar no meio dos altos e baixos do Justin.

— Sabe que só estou falando isso porque me preocupo com você. — Ela tenta sorrir. — Mas não vim até aqui para te dar um sermão, mas sim porque Justin quer te ver.

— Por que ele mesmo não veio me chamar? — Franzo a testa, sem entender. — E o que ele quer?

— Encontrei ele no corredor e ele pediu para que eu viesse até aqui te chamar. — Ela dá os ombros. — Não me disse o que ele quer e olha que eu perguntei.

— Onde ele está? — Indago.

— No quarto dele.

— Tudo bem. — Saio da cama e calço os meus chinelos.

— Depois me conta tudo. — Ela me lança uma risada.

— Pode deixar. — É a última coisa que eu digo antes de sair do meu quarto.

Caminho em passos rápidos até o quarto do Justin e quando abro a porta, sinto o meu coração acelerar e a confusão tomar conta de mim.

O que está acontecendo aqui?

Justin está aqui, assim como Christian e um cara estranho vestido de branco. O quarto está diferente desde a última vez que estive aqui, agora ele está cheio de equipamentos, os que eu conheço, afinal são os mesmos usados para os meus exames regulares por causa da gravidez.

— Que bom que você chegou. — Justin tem seus olhos em mim.

— O que está acontecendo? — Não entendo. — O que o Christian e esse homem estão fazendo aqui?

Christian passa por mim sem me olhar e fecha a porta atrás de mim.

— Esse é o seu novo doutor, ele vai te examinar hoje. — Justin explica.

— E por quê? — Eu quis saber. — Eu achei que estava tudo certo com a minha antiga doutora, tanto que até a Emily estava planejando ser atendida por ela.

— Porque eu decidi. — Justin tem um tom sério e um olhar frio. — Achei aquela doutora suspeita e conveniente demais, só quero garantir.

— Garantir o que? — Eu perguntei, mas só precisei de alguns segundos para entender o que ele estava querendo dizer. — Que eu estou mesmo grávida.

— Ótimo que você entendeu. — Ele suspira. — Então agora pode se deitar?

Meus olhos se encheram de lágrimas enquanto eu fiz o que ele havia me pedido, sabia que causar uma enorme confusão por causa disso tornaria tudo ainda pior para nós.

Mas agora eu havia entendido tudo de verdade, Justin não havia ido ao meu quarto ontem para que a gente se resolvesse, ele não havia pensado melhor e decidido dar uma chance para nós. Ele queria uma última transa antes de mostrar para mim e para o resto das pessoas dessa casa que ele não confiava em mim.

As lágrimas escorrem pelo meu rosto enquanto me deixo ser examinada por aquele médico desconhecido, na presença do cara que me odeia e do homem que eu achei que realmente me amava e que estava disposto a tentar.

Eu definitivamente me sinto humilhada aqui e mais vulnerável do que nunca.

— Terminamos. — O médico me estende algumas folhas de papel para que eu me limpe.

Eu não tenho ideia de quanto tempo esse exame durou, só sei que eu odiei cada segundo e agora eu sinto o gosto amargo na boca de ser traída pelo homem que eu amo.

— E então? — Minha voz soa trêmula.

Eu sei que eu estou grávida, sei que não estou mentindo para o Justin e que eu estou jogando limpo aqui em cada palavra que digo e em cada atitude que eu tomo. Mas quero que ele escute desse médico, se é disso que ele precisa.

E independente do que for o que ele tem a me dizer depois de escutar a verdade de outro profissional já que ele exigiu isso, espero que ele saiba que qualquer chance entre nós acabou.

— Vamos até a outra sala. — Christin diz.

Os três deixam o quarto e eu sou deixada ali sozinha, para trás, fazendo eu me sentir ainda mais humilhada.

COLD BLOOD [3]Onde histórias criam vida. Descubra agora