COLD BLOOD [3]

• Capítulo Cinquenta-Um - Mentira machuca, verdade pode te destruir

• ARIANA GRANDE •
— Toronto, Canadá.

Justin estava trancafiado no escritório com os meninos bolando uma estratégia para que pudéssemos sair de casa em segurança para irmos até o programa da Abigail e principalmente, criando uma história digna que fizesse com que a imagem de Justin ficasse limpa perante a sociedade, mas sem sujar a minha.

Emily não estava muito bem por causa dos inúmeros enjoos que ela sentia — e nesse aspecto agradeço pela minha gravidez ser a mais tranquila possível, eu não sinto absolutamente nada — e como o Trevor foi embora, não há nada que eu possa fazer nessa enorme casa.

Justin está se mostrando ser tão incrível comigo, ele está realmente empenhado em nós fazer dar certo tanto que está me mantendo por dentro de tudo o que se passa dentro dessa casa e do mundo da máfia porque eu definitivamente voltei a ser a senhora Bieber e dessa vez, queremos fazer a nossa relação dar certo, ou seja, sem segredos ou omissões.

E por mais que eu esteja amando que tudo esteja tão bem entre nós, há algo me incomodando e obviamente é o fato de que eu ainda estou escondendo algo do meu marido. Sei que a notícia de que Vladimir Zokov está aqui o abalou e não apenas porque ele pode ser uma ameaça para nós, mas sim porque fizemos com que ele acreditasse que esse homem é o assassino de sua mãe.

Estou vivendo uma situação terrível quando se trata desse segredo, afinal, dizer a ele que Jeremy é o responsável pela morte de sua mãe abalaria a nossa relação, porque primeiro ele saberia que eu menti para ele sobre isso durante muito tempo e segundo porque ele pode simplesmente não acreditar em mim, pode achar que isso não passa de um plano meu para que ele aceite tranquilamente que eu mate o seu pai e dê um fim a minha vingança que nos colocou um no caminho do outro.

A nossa conversa havia sido bem esclarecedora, sempre cometemos os mesmos erros repetidas vezes, nós sempre mentimos, traimos e depois achamos um jeito de tentar arrumar toda essa bagunça que causamos um ao outro. Mas agora, Justin parece estar realmente limpo do lado da história e eu estou aqui carregando esse peso enquanto me sinto de mãos atadas.

Não quero contar a ele, mas sinto que eu deveria.

O telefone toca na cabeceira da enorme cama do nosso quarto e eu me inclino o suficiente para alcança-lo.

— Alô?

— Ariana, meu Deus, como é bom ouvir a sua voz. — Reconheço de imediato a voz do meu pai. — Me diga que você está bem.

— Só agora você lembrou que tem uma filha, papai? — Debocho.

— Você queria que eu fizesse o que dos Estados Unidos, estou apenas seguindo as suas ordens. — Ele se defende prontamente. — Se houvesse qualquer sinal de que você estava morta, eu executaria o Jeremy e iria atrás do Justin.

— A morte do Jeremy não é mais a minha prioridade. — Reviro os olhos. — E o que te fez criar coragem para ligar aqui?

— Trevor me ligou agora a pouco e me contou o que aconteceu. — Ele suspira. — De prisioneira a escolher ficar aí quando Justin te liberou, o que houve?

— Preciso que seja o meu pai agora e não o homem que precisou de mim para buscar vingança contra a morte da esposa. — Mordo meu lábio inferior, um pouco apreensiva.

Embora eu saiba que independente se ele não me apoiar, eu vou fazer o que eu quiser.

— O que houve, Ariana? — Ele pergunta, num de voz calmo. — Você sabe que eu sempre serei o seu pai, independente de qualquer coisa eu te amo.

— Justin e eu brigamos muito, mas acho que conseguimos finalmente chegar a algum lugar bom, sabe? — Conto a ele. — Resolvemos as nossas diferenças na medida do possível e estamos indo devagar, um tijolo por vez, você sabe como voltar a confiar em alguém 100% pode ser difícil, mas ele está se dedicando e eu também estou.

— Então isso quer dizer que você escolheu ficar por que vocês estão juntos novamente. — Meu pai conclui.

— Sim.

— Acha que ele pode estar brincando com você de alguma forma? — Ele indaga. — Sei que você quer apoio, mas você não pode me julgar por perguntar.

— Sei que está preocupado comigo, mas se quer mesmo saber, não acho que o que estamos vivendo seja um jogo. — Eu suspiro, tentando levar isso numa boa. — Ele ficou até contra o Christian para me defender, está fazendo de tudo para que eu me sinta bem aqui, como se fosse a minha casa também e mesmo que isso ainda não fosse o suficiente, ele se importa demais com o nosso bebê e isso definitivamente basta.

— E você está feliz?

— Estou, pai. — Não hesito. — Como eu não estava há muito tempo, antes eu estava segurando a barra ou sei lá, apenas tentando.

— Você já é uma mulher crescida e sabe muito bem o que faz, você é muito forte e sei muito bem do seu potencial. — Ele me diz, fazendo meus olhos se encherem de lágrimas. — Então se você está me dizendo que pode confiar no Justin, sei que realmente pode e principalmente, se você está feliz é isso que importa para mim.

— Obrigada, pai. — Minha voz soa chorosa.

— Não é para você chorar. — Ele me repreende.

— São os hormônios, estou bem mais sensível que o normal. — Eu ri. — E você estava sendo tão fofo, acabou com o clima.

— Eu sempre sou um doce com você, menos quando estava fingindo te vender para o Justin. — Ele ri, mas seu tom logo volta a ficar sério. — Você contou a verdade a ele?

Ele não precisava dizer, eu sabia do que ele estava falando.

— Eu não tive coragem.

— Vou te apoiar no que você decidir fazer, é importante que você saiba disso. — Agora meu pai quem suspira. — Mas, se quer um conselho, deixa isso no passado o quanto você puder.

— Acha melhor que eu não conte a ele?

— Mentiras são perigosas, filha. — Ele murmura. — Mas você nunca imaginou o peso das verdades.

— O que quer dizer com isso? — Franzo a testa.

— Escondemos a verdade para proteger aqueles que amamos, porque a mentira machuca, mas a verdade pode te destruir. — Ele parece engolir seco. — Eu sei que você não quer destruir a visão que ele tem do pai dele, uma que já não é muito boa por sinal, sei que não quer machucar ele, então talvez um dia ele entenda que você mentiu por amor.

Ao contrário do que eu esperava, essa conversa com o meu pai me deixou ainda com mais dúvidas do que com certezas.

Eu definitivamente não sei o que fazer.