COLD BLOOD [3]

• Capítulo Sessenta-Nove - Pode me pedir qualquer coisa

• JUSTIN BIEBER •
— Toronto, Canadá.

O meu escritório nunca esteve tão caótico quanto ele está agora, e acho que só está nessa situação porque eu me recuso a sair daqui. Há muita coisa em mim que preciso curar, por mais que doa admitir isso e como não sei por onde começar, eu prefiro me afogar em qualquer coisa que me tire um pouco do foco e isso inclui beber até cair e trabalhar até a minha cabeça doer.

Eu preciso achar uma forma de invadir a Rússia e acabar com a Ariana e com o Zokov, matar dois coelhos numa cajadada só.

Mas agora, olhando para essa roupinha de bebê — aquela que a Ariana alegou comprar branca por não saber o sexo do bebê — ela parece zombar ainda mais de mim, porque eu sei que isso tudo não passou de uma manipulação por parte dela, e a pior parte é que eu me deixei levar por ela como todas as outras vezes.

Mas, estar com isso nas mãos me faz inevitavelmente pensar em como seriam as coisas se ela estivesse mesmo grávida ou até mesmo se não tivéssemos perdido aquele bebê. Me pergunto se as coisas teriam sido diferentes ou se no final do jogo os resultados ainda seriam iguais, com nós dois em lados opostos?

— Justin?

A voz cautelosa da Emily preenche os meus ouvidos e eu me sento no chão do escritório — no qual antes eu estava deitado — e a encaro.

— O que você está fazendo aqui? — Reúno todas as minhas forças para perguntar enquanto aperto aquela roupinha de bebê nas mãos. — E por quê não bateu?

Pareço ainda mais tolo por estar aqui segurando isso depois de tudo o que aconteceu.

— Bati diversas vezes e você não me respondeu. — Emily fecha a porta atrás de si. — Fiquei preocupada.

Acho que eu estava tão perdido nos meus devaneios que sequer ouvi algo.

— Você ainda não me respondeu porque está aqui. — Olho nos olhos dela. — E estou surpreso por você estar preocupada comigo, achei que agora eu fosse motivo da sua raiva e não mais da sua preocupação.

— Você já foi menos bebê chorão, quer ganhar no drama? — Ela cruza os braços. — Eu não tenho raiva de você, só estou com raiva e eu sempre me preocupo com você, é isso que os amigos fazem, mesmo quando os amigos não merecem.

— Fala o que você quer e vaza. — Eu reviro os olhos.

Eu definitivamente não estou afim de ter uma companhia agora, não importa o quanto eu me importo com a Emily.

— Você não precisa afastar as pessoas quando está sofrendo, Justin. — Ela caminha em direção a mim e se senta ao meu lado no chão.

— Vai embora, eu não quero você aqui.

— Será que vou ter que repetir o que eu acabei de dizer? — Ela bufa. — Se o tempo tivesse te ensinado alguma coisa, saberia que não somos nós que deixamos você, é você quem nos afasta.

— Eu não quero ver ninguém.

— E por quê não? — Ela quis saber. — Acha que Justin Bieber demonstrar que não está bem é sinal de fraqueza nessa altura do campeonato, achei que a Ariana tinha te ensinado alguma coisa.

— Não diga o nome dela!

— E por quê não? — Emily me desafia. — Por que não posso dizer o nome dela, não é você quem não liga?

Eu a conhecia o suficiente para saber o que ela estava fazendo, Emily queria me levar ao meu limite para ver se arrancava algo de mim e a pior parte é que ela havia conseguido e sabia disso.

— Você sabe porquê.

— Vamos, me diga! — Ela me olha nos olhos. — Me diga como você pode estar aqui desse jeito se a odeia?

— Estava me custando acreditar nela, porque sempre me tornei cego quando se tratava do que eu sentia pela a Ariana, eu tentei de verdade acreditar e lutar pela nossa relação, mas então tudo veio a tona e eu finalmente entendi porque estive todo esse tempo com o pé atrás, porque no fundo eu estava certo, ela estava mesmo mentindo de novo. — Eu continuo mesmo a ouvindo suspirar. — Sei que acredita na Ariana, você já deixou claro, mas eu estava naquele quarto quando o médico disse que ela estava mentindo para mim, então foi como se o quebra cabeça finalmente se encaixasse, o motivo por ela querer aquela médica, o motivo de já ter o berço mesmo depois de ter me dito que não, as conveniências.

— Justin...

— Eu não quero brigar, Emily e foi você quem veio até aqui, então pelo menos me escute. — Eu não deixo ela falar. — A verdade é que eu estava com medo de descobrir que ela estava mentindo para mim, por mais que eu estivesse me dizendo que era melhor saber a verdade, parte de mim queria continuar na ilusão como você ainda está, porque isso significava que ela ainda estaria comigo e mesmo que na teoria, teríamos um futuro.

Emily fica parada apenas me olhando.

— Eu estou mais quebrado do que consigo demonstrar e simplesmente não posso fazer isso, deixar vocês verem o caos em que a minha cabeça está porque o Christian vai me dizer que não vale a pena, mas isso é fácil para ele, não é ele quem está sentindo. — Eu suspiro. — E qualquer um de vocês vai tentar me convencer de que eu estou errando, então eu estou sozinho e acho que dessa vez precisa ser assim.

— Eu não preciso dizer que não concordo com você porque você já sabe e nada vai mudar a minha opinião a não ser que daqui alguns meses a Ariana apareça sem nenhum bebê, mas eu não vim até aqui para brigar com você como fiz antes. — Seu tom de voz é cauteloso. — Sei que você não está bem e eu queria que soubesse que ainda estou aqui por você, sempre estarei.

Como a Emily ainda pode estar tão cega?

— Mas não vai me ajudar contra ela.

— Isso iria contra o que eu acredito, então não me peça para o fazer. — Ela abaixa a cabeça. — Pode me pedir qualquer coisa, menos isso.

— Por hora, eu te peço que não conte a ninguém o que viu aqui. — Mostro a ela a roupa do bebê. — O meu estado e nem que eu estava com isso.

— É normal você ter gostado da ideia de ser pai, Justin, é normal querer alguma coisa que tenha realmente significado, como uma família. — Ela segura a minha mão. — E é normal você não estar bem por perder isso, mas se o que você quer é deixar isso em segredo, pode contar comigo.

— Estamos de boa? — Eu dei um meio sorriso.

— Estamos. — Ela sorri abertamente enquanto me puxa para um abraço.

— Obrigado Emily, por estar aqui.