• Capítulo Quarenta-Um - Quebrados demais

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• ARIANA GRANDE •
— Toronto, Canadá.

Rolei na cama ainda de olhos fechados e não achei Justin ao meu lado na cama o que me fez suspirar. Me sento na cama e observo o quarto escuro, o relógio marca que já passou das três horas da manhã e eu me levanto, definitivamente frustrada.

Obviamente estava bom demais para ser verdade. Mas o que me deixa mais com medo é pensar na possibilidade que ele tenha se arrependido do que fizemos, porque eu definitivamente não estou e não quero ter que ouvir isso dele.

Deixo o meu quarto e caminho em direção a cozinha, desço as escadas mas antes que eu possa chegar ao meu destino eu avisto o meu marido sentado no sofá da sala, bebendo.

— Você está bem? — A minha voz o assusta.

— Ariana, por que você está acordada? — Ele me olha, parecendo ter saído finalmente dos seus devaneios.

— Pensei em vir aqui comer alguma coisa. — Me aproximo dele. — Mas você não respondeu a minha pergunta.

— Estou bem.

— Por que saiu da cama? — Eu pergunto devagar enquanto me junto a ele no sofá. — Eu fiz algo errado?

Justin balança a cabeça em tom de negação.

— O que houve? — Pergunto quando ele não me responde.

— Eu só precisava sair de lá.

— O que houve? — Busco alguma reação nele.

— Lembranças demais. — Ele suspira. — Eu só precisava sair de lá, beber um pouco e pensar.

— Tudo bem.

— Não está tudo bem. — Ele ri, sem humor. — Eu sei o que está passando na sua cabeça e não precisa ser legal comigo agora.

— Você precisa se decidir se quer que eu seja legal com você ou não, todas as formas que eu ajo com você parece que eu estou errando. — Suspiro. — E se você me conhece tanto assim ao ponto de saber o que eu estou pensando, diz aí.

— Acha que eu sou o cara que transou com você e depois te largou sozinha lá como se isso não tivesse significado nada. — Ele me olha nos olhos. — Eu já fiz isso antes e você não gostou.

— Na verdade não é bem isso que está passando na minha cabeça agora.

— Então o que é?

— Você se arrependeu? — Eu o respondo com outra pergunta.

— Então é isso que está passando na sua cabeça. — Ele ri, sem humor. — Não, eu não me arrependo e você?

— Não. — Nem hesito. — Mas achei que você tivesse se arrependido quando acordei e não te encontrei lá.

— Eu só precisava de um tempo.

— Para raciocinar que eu sou muito bonita para você? — Eu brinco e ele dá risada.

— Talvez.

— Todo mundo sabe que eu sou muito areia pro seu caminhãozinho. — Eu digo e ele balança a cabeça, rindo.

— Eu dou conta do recado, faço quantas viagens forem necessárias.

— Eu sei que sim. — O sorriso morre gradativamente em meu rosto. — O que você quis dizer com lembranças demais?

— Te vi adormecer do meu lado e me lembrei do tempo em que te via assim sempre. — Ele desvia os olhos dos meus. — Acho que me deu saudade do tempo em que as coisas pareciam menos complicadas.

— Eu só não consigo me lembrar dessa época. — Eu ri. — Porque tudo o que eu consigo lembrar é que tudo sobre eu e você sempre foi um caos.

— Mas ainda sim eu confiava em você. — Ele murmura. — Assim como você estava fazendo deitada ao meu lado, estava tão relaxada e eu só não conseguia fazer o mesmo.

— Porque eu sei que você não vai me machucar, eu carrego o seu bebê, lembra? — Agora sou eu quem ri, sem humor.

— O que quer dizer? — Ele ergue a sobrancelha.

A verdade é que eu não posso julgar o Justin por desconfiar de mim, ele tem todos os motivos do mundo para isso e eu já aceitei essa situação. Mas o que está me matando por dentro é ele agir como se tudo estivesse fácil para mim quando não está.

Ele está aqui literalmente me dizendo que não confia em mim para dormir ao meu lado, mas ele também é o mesmo cara que insinuou que vai me matar quando eu tiver o meu bebê e não há como eu ter certeza que ele não fará isso mesmo.

Acho que realmente estamos quebrados demais para fazermos isso.

— Sei que está insinuando que não conseguiu dormir porque acha que posso te matar enquanto dorme. — Digo e ele me olha. — Já entendi que se sente assim, mas tente pensar por um lado lógico, o que eu ganharia com isso?

Ele fica em silêncio.

— Você é a única razão pela qual o Christian ainda não me matou. — Eu suspiro. — E o meu bebê é a única razão pela qual você não me matou, como acha que eu me sinto?

— Ariana...

— Você não pode confiar em mim por causa do que eu fiz, mas acha mesmo que eu sinto que posso confiar em você? — Não deixo ele falar. — Acho que estamos vivendo a mesma situação, a única diferença é que eu estou tentando arriscar aqui e você não para de apontar o dedo para mim.

— Estou sendo sincero.

— Eu também e nem por isso significa que você acredita. — Retruco. — Você me disse que pode me matar depois que eu der a luz.

— Eu não falei sério. — Ele se defende.

— E eu não sei como posso acreditar nisso. — Suspiro. — Você me odeia demais.

— Eu também te amo demais.

— Só não sabe ainda qual é o mais forte. — Balanço a cabeça em tom de negação. — Só queria saber o que acontece comigo quando você descobrir.

— Jamais seria conhecido pelo meu filho como o homem que matou a mãe dele.

— Isso só quer dizer que no futuro ainda estou viva. — Sorrio triste. — Mas não significa que eu estou com você.

— Ariana...

— Tudo bem, Justin. — Eu o corto. — Acho que você tinha razão sobre o que disse naquele dia na piscina, talvez estejamos machucados demais para fazermos isso, principalmente quando você não está disposto a tentar.

— Alguns amores foram feitos para existirem, Ariana. — Ele suspira. — Mas não para acontecerem.

— O nosso amor aconteceu, Justin. — Eu me levanto do sofá, cansada dessa conversa. — Acho que só você precisa voltar a acreditar nisso.

Saio da sala sem esperar por sua resposta, eu perdi a fome que estava e só quero a minha cama.

COLD BLOOD [3]Onde histórias criam vida. Descubra agora