COLD BLOOD [3]

• Capítulo Trinta-Oito - Eu preciso ir

• ARIANA GRANDE •
— Toronto, Canadá.

Justin não havia dito uma palavra sequer durante a volta para casa, apesar de ter retribuído o meu beijo mesmo que por apenas alguns segundos antes de se afastar. Mas isso não importava muito, considerando o que eu senti por ter seus lábios novamente grudados nos meus.

Quando chegamos até a sua casa, ele pediu que um segurança tirasse as minhas coisas do carro e se trancou no escritório pelo resto do dia. Por mais que eu esperava mais dele, eram as minhas expectativas e tudo bem se ele não puder fazer isso agora.

— Você comeu? — Pergunto, assim que vejo o Trevor descendo as escadas sendo ajudado pela Emily.

— Comi no quarto. — Ele me diz. — Eu já estou conseguindo andar, mas eu definitivamente estou evitando porque dói como o inferno.

— Estou orgulhosa de você.

— Foi buscar suas coisas? — Emily indagou.

— Fui. — Sorrio. — E Trevor, obrigada pelo berço.

— Você viu? — Ele parece sem graça. — Era para ser uma surpresa para você depois que chegássemos da sua consulta.

— Imaginei que fosse isso. — Eu digo, tranquila. — Obrigada pela consideração, você não precisava.

— Mas eu quis. — Ele sorri fraco.

— E qual foi a reação do Justin vendo esse berço? — Emily sorri divertida enquanto ajuda o Trevor a se sentar no sofá.

— Acho que ele não gostou muito da ideia do Trevor ter me dado o berço do nosso filho. — Dou os ombros. — Disse até que vai comprar outro.

— Acho que ele pensa que o Trevor está tirando dele o papel de pai. — Emily ri. — Não pensei que viveria o bastante para ver o Justin ter ciúmes de um bebê.

— Eu também não. — Ri.

— Acho que nessa altura do campeonato ele já deveria saber que eu não tirei nada dele. — Trevor revira os olhos. — Ariana garantiu isso, por mais que eu tenha tentado, admito.

— Ele não está bravo com você.

— Também não ligaria se ele estivesse. — Trevor da os ombros. — Sei que você se importa com ele, mas Justin não esta bem na minha lista de prioridades.

— Isso não é uma competição. — Eu o lembro. — E não precisa de tanta raiva, ele salvou a sua vida.

— Porque você pediu a ele. — Ele me recorda. — Se não fosse por isso, ele me deixaria para morrer.

— Que assunto merda. — Emily faz careta.

— Concordo. — Engulo seco, tentando mudar o rumo da conversa. — Vamos falar de coisas boas.

Por mais que nada tenha sido como eu queria e esperava, só de ter acontecido um beijo entre mim e o Justin, já era motivo de ter me deixado totalmente de  bom humor.

— Eu acho que precisamos ir as compras, você não acha? — Emily pergunta, sorrindo. — Você agora está de volta nessa casa e não acho que vá embora novamente, então por que não começamos o planejamento dos quartos do bebês?

— Eu acho que podemos comprar algumas coisas. — Sorrio. — Mas quero esperar até saber o sexo para comprar tudo o que ele ou ela vai realmente precisar.

— Mas precisamos comprar coisas para você também. — Ele me diz. — Você está naquele quarto vazio, ele não tem a sua cara.

— Precisamos ver se o reizinho vai deixar que eu saia.

— Já disse que adoro esse apelido? — Ela ri de mim. — Mas acho que deixa sim, está comigo, está com Deus.

— Acho que ele vai deixar só se formos escoltadas por um exército.

— Considerando a nossa sorte, é melhor que assim seja. — Ela faz biquinho. — Nós sempre fomos atacadas quando tiravamos o dia para fazermos compras.

— Você tem razão. — Concordo. — Acho que está na hora de deixar o meu quarto mais parecido comigo, talvez assim eu consiga me sentir mais em casa.

— Como eu disse, Ari. — Emily me olha nos olhos. — Agora você está em casa.

Trevor se mexe desconfortávelmente no sofá, ele não precisa me dizer, eu o conheço o suficiente para saber que ele não se sente em casa aqui e nunca se sentirá.

Ele se vê como um intruso aqui, alguém que não faz parte dessa família, alguém que compete constantemente com o Justin e parece perder todas as batalhas, inclusive a mim e o meu amor que ele considera ser o prêmio mais válido.

— Eu quero que você se senta bem aqui também. — O olho. — Você sabe que é importante para mim e eu não vou abrir mão de você.

— Não tenho certeza se posso fazer isso, Ari. — Ele suspira. — Nem mesmo por você.

— Que conversa é essa, Trevor? — Emily indaga. — Sei que tivemos nossas diferenças, mas quando eu estava com você e com a Ariana nós nos demos bem, tudo bem se você ficar.

— Tenho certeza que Justin não me quer aqui. — Ele murmura. — E eu também não quero ficar.

— Justin me disse que o meu bem estar é a prioridade dele, eu quero que você fique e ele vai ter que aceitar isso. — Eu seguro sua mão. — Mas se você não quiser ficar, não vou te obrigar, também quero que você se sinta bem.

— Justin pode não entender ainda as razões que levaram você a trai-lo dessa forma mas eu entendo, eu sim, eu estava lá com você, Ari. — Ele sorri reconfortante. — Vi cada vez que seu coração implorou para que você voltasse atrás, mas o seu medo de perder o seu bebê como perdeu da primeira vez te impediu.

Eu fico em silêncio, apenas segurando a sua mão.

— Sei que no fundo tudo isso é tudo o que você sempre quis, estar ao lado do Justin para que pudessem fazer isso juntos, ter o bebê de vocês juntos. — Ele suspira. — Ele não vai deixar você ir embora e eu também não pediria para que você fosse, porque eu te amo e também quero que você seja feliz e principalmente que tenha tudo o que o seu coração desejar, mas você tem que entender que há um lugar para você nessa casa, mas não há para mim.

— Trevor...

— Está tudo bem, Ari. — Ele não me deixa falar. — Eu vou ficar até que eu tenha terminado de me recuperar e depois vou voltar para a nossa antiga casa, lá eu poderei continuar cuidando de você de longe, mas eu preciso ir e espero que você entenda.

Eu balanço a cabeça assentindo.