— Ih, eu já fiz alguma coisa errada nessa meia hora que a gente tá conversando? — perguntou Grant, com os olhos bem abertos, parecendo apreensivo pela primeira vez.
Era um pouco estranho vê-lo sem o habitual sorriso despreocupado no rosto. Remus se odiou por ser a razão pela qual Grant estava sério agora.
— Não, não, não, você não fez nada — respondeu, rapidamente. A resposta estava já na ponta da sua língua. — Eu que fiz merda. Eu que tenho que pedir desculpa, Grant. Você... você foi ótimo, como sempre.
Grant observava Remus com tanta fixação que ele não pôde sustentar o olhar e desviou os olhos para encarar suas mãos.
— Remus... do que você tá falando? O que você fez? Eu não tô entendendo....
Ele respirou fundo uma, duas, três vezes. A mentira, ou a verdade, melhor dizendo, estava entalada na sua garganta. Era complicado dar um impulso forte o suficiente para tirá-la dali. Principalmente quando esse "impulso" envolvia o difícil trabalho de assumir que estava errado e que tinha feito coisas péssimas.
Mas ele tinha que fazer isso. Primeiro porque não era justo com Grant, que até agora tinha sido tão atencioso e maravilhoso com ele, e segundo porque Remus precisava encontrar uma solução para o grande problema que havia criado. E, depois da conversa com Grant e do tempo incrível que teve com ele, pensava que talvez o rapaz fosse capaz de ajudá-lo.
Não que Remus precisasse de ajuda. Talvez só um pouquinho. Talvez só dessa vez.
— Remus? — perguntou Grant, com o cenho franzido e uma careta preocupada. — Tá tudo bem aí?
Remus balançou a cabeça, incapaz de responder a pergunta. Chegou a hora. Não havia sido para isso que ele tinha vindo, afinal de contas?
— Tem uma coisa que eu preciso te falar — começou, se odiando por escolher as piores palavras possíveis para iniciar um bom discurso de redenção. Por que sua mente sempre parecia entrar em pane quando estava diante de situações estressantes, ou quando estava sob extrema pressão? Sério, o cérebro de Remus tinha que ser estudado.
— É, você já comentou isso — disse Grant. Então, abrindo um pequeno, mas reconfortante e encorajador sorriso, completou: — Você está com medo de me dizer algo? Não precisa ficar com medo de me dizer algo, Rê. Pelo amor dos deuses.
Rê. Essa era a primeira vez que alguém o chamava assim. Grant falou isso de uma forma tão natural, como se pensasse normalmente em Remus pelo apelido. Como se já tivesse tido altas conversas e diversos momentos com aquele garoto que estava começando a conhecer melhor. Como se já fossem íntimos, conhecidos de longa data.
— Eu... eu fiz algo de errado — falou Remus, enferrujado e se sentindo mais estúpido do que o normal. — Na sexta à noite, eu fui jantar com os meus amigos e comer pizza, para relembrar os velhos tempos, sabe?
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Todo Esse Tempo - Wolfstar
Fanfiction{concluída} Na maioria das vezes, voltar para casa depois de anos afastado significa um alívio imenso, uma felicidade absurda. Não para Remus Lupin. Ou, pelo menos, não é assim que o professor recém formado se sente ao se mudar para a fria e tempest...