Quando mandou mensagem para Grant passar na sua casa naquela noite, Remus não sabia o que esperar.
Ele tinha tomado a sua decisão. Tinha a sensação de que ela estava correta, de que, pela primeira vez, não se arrependeria de algo que fez. Porém, sabia que o que estava prestes a dizer não eram palavras fáceis de falar. Sabia que iria doer, que iria sangrar, e que demoraria até sarar. Mas esse era o ciclo de tudo, não?
Remus se sentia pronto. Era curioso pensar que tudo isso surgiu da ligação que fez para Sirius logo depois de receber a proposta de ser promovido; era ainda mais estranho pensar que tinha escolhido justo Sirius, dentre tantas outras pessoas, para contar pela primeira vez. Mas, enquanto pegava um táxi para casa, Remus chegou à conclusão que isso fazia sentido, afinal. Ele precisava da aprovação ou da negação de Sirius. Precisava saber o que ele pensava, acima de todos, para poder tomar uma decisão.
Isso não era errado. Não quando Remus passou quatro anos pensando no que poderia ter sido se ele tivesse conversado com Sirius sobre a inscrição para a faculdade desde o primeiro instante. Sirius estava corrigindo os seus erros, e Remus percebeu que fazia a mesma coisa. Ambos estavam tentando melhorar. Juntos.
Enquanto observava Londres através da janela do carro, Remus pensou em tudo que tinha vivido até então, nos poucos meses que passou ali. Voltou a se aproximar dos seus velhos amigos, e isso foi tão incrível e especial, tão animador e inexplicavelmente bom, que já valia a pena por si só. Tinha ido nos shows dos Marotos, inventado um namorado falso, conhecido Grant, visitado lojas, livrarias e cafeterias, dado um monte de aulas para crianças e tomado muitos banhos de chuva com o tempo incerto da cidade. Tinha feito compras para o bebê de Lily, comido pizza e bolo, cozinhado e ido ao cinema.
E, no topo de tudo, na parte mais importante e alta do seu coração, estava Sirius Black. Aquele relacionamento que havia começado com receio e medo, aquela sensação que teve na primeira vez que trombou com ele, tudo isso havia evaporado. Esse sentimento incerto e gélido havia se transformado em uma chama quente e cintilante, que se tornava mais forte a cada momento. Os dois eram amigos de novo. As coisas estavam ótimas.
Ótimas... a não ser pelas faíscas que o assolavam toda maldita vez que Sirius estava por perto.
E, de repente, tudo estava mais claro do que a água da chuva que escorria pelas janelas. Remus tinha lutado todo esse tempo contra a paixão ardente que ainda sentia por Sirius, movido pelo medo de se machucar de novo, quando, na verdade, a única coisa que precisava fazer era se dar uma oportunidade. Se permitir viver as coisas de novo. Se permitir a não repetir o passado, a ser diferente dessa vez.
Ele sabia que seria.
Sabia que tinha sido um tolo até aquele momento, inventando todos os meios possíveis de não assumir o fogo que queimava dentro de si, o fogo que pertencia inteira e completamente a uma só pessoa. Sirius. Deixou-se levar pelo medo, pelo pavor de ser machucado novamente. No entanto, agora Remus sabia que havia mudado, assim como Sirius. As coisas não seriam mais as mesmas, porque os dois tinham aprendido uma lição, e os dois não permitiriam que nada de ruim acontecesse de novo.
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Todo Esse Tempo - Wolfstar
Fanfiction{concluída} Na maioria das vezes, voltar para casa depois de anos afastado significa um alívio imenso, uma felicidade absurda. Não para Remus Lupin. Ou, pelo menos, não é assim que o professor recém formado se sente ao se mudar para a fria e tempest...