Fazia tanto tempo que Remus não saía para um encontro que ele nem se lembrava mais de como a dinâmica funcionava. O que deveria fazer? O que falaria? Quais assuntos puxaria? O que aconteceria lá?
Ele não conseguiu pensar em mais nada naquela tarde de quinta-feira. O tempo estava nublado e úmido, e a chuva provavelmente chegaria à noite, com um forte temporal. As aulas acabaram mais cedo naquele dia, pois a pracinha da escola estava em manutenção, e as crianças não poderiam ficar no meio de serras elétricas e instrumentos perigosos. Isso dispensava os professores também, claro, e Remus não pensou duas vezes antes de mandar uma mensagem para Grant assim que soube da sua pequena tarde de folga.
Nunca pensei que uma pracinha em obra me traria tanta felicidade, foi a resposta de Grant. Remus riu quando a leu. Ele sempre ria enquanto falava com Grant. Os dois, então, combinaram de ir à uma confeitaria, às quatro da tarde. Não era o melhor lugar para se encontrar com alguém que você estava conhecendo melhor, mas Remus não queria ir em nenhum outro lugar. Se estivesse com Grant, sabia que estaria bem. Não importava se comessem salgadinhos vencidos embaixo de uma ponte ou visitassem o restaurante mais caro e chique de Londres.
Foi assim que a ansiedade de Remus começou a se tornar maior e maior a cada segundo, até que ficou insuportável aguentá-la. Ele decidiu passar em uma livraria no caminho para casa, com a esperança de que isso fosse acalmá-lo.
Assim que entrou na pequena loja de livros, o cheiro das páginas e a fragrância de lavanda o tomaram, e Remus sentiu seu corpo relaxar imediatamente. Aquele era o lugar que ele buscava quando estava no início de uma crise. Sempre. Sabia que, quando estivesse ali, estaria bem, se sentiria seguro e em casa.
Ele começou a andar pelos corredores e observar os inúmeros exemplares de livros que havia ali. Escolheu dois dos seus favoritos para comprar, e estava se dirigindo ao caixa, questionando a si mesmo se deveria ficar só mais um pouco, quando acabou esbarrando em alguém.
Os livros que carregava caíram no chão, junto com três álbuns de vinil. Remus viu no mesmo momento os títulos: The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders, de David Bowie, Harry Styles e A Night At The Opera, da banda Queen.
Remus imediatamente se agachou no chão para recuperar as coisas que caíram, murmurando um pedido de desculpas para a pessoa com quem trombou. Ele esticou a mão para agarrar um dos álbuns de vinil ao mesmo tempo que a outra pessoa fez o mesmo gesto, e as suas mãos se encontraram por um milissegundo. Remus se afastou assim que encarou aquela mão.
Unhas pintadas de preto e vermelho, com estrelas prata brilhantes coladas no dedão.
Anéis de prata em todos os dedos.
Uma pequena tatuagem na forma de S no dedo do meio, que fora feita aos dezesseis anos de idade, só para provocar os pais conservadores.
Por que Remus Lupin e Sirius Black sempre tinham que se encontrar nos momentos mais inoportunos?
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Todo Esse Tempo - Wolfstar
Fanfiction{concluída} Na maioria das vezes, voltar para casa depois de anos afastado significa um alívio imenso, uma felicidade absurda. Não para Remus Lupin. Ou, pelo menos, não é assim que o professor recém formado se sente ao se mudar para a fria e tempest...