Remus não acreditava que existisse um apartamento melhor para Sirius do que o apartamento em que Sirius estava vivendo. As paredes, o piso, o teto, o fogão, a geladeira, a televisão... simplesmente tudo gritava SIRIUS BLACK ME POSSUI!! SIRIUS BLACK É MEU DONO!! SIRIUS BLACK!!, e não havia ninguém que tivesse coragem de negar isso.
O apartamento ficava surpreendentemente perto daquele que Remus tinha alugado para si, e a distância entre os dois não dava nem dez minutos de táxi. Era grande, com vários prédios dentro do mesmo condomínio, e tinha uma piscina enorme de água térmica, que com certeza tinha chamado a atenção de Sirius na hora de fechar negócio. Além disso, a vizinhança também tinha a sua cara: muitas lojas de instrumentos musicais, discos, ferragens de carros e sebos de livros usados que Remus anotou na sua listinha para visitar em outro momento.
Era a primeira vez que Remus iria visitar o lugar em que Sirius morava. Tipo, na vida inteira. Ele nunca foi ao Largo Grimmauld, por motivos de medo dos pais de Sirius, e foi embora antes que o rapaz alugasse o seu primeiro apartamento. Remus não sabia exatamente o que esperar, nem o que pensar; só aquela ideia de estar indo ao encontro de Sirius já era louca e embaraçosa o suficiente, e ele fez o possível para não criar expectativas. Porém, era inevitável não pensar em algumas coisas.
E todas as (poucas) coisas que Remus imaginou estavam certas.
Primeiro: o tapete de entrada de Sirius tinha um osso de cachorro e uma frase besta que dizia: você NÃO é bem-vindo. Segundo: o lugar era pelo menos três vezes maior do que as necessidades de Sirius demandavam, mas ele sempre gostou de extravagância. Terceiro: tudo era preto.
Esse último item era algo bem marcante na decoração.
— Você veio. — Foi a primeira coisa que Sirius disse, assim que abriu a porta, com um sorriso discreto brincando em seus lábios. Ele vestia um pijama comprido cheio de patinhas de cachorro, e tinha um cobertor verde enrolado em torno de si, parecendo um velho aposentado e enfermo. Também parecia perplexo pela chegada de Remus, apesar de ter sido ele quem ligou pedindo ajuda.
— Você pediu para que eu viesse, não? — perguntou Remus, de uma maneira um pouco idiota. Sua mente ainda tentava lhe avisar de que aquilo era cilada, que era uma armadilha muito perigosa na qual ele não deveria cair, mas Remus ignorava todas as vozinhas incômodas. Ou pelo menos tentava.
E daí que Sirius e ele tinham uma relação complicada? E daí que eles tinham brigado no dia anterior? E daí que Remus tinha decidido que iria fazer o possível para se afastar e para esquecer Sirius? E daí que ele estava com Grant agora, e que Grant provavelmente não gostaria nada de saber sobre esse encontro?
Sirius estava doente, e Sirius tinha chamado ele.
Remus não poderia negar um chamado de Sirius.
— É, mas eu pensei que... — Sirius continuou murmurando, enquanto seus olhos navegavam pelo corpo de Remus com um brilho indecifrável. — Hum... Esquece. Você veio, é isso o que importa.
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Todo Esse Tempo - Wolfstar
Fanfiction{concluída} Na maioria das vezes, voltar para casa depois de anos afastado significa um alívio imenso, uma felicidade absurda. Não para Remus Lupin. Ou, pelo menos, não é assim que o professor recém formado se sente ao se mudar para a fria e tempest...