A primeira coisa que chamou sua atenção foi a chuva. Remus não tinha checado a previsão para aquela noite, por não achar necessário, e nunca passou pela sua cabeça que o tempo fosse mudar tanto enquanto estivesse dentro da boate, mas pelo visto estava enganado. O tempo de Londres era sempre imprevisível, assim como a maioria das pessoas.
A chuva caia pesarosa, com tanta força que chegava a machucar quando suas gotas frias e grossas batiam contra as bochechas quentes de Remus. Ele ficou encharcado em poucos segundos.
— Sirius! — gritou para a escuridão.
O céu estava nublado, revolto, e as únicas luzes dos postes afastados não eram o suficientes para fornecê-lo uma boa iluminação. Remus estreitou os olhos e tentou ver além, tentou enxergar Sirius, mas as gotas de chuva pesavam nos seus cílios, e era difícil vislumbrar qualquer coisa em sua frente.
— Sirius! — gritou, mais forte, fazendo seus pulmões queimarem. — Sirius!
Ele continuou avançando, com dificuldade por conta do seu estado encharcado e caótico. Estava começando a perder as esperanças e decretar-se como derrotado, aceitando que Sirius tinha ido embora e que tinha que voltar para explicar tudo a Grant e pedir desculpas de novo, quando, na escuridão além de si, uma luz fraca e tênue se acendeu. Ela brilhou como o clarão de uma estrela no céu noturno. Serviu de guia para Remus, e ele cambaleou até lá.
— Remus? — chamou uma voz. Uma voz fraca no meio do volume da tempestade, mas que ele seria capaz de reconhecer até mesmo em milhas e milhas de distância. — Que porra você está fazendo?
Remus deu mais alguns passos para a frente, e agora conseguia distinguir de onde vinha a luz que o orientou. Era uma moto. A moto de Sirius Black.
Olhou para cima, atônito. Não esperava realmente que fosse encontrar Sirius. Não no meio daquele vendaval. Mas lá estava ele, montado na moto, com as roupas encharcadas, os cabelos longos e pretos caindo como cortinas sobre o rosto. Mesmo no meio da tempestade intensa e impetuosa, Remus conseguiu diferenciar os olhos cinzentos de Sirius, e soube que esses estavam focados nele.
— O que você está fazendo aqui? — repetiu Sirius, quase gritando para ser ouvido no meio da chuva.
Remus queria responder que também não fazia a menor ideia, porém havia grandes possibilidades de Sirius se virar e partir, caso respondesse algo do tipo.
— Nós precisamos conversar — respondeu.
— Não temos nada para falar — disse Sirius, direto ao ponto. Sua voz quase soou como quando ele conversou pela única vez com Grant; mas Remus notou uma fragilidade que não estava ali antes. — Eu preciso ir.
Usufruindo do pingo de coragem que ainda lhe restava, Remus se inclinou e colocou as duas mãos nos guidões da moto de Sirius, esperando que isso fosse fazê-lo parar.
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Todo Esse Tempo - Wolfstar
Fanfiction{concluída} Na maioria das vezes, voltar para casa depois de anos afastado significa um alívio imenso, uma felicidade absurda. Não para Remus Lupin. Ou, pelo menos, não é assim que o professor recém formado se sente ao se mudar para a fria e tempest...