anti-hero

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Dor de cabeça parecia uma estranha e sem graça maneira de morrer, mas Remus estava começando a cogitar que essa seria a causa do seu óbito, a razão que estaria escrita em seu laudo de morte

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Dor de cabeça parecia uma estranha e sem graça maneira de morrer, mas Remus estava começando a cogitar que essa seria a causa do seu óbito, a razão que estaria escrita em seu laudo de morte.

Ele se revirou na cama durante a noite toda, e não conseguiu dormir mais do que meia hora. Apesar de estar cansado, seus olhos não se permitiam fechar, e a sua mente estava voando mais rápido do que um avião. Remus não conseguia parar de pensar, não conseguia se distrair, não conseguia dormir e nem ler um livro. Ele escutava os ponteiros do relógio na mesa de cabeceira progredirem lentamente, como se fosse uma eternidade. Nunca encontrava uma posição confortável o suficiente, e, toda vez que sua consciência ficava mais leve, mais tênue, e o sono se aproximava, Remus tinha um pico de energia do nada e chutava seus sonhos para longe intencionalmente.

Por mais que não quisesse pensar naquilo, as palavras de Sirius não paravam de se repetir e ecoar pela sua mente, como uma canção de ninar que surtia o efeito contrário e lhe causava pesadelos.

Sirius disse que mentiu porque, dentro dele, ainda havia esperança. Remus não parava de se perguntar que tipo de esperança era essa.

Esperança de serem amigos? De se reconciliarem? De se aproximarem e se resolverem, depois de tantos anos sem se falar? Geralmente, Sirius Black era direto e reto com as coisas que queria. Ele não falava duas vezes quando estava determinado. Porém, agora, era como se nem Sirius soubesse qual seu desejo era.

A mente de Remus era como um fio de lã solta, enrolada e embaralhada, incapaz de voltar a ser uma linha reta e organizada. Havia tantos nós, tantas dobras e curvas, que ele simplesmente se cansou de tentar solucioná-las.

Até aquela noite.

Sirius tinha despertado algo nele assim que os dois se encontraram pela primeira vez, isso era óbvio. Remus sempre preferiu ignorar esses sentimentos e fingir que não existiam, na esperança de que fossem embora com o tempo. Não foram. Só ficaram ainda maiores e mais intensos. Os dois continuaram se encontrando intencionalmente, como se o destino estivesse disposto a estragar a vida de ambos. Remus esteve, por um curto espaço de tempo, inclinado a tentar resolver as coisas com Sirius. Até descobrir que ele tinha uma namorada, e que supostamente estava feliz com ela.

Aquela notícia foi como um banho de gelo bem na sua cabeça. Sirius tinha seguido em frente. Remus precisava esquecer o passado e fazer o mesmo.

Aí apareceu Grant, e a oportunidade de resolver a maioria dos seus problemas de uma só vez. É óbvio que Remus acolheu a chance. Ele mostraria a Sirius que tinha superado o relacionamento que tiveram na adolescência, teria mais motivos para se manter afastado da enorme tentação que seu ex representava, e ainda por cima teria a possibilidade de realmente conhecer pessoas novas, de realmente superar Sirius e começar a gostar de outro cara. Um cara que, dessa vez, talvez fosse o certo.

As coisas estavam boas. Remus estava curtindo o lance com Grant, e Sirius tinha se mantido afastado. Até a noite da boate. Remus descobriu sobre a mentira, e a partir daí as coisas só desandaram.

De que esperança Sirius estava falando? Onde cabia algum tipo de esperança nessa história?

Ele disse que tinha medo das suas próprias ações, caso não houvesse barreiras entre Remus e si mesmo. Mas por quê? Do que exatamente Sirius tinha medo?

Algo que antes era tão fácil, ler a mente de Sirius e descobrir o que o garoto estava pensando e querendo, se converteu na tarefa mais difícil da vida de Remus; na pergunta que não saia da sua mente nem por um momento, durante todos os dias. Ele pensava, pensava e pensava, porém não chegava a conclusão nenhuma.

Por fim, quando o relógio marcou cinco da manhã, Remus pulou da cama e decidiu que era hora de começar o dia.

Ele tomou banho, o segundo desde que voltara da boate, e fez o seu sabor preferido de café especial. Enquanto aguardava a água na chaleira esquentar, a mente de Remus vagou. A música que tocava pelos altos-falantes da caixinha de som não foi suficiente para distraí-lo por tanto tempo.

O que ele realmente queria?

É óbvio que odiava ter aquela relação com Sirius. Odiava como se tratavam agora, como uma tensão visível e palpável havia se formado entre os dois. Odiava pensar em como eram tão próximos antes de tudo acontecer, como funcionam bem juntos. Remus sentia falta do seu melhor amigo. Sentia tanto a sua falta, tão desesperadamente, que seu coração chegava a doer.

Mas valia a pena tentar consertar aquela bagunça?

Sirius mesmo havia dito que era impossível. Que as coisas não voltariam a ser como eram antes, que ambos tinham mudado e que não funcionariam mais juntos. Até aquele momento, Remus lutou contra todos os seus princípios para não pensar nisso. Ele queria acreditar que Sirius e ele ainda tinham solução, queria acreditar que as decisões que fez no passado não determinariam todo o seu futuro e toda sua amizade. Porém, aparentemente, era exatamente daquele jeito que as coisas funcionavam. Remus finalmente percebeu que todos os seus esforços de ter uma relação amigável com Sirius foram inúteis, porque não daria certo.

Sirius e ele tinham mudado. Talvez essas novas versões de si mesmos não fossem compatíveis.

O que era melhor, arriscar todo o progresso que fez para superar Sirius, e ir atrás de uma amizade que sabia que dificilmente daria certo, ou se manter afastado e seguro?

Remus nem precisou pensar duas vezes.

Teria o seu coração partido dos dois jeitos, mas pelo menos seria opção dele, não consequência dos erros que Sirius eventualmente cometeria. Remus já tinha passado por aquilo antes; já teve que recolher cada mini migalha que sobrou do seu coração. Conhecia a sensação, e tinha certeza de que nunca mais queria passar por aquilo de novo.

E a única maneira de evitar um coração partido por Sirius Black era evitando Sirius Black.

Seria isso que Remus faria dali em diante.

Fugir da dor sempre foi o seu principal objetivo. Não iria arriscar o trabalho duro que fora consertar e remendar seu coração, não por causa de Sirius. Não de novo.

Assim que tomou sua escolha, a chaleira apitou, e a água estava quente. Remus pegou a xícara de café alguns minutos depois, e foi direto para o seu celular, que estava em cima da cama.

Havia uma mensagem de Grant, perguntando como ele estava e se tinha chegado em casa bem. Remus não hesitou antes de mandar seu endereço e pedir que, por favor, Grant fosse até lá.

Para a sua surpresa, o horário não era uma barreira para o maluco do rapaz. Grant confirmou que estaria lá o mais rápido que o ônibus o levasse até o apartamento de Remus. 

bom domingo pra todos vcs!! espero que gostem do capítulo <3

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bom domingo pra todos vcs!! espero que gostem do capítulo <3

Todo Esse Tempo - WolfstarOnde histórias criam vida. Descubra agora