Capítulo 7 - Olá, Dona Morte - Parte 2

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Pacifica ficou paralisada naquele momento, seus olhos estavam completamente esbugalhados e travados no ser que estava indo até ela. A criatura parou bem na frente da menina, e observou a feição de medo genuíno que a menina estava fazendo no momento.

O que foi minha criança? Por que está com tanto medo? — falou a criatura olhando diretamente para Pacifica.

A garota estava incrédula diante da visão à sua frente: um monstro gigante com o que parecia ser quase cinco metros de altura. Embora ela não pudesse ver o rosto da criatura por conta do manto que a cobria, o mero tamanho e a presença imponente a fizeram sentir como se seu coração estivesse prestes a saltar pela garganta.

A criatura percebeu o estado de choque da menina e viu que ela não conseguia responder naquele momento. Decidindo agir para acalmá-la, a criatura removeu o capuz que cobria sua cabeça, revelando sua verdadeira face. No entanto, ao invés de trazer alívio, essa ação apenas intensificou o desespero de Pacifica. Quando o capuz foi retirado, revelou-se que o monstro não tinha rosto, apenas uma caveira flutuante em seu lugar. A visão foi avassaladora e aterrorizante, fazendo com que Pacifica desse dois passos para trás, tropeçasse e caísse no chão. Mesmo caída, ela continuou a encarar a criatura com olhos cheios de medo, sentindo que desviar o olhar seria um erro fatal.

Pacifica reuniu suas últimas forças para tentar falar com o monstro, mas suas palavras sairam entrecortadas e confusas, devido ao tremor em sua voz. A tentativa de comunicação foi frustrada pela intensidade do medo que a dominava.

Impaciente com a situação, a criatura estendeu uma mão óssea em direção a Pacifica e lançou o que pareceu ser um feitiço sobre ela. Quase que instantaneamente, a garota sentiu uma sensação de calma invadir seu corpo. Seus tremores cessaram e a sensação de pânico diminuiu gradualmente, permitindo que ela respirasse mais normalmente.

— O q-q-que foi isso? — gaguejou Pacifica, percebendo que sua fala estava mais fluente do que antes.

Não se preocupe, minha criança. Eu apenas lancei um simples feitiço para que você parasse de tremer. Era quase impossível entender você antes — explicou a criatura, empunhando sua foice de volta.

— Quem é v-você?

Prazer em conhecê-la, meu nome é Parca. Quanto a você, Pacifica Southeast, não é necessário se apresentar. Eu sei tudo sobre você.

— Espera, como você me conhece? Você é algum tipo de Deus da morte ou algo assim? — questionou Pacifica olhando para a foice da criatura.

Você é uma garota inteligente, quase acertou. Mas não sou um Deus, sou mais considerado como uma entidade ceifadora de almas de contratos.

— Almas de contratos?! Ok, isso é realmente loucura, eu tenho até medo de perguntar, mas... por que você está atrás da gente? — inquiriu Pacifica se levantando e olhando ainda assustada para a criatura. — Espero que você não esteja atrás de mim por causa daquele garoto que dei um bolo no 1º ano do ensino médio! Mesmo que eu tenha prometido que iria sair com ele se me ajudasse, aquele menino era muito esquisito. Sabia que depois de um tempo eu descobri que ele guardava corpos de passarinhos mortos no quarto? Imagina se eu saio com uma pessoa assim! Eu sei que estou errada em não ter cumprido com minha promessa, mas não dá para dar um desconto?

A Parca estava completamente confusa. Há alguns minutos, Pacifica mal conseguia articular palavras; agora, ela estava narrando detalhes de sua vida no ensino médio de maneira contínua. A criatura estava ciente da personalidade de Pacifica, mas essa mudança repentina era desconcertante. Afinal, o feitiço originalmente utilizado tinha a intenção de acalmá-la, não de transformá-la em uma máquina de fala incessante.

Reverse Falls: O Fim do EspetáculoOnde histórias criam vida. Descubra agora