Capítulo 29 - Mentirosa Compulsiva - Parte 2

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— Eu não deveria aceitar um convite tão ousado, mas que se dane! Só se vive uma vez, vamos para sua casa!

— Ah, legal. Então... vamos.

Norman ainda estava surpreso com a facilidade com que ganhou a confiança da menina. Ele havia imaginado que ela nem sequer iria querer conversar com ele, mas, para sua surpresa, ela até se declarou amorosamente. Os dois partiram em caminhada até a casa de Norman, e Tina estava agarrada ao braço dele, exibindo um grande sorriso no rosto. Parecia uma criança que acabara de ganhar um brinquedo de Natal, radiante de felicidade. Norman observava a expressão de alegria de Tina, tentando entender como tudo aquilo tinha acontecido tão rápido. Ele não sabia se deveria ficar contente ou preocupado com a intensidade dos sentimentos dela, mas, por enquanto, decidiu aproveitar o momento. Afinal, ela parecia uma candidata perfeita, pois todas as rainhas devem ser intensas.

「★」

Após alguns minutos, Gideon acordou assustado. Ele estava deitado no sofá, com um travesseiro apoiando sua cabeça. Ergueu-se lentamente, piscando os olhos para ajustar a visão, e olhou em volta. Viu que apenas Pacifica estava lá, sentada ao seu lado. A garota parecia visivelmente aliviada e feliz em ver seu amigo consciente novamente.

Pacifica sorriu calorosamente, seus olhos brilhando com um misto de preocupação e alegria. Ela se inclinou ligeiramente em direção a Gideon, colocando uma mão reconfortante no ombro dele. Ele, ainda confuso e um pouco desorientado, tentou se lembrar do que tinha acontecido antes de desmaiar, e, infelizmente, acabou se recordando.

— Me diz que tudo aquilo foi um sonho... — Gideon falou com sua voz um pouco rouca.

— Sinto lhe informar, fomos humilhados por uma pré-adolescente de 15 anos.

— Droga, eu queria que tivesse sido só uma alucinação minha...

— Como uma garotinha como aquela conseguiu fazer tudo aquilo?

— Não faço ideia. Aquele soco na minha garganta foi totalmente inesperado, pareceu até coisa de ficção.

— Não foi um soco, foi um golpe de defesa pessoal. Eu aprendi enquanto estava no dojô de karatê. Só que eu nunca tinha visto ser executado daquela maneira, parecia uma verdadeira faixa preta.

— Estranhamente, eu não estou sentindo nenhuma dor, é como se eu nunca tivesse sido golpeado.

— É, acho que essa foi a intenção dela. Ela não queria nos machucar de verdade, tanto é que não nos deixou com nenhum hematoma. Acho que ela só queria nos dar um "aviso", para não seguirmos ela.

— Se isso foi um aviso, eu entendi muito bem. Não quero ver essa garota nunca mais na minha vida.

— Como assim? Nós temos que buscá-la!

— O quê? — Gideon virou-se com os olhos esbugalhados para Pacifica.

— Você e eu sabemos como é perigoso andar sozinha por aquela floresta! Ela pode estar correndo perigo neste exato momento.

— Você só pode estar brincando comigo! Aquela maluca invadiu minha casa, atirou na minha mãe, bateu em nós dois por absolutamente nada e você ainda quer ajudá-la?! Tô fora, se ela realmente quer ficar sozinha na floresta, que fique!

— Sério que você vai deixar uma menininha de 15 anos morrer? Sua consciência não pesa?

— Menininha? Essa "menininha" nos bateu com tanta facilidade que até parecia uma ninja.

— Ela é só uma garota confusa. Não viu como ela agia? Não podemos deixá-la na mão!

— Deixá-la na mão?! Ela sabe se cuidar melhor que nós dois juntos, duvido que se machuque fácil.

Reverse Falls: O Fim do EspetáculoOnde histórias criam vida. Descubra agora