Capítulo 17 - Sociedade do Olho Cego - Parte 2

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Pacifica estava um pouco tonta, mas sua consciência começou a clarear aos poucos. Ela se surpreendeu, pois estava mais uma vez naquele campo de flores para o qual ela tinha ido quando desmaiou brevemente no hospital. A garota nunca tinha parado para pensar muito naqueles eventos que tinham acontecido, pois achou que não passava de um sonho bobo. Mas olha só, lá estava ela mais uma vez. As flores do campo estavam diferentes desta vez. Embora algumas continuassem lindas e abertas, outras estavam com um aspecto de mortas, acinzentadas. Pacifica estranhou esse pequeno detalhe, mas não se atentou muito, pois ela precisava arrumar algum jeito de sair dali. A menina se lembrou que da última vez que esteve ali, ela andou por vários minutos até finalmente conseguir ouvir algo.

Dessa vez, ela decidiu tentar algo diferente. Pacifica sentou-se no meio do gramado e das flores. Ela fechou seus olhos e começou a se concentrar no ambiente ao seu redor. O cheiro de flores e folhas do lugar. A brisa fresca que batia em seu rosto. Tudo era sentido pela menina naquele momento. Contudo, seu maior foco foi a audição; querendo ouvir mais uma vez aquele choro que tinha ouvido da última vez. Embora ela tivesse pensado nesse plano muito repentinamente, incrivelmente deu certo. Após alguns minutos de silêncio, ela conseguiu ouvir um pequeno som de alguém chorando.

Em um sobressalto, ela se levantou e começou a perseguir o som. Após alguns poucos segundos andando, ela avistou mais uma vez a grande esfera azul, suspensa no ar. Ela continuava cheia de correntes ao seu redor, como da última vez. Diferente da última vez, Pacifica não sentiu qualquer medo ou hesitação. Na verdade, a garota estava empolgada de alguma forma, pois ela achava que aquilo da última vez era só um sonho, mas era real. Ela respirou fundo e começou a se aproximar da esfera, porém olhando bem por onde andava, pois não queria afundar igual anteriormente. Quando chegou a uma distância aceitável, ela parou e ficou encarando a esfera. O choro não havia cessado, e já estava mais do que claro que alguém estava preso ali dentro. A única questão que pairava na mente da menina era se essa "pessoa" era do bem ou não. Pois ela havia sido aprisionada por algum motivo, e esse pensamento atormentava a garota.

— Oi? — perguntou Pacifica relutante.

Quando a voz da menina saiu de sua boca, imediatamente o ser parou de chorar e ficou quieto. Pacifica se viu curiosa, aparentemente a pessoa não tinha reparado na sua presença desta vez e foi surpreendida.

— Você é a amiga do Gideon, não é? — uma voz doce e aconchegante respondeu da esfera.

— Gideon? Sim, sou amiga dele.

— Como você entrou aqui? Não achei que humanos normais fossem capazes disso.

— Eu não sei. Aparentemente eu desmaiei e vim parar mais uma vez aqui.

— Mais uma vez?

— Sim, eu vim aqui a um tempo atrás, quando estava sendo perseguida por um fantasma no hospital.

— Entendi, então era você aquela vez...

— Espera, tem muita informação vaga nesta nossa conversa — Pacifica olhou para o chão e se sentou logo em seguida. — Primeiramente, meu nome é Pacifica Southeast, e o seu?

A voz demorou um tempo para responder a menina, mas finalmente se revelou:

— Meu nome é Will Cipher, muito prazer garota loira.

— Garota loira? Você está conseguindo me ver daí de dentro?

— Infelizmente eu não consigo. Na verdade, a senhorita Mabel sempre fala de você, e quase sempre ela lhe chama de "loira caipira". Por isso lhe chamei assim.

— Espera! Mabel? — Pacifica colocou a mão no queixo lembrando de algo que Gideon tinha lhe dito. — Espera! Espera! Você é o Will? O triângulo que ajudou o Gideon na mansão Gleeful!

Reverse Falls: O Fim do EspetáculoOnde histórias criam vida. Descubra agora