Capítulo 25 - Mr. Fofinho

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Gideon estava deitado em uma cama de hospital, desacordado desde o dia em que teve o fatídico encontro com o devorador de sonhos. Naquele dia, os socorristas que o atenderam ficaram surpresos com o estado do garoto. Situações como aquela não eram comuns na cidade. Gideon deu entrada no hospital com vários hematomas e alguns ossos quebrados; foi um milagre ele não ter falecido. O mais estranho de toda a situação é que ninguém sabia ao certo quem havia feito aquilo com o garoto. Nem mesmo a competente força policial da cidade conseguiu obter informações. O palpite mais válido dos policiais era que o menino havia sido atacado por um ornitorrinco gigante, algo que, segundo eles, é bem comum nessa época do ano.

Durante três longos dias, uma pessoa nunca saiu de perto do menino: sua amiga Pacifica. A garota não gostava nem mesmo de deixá-lo sozinho com as enfermeiras, alegando que elas poderiam tentar roubar os órgãos de seu amigo. Embora fosse uma afirmação absurda, todos ali apreciavam a determinação e empenho de Pacifica para manter Gideon seguro. Durante esse tempo, Pacifica saiu poucas vezes do quarto de hospital, geralmente para fazer coisas básicas, mas sempre retornava rapidamente. Já Gideon não dava sinais de que acordaria tão cedo. Embora seu quadro fosse estável, os médicos não deram previsão de quando ele despertaria.



— O-Onde eu estou? — um menino perguntou olhando à sua volta.

O garoto notou que se encontrava em uma floresta. Ali era um lugar onde o silêncio era absoluto. As árvores, antigas, formavam um denso dossel que bloqueava a maior parte da luz do sol, criando um ambiente um pouco sombrio. As folhas farfalhavam levemente ao sabor do vento, produzindo um som suave que quebrava, apenas por instantes, o silêncio predominante

Ele sentiu um enorme desconforto estando sozinho naquele lugar. Apesar de não gostar da sensação, havia uma parte dele que sentia que fazia parte dali, como se tivesse convivido naquela floresta por anos. Contudo, por algum motivo, ele não a reconhecia direito. Por alguns instantes, sentiu-se um estranho dentro de sua própria casa. O medo e o desconforto começaram a crescer de forma gradual conforme ele olhava em todas as direções e não via nada além de árvores. Sua respiração começou a ficar pesada, e seu corpo ficou um pouco trêmulo. Ele não tinha ideia do que fazer; aquela situação era extremamente terrível.

Enquanto observava seu redor, algo o surpreendeu. A poucos metros dali, havia uma mulher andando pela floresta. Ela carregava uma cesta de piquenique em uma das mãos e um mapa na outra. Ela estava tão concentrada em observar o mapa que nem notou a presença dele ali. A visão inesperada da mulher trouxe um alívio momentâneo ao garoto, mas também o deixou intrigado.

— Droga, parece que eu estou andando em círculos! Odeio muito essa floresta. — expressou a mulher demonstrando seu descontentamento.

— É... Oi? — disse o menino chamando a atenção da mulher.

Quando ouviu a voz do garoto a mulher deu um pequeno pulo para trás, sua concentração era tão grande que esqueceu completamente do mundo ao seu redor. Quando olhou na direção da voz, ela teve mais uma surpresa, Gideon estava parado em sua frente com um rosto totalmente assustado e perdido.

— P-Perdão lhe incomodar, mas onde eu estou?

— Bem longe de casa, senhorzinho.

— Eu não tô entendendo... Eu acabei de acordar aqui...

— Você não me reconhece?

— Não, a senhora é alguma conhecida minha?

— Senhora é a mãe! Sou só um pouco mais velha que você!

Reverse Falls: O Fim do EspetáculoOnde histórias criam vida. Descubra agora