Capítulo 23 - Devorador de Sonhos

80 6 4
                                    


Em uma noite fria e silenciosa, dois jovens decidiram explorar a galeria de arte de Reverse Falls. A galeria não funcionava naquele horário, e por isso seria o melhor momento para invadirem o local. Os dois conseguiram arrombar a fechadura da janela e entrar no lugar. Sem perceber, a garota, Clarisse, acabou acionando o alarme silencioso, quando pousou de forma desajeitada no chão. Com lanternas em mãos, adentraram o lugar, observando com fascínio os quadros cobertos por panos brancos, para que não enchessem de pó durante a noite.

Entre as obras, um quadro peculiar chamou-lhes a atenção, pois não tinha nenhum pano o cobrindo. Era uma pintura de um bosque sombrio, com árvores retorcidas e um caminho estreito desaparecendo na escuridão. Enquanto examinavam a obra, uma sensação estranha os envolveu, como se o próprio quadro estivesse se mexendo de alguma forma esquisita. Clarisse ficou assustada e se afastou um pouco ao notar aquilo, porém Lucas, seu amigo, não temeu aquilo e continuou a ficar observando de perto aquela obra.

De repente, o bosque na pintura pareceu ganhar vida própria. As árvores começaram a se mover suavemente, os arbustos farfalhavam como se uma brisa soprada os estivesse abanando. Lucas e Clarisse trocaram olhares surpresos, incrédulos com o que estavam testemunhando. Então, sem aviso prévio, uma força invisível pareceu puxar Lucas em direção ao quadro. Ele gritou desesperado, agarrando-se ao batente da moldura enquanto era arrastado para dentro da pintura. Clarisse, que ficou alarmada vendo aquela cena, tentou agarrar seu amigo, mas era tarde demais. O quadro havia consumido ele, deixando apenas o eco de seus gritos perdidos no ar.

Em pânico, Clarisse virou-se para fugir, mas antes que pudesse alcançar a porta, mais uma vez o quadro agiu. Ele começou a puxá-la para dentro dele. A menina ficou extremamente desesperada, mas não tinha nada que ela pudesse fazer naquele momento, a força que a puxava era extremamente absurda. Em poucos segundos, a menina foi devorada completamente.

Enquanto isso, do lado de fora da galeria, os policiais Durland e Blubs chegaram em resposta ao alarme de segurança disparado. Eles entraram na galeria, mas não encontraram nada fora do comum, todas as janelas e portas estavam trancadas. Além dos quadros todos estarem ali cobertos. Não tinha nenhum sinal sequer dos intrusos. Os dois, sem saber o que fazer e sem querer se esforçarem em investigar, saíram da galeria constatando que houve algum mau funcionamento do alarme.


Manhã seguinte.


— Pior dia de todos! — Pacifica falou sentada no sofá enquanto assistia televisão.

— Nossa, filha. Por que esse desânimo todo?

— Como eu não vou ficar desanimada?! Esse dia não está acontecendo literalmente NADA!

— Mas ainda são nove da manhã, docinho.

— O quê? Já são nove horas? Droga, eu tô perdendo meu dia completamente.

— Calma, por que você e o Gideon não fazem alguma coisa diferente hoje?

— Alguma coisa diferente?

— Isso, quem sabe seja legal fazer alguma coisa menos perigosa do que a senhorita anda fazendo — o pai da garota falou em um tom de repreensão.

— Ei, eu faço coisas pouco perigosas! Recentemente, até fui para uma feira com o Gideon — Pacifica não comentou sobre o incidente com o tigre para seu pai.

— Eu sei, docinho, mas seria legal fazer algo ainda mais seguro .

Pacifica olhou para o rosto do seu pai e viu que ele realmente estava querendo revelar alguma coisa, mas a menina não estava dando abertura.

Reverse Falls: O Fim do EspetáculoOnde histórias criam vida. Descubra agora