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Beatriz Castro

Eu acordo sozinha no quarto, o António dormiu comigo e dá última vez que acordei eu sabia que tinha a certeza desse acontecimento.

Levanto-me ainda sonsa, e vou até a porta do quarto, percebo uma conversa vinda da cozinha, coço os olhos para acordar e fico a ouvir a conversa, não era muito cusca, mas a conversa chamou-me a atenção, sim por ser de mim que estavam a falar.

- Gostas dela? - Pergunta o Neves e o António responde demasiado depressa um

- Eu não! - Prendo a respiração para não fazer barulho.

- Por favor. Só quem é cego é que não vê. Vocês tem química, uma conexão incrível. - Foi o Neves.

- Eu e ela somos apenas amigos. Não quero estragar isso. - Nem eu!

- Por favor! Eu sabia que eras burro, não a este ponto!

- Ela não me vê mais que um amigo, okay? - Não via? Eu disse que queria um beijo dele.

- Tens a certeza? - Pergunta o Neves.

- Tenho! - Disse tão convicto que eu senti-me mal.

- Então porque razão, a mulher que tens na tua cama, veio ver-te e conversar contigo pessoalmente, após um ataque de ciúmes da tua parte? Porque razão António? Não consigo perceber se é amor ou é o quê?

- Não é amor okay? Somos amigos há alguns meses, e não vamos passar disso. - Não esperava outra coisa, mas a forma como disse magoou-me.

- Tu é que sabes, mas quem perde és sempre tu! - diz e eu entro no quarto do António, respiro fundo antes do enfrentar, Éramos amigos e apenas isso.

Vou até a cozinha.

- Acordei-te? - Pergunta.

- Não! - digo a abanar a cabeça e a entrar para a cozinha.

- Dormiste bem?

- Dormi! - disse apenas e baixo.

- Estás bem? - Pergunta e eu afirmo.  - Não pareces bem!

- Tenho fome! - digo com um leve sorriso e ele prepara-me qualquer coisa.

- Não é grande coisa, mas é o melhor que consigo fazer! - disse e eu fico por detrás dele.

Não estava a cheira-lo, mas estava bastante próxima para o fazer.

- Eu gosto! - disse e rouba-lhe o prato, sento-me na bancada. - Está bom! - disse e dei-lhe a provar, ele aproxima-se de  mim e come do mesmo garfo.

- Eu sou um ótimo cozinheiro. - disse e eu afirmo.

- Eu também acho. - digo cabisbaixa.

- Ouviste alguma coisa? - Pergunta desconfiado.

- Não. Tive só um pesadelo. - Foi a primeira coisa que me veio a cabeça.

- Porque não dizeste logo?

- Porque não é importante.

- Claro que é importante. - Pouso o prato e quis chorar, ela abraçou-me e eu prendo o choro, eu gostava dele!

- Obrigado! - diss. - Eu tenho de ir embora. - disse a sair da bancada.

- Porquê?

- Porque tenho de ir para Universidade. - digo, de facto era verdade, mas eu queria chorar e ali não conseguia.

- Pois. - digo.

- Vemo-nos em Ibiza. - Despeço-me dele após despachar-me para partir, saí da casa dele, sem ao menos abraça-lo, porque estava a sentir sufocada.

- Espera! - Diz e eu olho para trás, Não António!

- Esqueci-me de alguma coisa? - Digo a tentar segurar as lagrimas.

- Não! - diz a respirar pesadamente.

- Então o que se passa? - Pergunto.

- Não sei diz-me tu, estás estranha! - disse.

- Eu estou bem, estou normal. - digo prestes a chorar.

- Não, não estás bem nem normal, se estivesses bem estarias a sorrir e não estás. Se estivesses normal, estavas prestes a chorar por nos separarmo-nos outra vez, o que aconteceu?

- Nada! Apenas estou cansada, e vou para casa! - digo e começo a sentir os olhos molhados.

- Não acredito em ti.

- Tu és sincero no que dizes? - Pergunto e ele afirmo. - Diz António, és sincero? - Pergunto para ter a certeza.

- Sou! Eu sou sincero. - disse e aí tinha a certeza que ele não gostava de mim, como eu gostava. - O que se passa Beatriz?

- Somos amigos, melhores amigos, não? - Confirmo. 

- Sim somos, Bia, não estou a perceber! - Diz.

- Até daqui há 2 semanas. - digo e viro-me de costas, vejo o autocarro e deixo soltar as lágrimas que teimavam em cair, compro o bilhete para Sete Rios e caiu no banco a chorar. Porra!

O resto do caminho até ao Algarve foi péssimo.  Chorei o caminho todo e até perguntaram se estava bem e se queria alguma coisa.

Não quis nada, apenas chegar a casa e chorar.

Cheguei por fim a casa depois de 5 horas de tortura e quando entro, não percebo que os meus pais estavam lá, vou diretamente para o meu quarto, tranco-me e caí na cama em lágrimas.

- Bia? Estás bem?

- Quero estar sozinha! Por favor Francisco agora não! - digo a chorar.

- Bia... o que aconteceu?

- Nao quero falar agora... por favor  compreende. - digo e ouço o silêncio, fecho os olhos.

Burra! Porque achaste mesmo que ele queria alguma coisa séria?

Finally Together | ACABADAOnde histórias criam vida. Descubra agora