António Silva
Acordo e procuro-a pelo tato, sinto alguma coisa e digo:
- Bom d.. - Abro os olhos e percebo que estava sozinho, fico por alguns momentos pensativo, sento-me na cama e coço os olhos agarro no telemóvel e vejo as horas, percebo que alguma coisa caiu, mas não dei importância, era 12:00, deveria ir embora.
Acho que tive uma resposta, já que ela partiu sem se despedir, agarro nas minhas coisas, e desço, acabo por não comer nada, quando ia fechar a porta, percebo que me faltava a minha carteira por isso, volto a subir, encontro-a e vejo a carta no chão.
O meu nome estava escrito na parte de cima.
António
A letra dela estava bonita como sempre, mas estava trémula, percebo que foi escrita a pressa, mas com alguma incerteza.
Abro-a com medo e sento-me na cama.
António
Olá, não sei como escrever isto e se faço bem escrever isto, mas foi o que senti neste momento, achei o correto!
Começo por dizer, desculpa, em primeiro lugar por ter saído sem dizer nada, e desculpa estar a despedir-me assim, mas não tenho coragem para dizer isto a olhar para os teus olhos, sou demasiado cobarde neste momento para dizer o que quer que for.
Vou-me embora! Sabes que sou direta, às vezes, mas sim Vou-me embora de Portugal, preciso de sair daqui, necessito de mudar de espaços, mudar de cultura, ambiente, preciso!
Admito que é cruel da minha parte sair assim, mas não consigo mais.
Eu perdoo-te como tua amiga,mas sinceramente, acho que damos apenas como amigos, desculpa alguma coisa Tojo, mas não consigo, sei que não me podes responder e eu sei que se tivesse ovários sufientes para admitir isto a tua frente, talvez as coisas fossem diferentes, mas quero apenas que sejas feliz, não chores mais, vou continuar a apoiar-te, mas como tua ex-namorada, fiquei muito desiludida contigo.
Tem um bom ano, e se não nos virmos mais, uma boa vida.
Nunca vou esquecer-te Lampião!
Da tua: beacastr9
Respiro fundo e deixo-me ficar a ver aquilo, reli a carta umas mil vezes antes de ter uma reação sincera, mas como ela nem eu tinha coragem para voltar a enfrenta-la.
Não tenho tomates para isso!
Merda Bia! Merda!
Levanto-me agarro na carteira e na carta e fecho a casa dela, não tinha palavras e os meus olhos estavam completamente molhados, quando cheguei ao carro, choro.
O telemóvel no meu bolso, desbloqueia-se e vejo uma foto dela, nossa!
Ligo-lhe sem querer, porra, não.
Tento desligar, mas bloqueia.
Neste momento não posso atender, por favor ligue mais tarde!
A voz dela gravou-se na minha mente, o aparelho bloqueia novamente.
O número para o qual ligou não se encontra disponível, após o sinal deixe a sua mensagem
Li a tua carta, e não fiquei contente por teres saído sem avisar, nem triste porque me perdoaste, nessa parte até fiquei... bem não sei, eu fui estúpido e perdi uma mulher incrível por uma desconfiança minha, espero que encontres o que procures e que sejas Feliz, porque desejo-te isso apenas, felicidade, eu adoro-te, eu amo-te e espero que saibas que vai doer-me muito, mas respeito a tua decisão, Vai dando notícias Lagarta!
Desligo e mando a mensagem de voz a chorar, respiro fundo e choro. Merda!
antoniosilva.66Antes de mais, queremos dizer que esta decisão foi uma das escolhas mais difíceis que tivemos que fazer, ao longo dos 5 anos que tivemos juntos como amigos e 3 como casal, custa-nos dizer que é uma despedida dura.
Acabámos!
Sim infelizmente é verdade, decidimos acabar a nossa relação publicamente, pois um de nós é uma figura pública, mesmo não sendo necessário, achamos que merecerem uma explicação.
É uma verdade dura, mas simplesmente tivemos que a dizer.
Continuaremos amigos e um dia quem sabe voltaremos a encontramo-nos.
Bia e António
Volto para casa, depois de mais um treino, duro para o meu corpo. Não dormia, não comia e o meu pensamento era o sorriso dela, não podia ficar assim, não mesmo, corro para não pensar nela, tenho aulas de boxe para descontar a raiva, e mesmo assim nos poucos minutos acordado ela era o meu pensamento, ela era tudo para mim, por isso custa-me tanto.
Eu sabia pelo Neves que ela não estava melhor que eu, tinha de facto saído de Portugal, mas pelo que o Neves diz, emagreceu, e não dorme, sentia-me culpado. Era culpado, mas agora não podia dizer nada.
Eu também precisava de espaço de sair, e parar de pensar nela pelo menos por uns tempos.