Beatriz Castro
Quando finalmente ganho coragem para dizer a verdade ao Tojo, o meu irmão consegue estragar os meus planos.
Abro-lhe a porta, e o António despede-se de mim, pois percebeu que não sairia dali tão cedo, e pior que os meus irmãos irão mesmo o Edgar e o Hugo.
Acompanho o meu irmão ao quarto.
- Bia? - diz bêbedo.
- O que foi?
- Tu és linda! - Sorri.
- Dizes isso porque estás bêbedo. - digo a retirar a camisola dele que cheirava a bebidas álcoolicas.
- Mas é a verdade, nunca te cheguei a dizer o quanto gosto de ti. - diz e eu apenas sorri. Dou-lhe banho, assim por alto, e depois deito-o. - Obrigado por cuidares de mim.
- Faço o que posso. - digo.
- Bia?
- Sim?
- Fizeste as pazes com o António?
- Quase porquê?
- Não guardes para amanhã o que podes fazer hoje. - diz e acaba por adormecer.
Eu sabia que dali ele não iria sair, pois o meu irmão aterrava mesmo.
Percebo que os barulhos na casa ao lado iam diminuindo até que depois de uns 40 minutos todo ficou em silêncio.
Agarro no telemóvel e mando uma mensagem ao António, eu quero ser amiga dele, e apesar do que aconteceu, eu sabia que ele também queria ser meu amigo, por isso, tínhamos que falar.
Agora, seria eu capaz de guardar os meus sentimentos?
António Silva
Quando deito o pessoal vejo uma mensagem da Bia.
"Se tiveres acordado, podemos ir dar uma volta!"
Sorri com a mensagem e depois de mais uma chapada do Neves eu sabia que tínhamos que falar.
Eu não queria estragar o que tínhamos, mas também não queria continuar naquele silêncio desconfortável que nunca aconteceu na nossa história antes.
Respondo a mensagem, visto um casaco e desço, apago tudo e fechei a porta, ela estava encostada ao murro, a minha espera.
- Olá! - Ela pressentio-me por isso não se assusta.
- Olá! - diz com aquele sorriso fraco, que deixava-me sem ar.
- Vamos dar uma volta por onde?
- Podemos ir até as Docas! - diz e eu afirmo, o caminho até a marinha foi desconfortável, nem um nem o outro dizia nada, e aquilo já estava a irritar-me, considerava-me tímido, mas com ela sempre foi muito conversador, já ela apesar da timidez inicial era bastante extrovertida, o silêncio dela era mortal podia dizer.
Sentamo-nos num banco perto ali perto e ela começa por dizer.
- Como chegámos a este ponto? - Ao início não percebo a pergunta, mas ela recapitula. - Virámos amigos do nada, éramos confidentes um do outro e em 2 semanas não fomos nada.
- Tu abalaste... foste embora.
- Porque eu... Tu és burro António?
- Não!
- Parece! - Ela passa as mãos no cabelo.
- Porque todos dizem que sou? Tenho isso escrito na cara?
- Tens! - diz.
- Ai tenho! - Aproximo-me dela e quis beija-la, ela fez o olhar triângulo o que me deixou com mais vontade.
- Eu não quero estragar a nossa amizade. - diz. - Mas eu quero beijar-te, a meses que o quero fazer. - diz e eu fico sem reação. - Fogo António. - Ela puxa-me pelo casaco e inicia um beijo lento, agarro a nuca dela e aprofundo o beijo.
Como eu queria aquilo.
Como desejei aquilo.
Separamo-nos pela falta de ar, malditos pulmões.
- Eu fiquei triste, porque disseste que querias ser apenas meu amigo, e eu não quero isso.
- Eu também não. - Ambos ficámos em silêncio, até que os nossos olhares de cruzam novamente.
- Eu adoro-te, sabes? - diz.
- Eu amo-te! - Digo e quem ficou sem palavras foi ela.