Antonio Silva
Percebo a merda que fiz quando naquele dia ela saiu do meu quarto sem dizer mais nada.
E passado uma semana aquilo só me destruiu, quando cheguei ao Benfica Campus, eu estava irritado e chateado com tudo, acreditei nos meus amigos em vez de acreditar na minha namorada.
Estúpido!
- Entalaram-me bem vocês! - digo a chegar ao balneário.
- Calma rapaz. - diz o Rafa.
- Calma o Caralho! - Digo irritado. - Porque me foste dizer aquilo? - digo para o Samuel.
- E tu acreditaste, és mesmo totó! - disse o Samuel.
- Estou perdido. - disse o Musa.
- Eu, o André Gomes e o David Neres, dizemos a esta anta, que a Beatriz andava com ele apenas porque queria ser famosa.
- Isso é mentira. - disse o Otamendi.
- Sabemos. O Toto foi-lhe dizer isso. - disse o Neves.
- Grande borrego! - disse o Musa.
- Ela acabou comigo.
- Fez ela bem! Bem feita. Tu és estúpido ou quê? - disse o Neves levantado ao meu lado.
- Tu devias apoiar-me. - Ele respirou fundo.
- Tu dizeste a Bia que ela andava contigo por ser oferecida, que andava contigo apenas por querer algo teu, tu mais que ninguém sabe que isso não é verdade.
- Eu confiei em vocês, vocês são meus amigos.
- Meu, não era para levares a sério! - disse o André. Comecei a chorar no meio do balneário.
- Fogo António! - diz o Neres. - Eu falo com ela, não deverias ter dito aquilo e nem pensado nisto, mas, eu sou muito bom no que faço! - diz e eu choro mais. - Já passou bebé! - diz a abraçar-me e eu começo a chorar mais.
- Ai agora! Anda cá a mãe. - diz o Rafa a abraçar-me e eu começo a rir e a chorar ao mesmo tempo se isto for possível. - Deixa que eu falo com ela. - diz o Rafa.
- É melhor ser o Rafa ou o Neves a falar com ela. Não tenho nada contra ti Neres, mas ela dá-se melhor com eles. - disse e ele encolheu os ombros e saiu do balneário com o Aursnes.
- Não era para levares isso para o lado pessoal. - disse o Samuel.
- Ela nunca mais vai confiar em mim. - digo sentado no chão.
- Eu e o Rafa falámos com ela, está bem? - diz o Neves. - Não gosto destas brincadeiras, mas sou teu amigo e amigo dela, e amigos servem para isso.
- Desculpa António. - diz o André.
- Desculpa mano! - diz o Samuel.
- A culpa foi minha, se eu não tivesse dito nada seria melhor. - digo. - Eu acreditei em vocês, foram tão bons naquilo que disseram que eu acreditei. Foram persuasivos, certos.
- Quase que me desfiz a rir. - diz o André quase a rir.
- Não tem graça. - diz o Samuel a rir.
- Parem de rir que eu quero chorar! - digo e os 3 partem-se a rir, tento focar-me no meu choro, mas afinal é que eu fui burro, estúpido, e etc, e apenas uma conversa vinda deles não vai adiantar muito, tinha que pensar em alguma coisa, mas no quê? O que poderia mudar o que fiz?
Vou ao instagram e mando-lhe o seguinte:
Vais ver o Mundial no Qatar? É perigoso sabias?
Foi a minha primeira mensagem para ela, ela viu a mensagem e depois de uns 4 minutos respondeu.
Pretendo! Porquê?
antoniosilva.66 Não era assim que devias responder!
E como haveria de responder?
antoniosilva.66 Queria falar contigo, não achei maneira melhor!
Revivendo o passado?
antoniosilva.66 Sim!!
Fazes mal! Isso faz mal!
antoniosilva.66 Não acho! Eu errei Bia!
O que te faz pensar que isso muda alguma coisa? Achas que isto muda, que ia reviver o passado e sorrir?
antoniosilva.66 Não! Nunca pensei nisso, achei apenas que estávamos nervosos e dissemos coisas que não deveríamos.
Não temos nada para conversar e agradeço desde já que não voltes a mandar-me mais mensagens.
Respiro fundo e ligo-lhe, ela recusa a chamada e eu volto a ligar.
- O que foi? - Diz com uma voz de choro.
- Não vale apena rires comigo e chorares sozinha! - digo.
- Não interessa nada!
- Interessa Beatriz, eu errei, foi um erro meu desconfiar de ti.
- Está bem! Não quero saber.
- Queres sim, eu conheço-te princesa, deixa-me...
- Não! Tu magoaste-me, pode ter sido uma estúpida brincadeira, mas tu confiaste neles, não te julgo por isso, mas tu foste insensível.
- Eu sei, eu sei que foi, deixa-me compensar-te.
- Não quero que me compenses, não quero nada teu, de ti quero distância! Lampiões como tu eu quero distância.
- Não há nada que possa fazer?
- Sim há uma coisa.
- O quê?
- Não me procures mais.
- Tu sabes que não posso fazer isso.
- Adeus António!
- Espera Beatriz...
- E não quero que mandes ninguém vir falar comigo, porque se vier eu juro que te excomungo! - diz e desliga a chamada.
Merda!
- António, vamos! - diz o Neves, eu fui para o treino, mas a minha cabeça não estava ali.
- O que foi? - Pergunta o Neves atrás de mim.
- Falámos depois. - digo apenas e tento concentrar-me naquele treino, mas era impossível, recordava-me dela do sorriso, do toque, da voz, do cheiro, de tudo, acabo por tropeçar e sou levantado pelo Otamendi.
- Então? - Pergunta, o treino continuou e por segundos pensei que ele tivesse a mamdar vir comigo, mas o silêncio dele assustou-me.
- Eu fico concentrado! - digo e ele abanou a cabeça.
- Vai falar com o treinador e vai para o balneário, tu não estás bem! - diz e eu afirmo. - Põe-te bom Capitão. - diz e eu respiro fundo, falo com o Mister e ele dá-me autorização para sair mais cedo, fico por alguns minutos no chuveiro, a água quente passava-me pelas costas e as lágrimas escorrem pela minha face, fechei a água e despacho-me para sair, não queria ver ninguém, nem estar com ninguém, apenas comigo.
Fui para casa e quando cheguei ao meu quarto deslizo pela parede e acabo por ficar ali, a chorar, mais uma vez.