Uns minutos antes
Beatriz Castro
Cheguei ao edifício da Sport TV, na segunda feira, a minha mãe veio comigo apenas para dar um olho a Margarida, já que tinha que ir falar com o meu chefe, por felicidade ou infelicidade minha encontro a Francisca que começou a fazer milagres de perguntas e eu tive que admitir que a filha era minha, mas implorei pelo seu silêncio, ela ficou apreensiva, mas prometeu o silêncio, deixei-a com ela e com a minha mãe e subo para os escritórios, entrego os relatórios ao meu chefe e ele felicitou-me pelo bom trabalho que realizei na Austrália.
Demoro-me ainda uns minutos ali e quando desço para encontrar a minha mãe e a Kika, quase tive um ataque, procuro-as pelo olhar, mas nada, o silêncio naquele edifício era nítido e não era bom.
Respiro fundo e desço as restantes escadas a correr, nada!
Entrei em pânico total, passo a sala de esquina e vejo o António de costas, completamente paralisado, não! Não!
Viro-me de costas, mas a voz da pequena Magui ecoou pelo espaço.
- Mama! - Viro-me para o António e percebo que ele a tinha ao colo, ela veio na minha direção e eu agarro-a. Tremi assim que o António acorda para a vida e diz.
- Mãe? - Foi a minha vez de entrar em pânico, seria agora que ele iria descobrir a verdade. - É bonita, como se chama?
- Margarida! - digo rouca.
- É lindo o nome. - diz e aproximaram-se de nós. - Foste mãe?
- Fui! - Digo eu não estava preparada para aquela conversa, acho que nunca vou estar.
- Quantos anos tem?
- 1! - Responde a própria. - Vo fazer 2 dia tinta de october.
- 30 de Outubro? - Afirmo. - Fazes no mesmo dia que eu. - diz para ela e ela sorriu. Eu não digo nada, porque somos interrompidos pelo grupo, desta vez estava safa, mas pela cara dos restantes eles já sabiam, e confirmo essa teoria quando o Neves disse isto ao meu ouvido.
- Ele tem o mesmo direito que tu de saber a verdade! - diz. - Estás a descer ao mesmo nível dele, estás a mentir. - diz ainda.
- Não tenho coragem.
- Arranja-a Beatriz, tu és mais forte que isto. - diz alto, e despede-se de mim. - Passo lá na tua casa um dia destes.
Quando volto a olhar para a Margarida vejo-a no colo do António.
- home. - diz a pequena.
- Vamos já! - digo. - Podes passar lá em casa, um dia destes? - Pergunto e ele apreensivo afirma.
- Claro! - Diz com um sorriso na cara, ele passa-me a Magui, e ela sorriu para o mesmo.
- Goto dele!
- Gostas?
- Sin. - diz com um sorriso na cara.
- Eu também gosto. - diz e saiu.
- Tu não sabes o sofrimento que tenho por ver-te a mentir assim! - diz a minha mãe.
- Como? Como eu lhe digo que ele é pai? Diz-me? - Digo a olhar para a saída.
- Diz Beatriz, diz apenas, ela merece ter um pai e eu sei que ele vai perceber.
- Ele namora.
- E então? Não o fez? Tu comeste um erro, um erro grande, mas ele é o pai dela, ele tem de saber. Não me obrigues a dizer isto por ti. - diz a minha mãe. - Ele não é nenhum canalha, um idiota, ou um adúltero, ele é um Homem, e apesar de ter feito o que fez ele pediu desculpa, aceita isso. Vocês foram amigos, melhores amigos, vocês mais que ninguém se conhessem, parem com isto. - diz e eu engolo a seco. - Não deveria dar-te sermões, mas tu mereces Beatriz Gabriela Castro Silva. Mereces! - diz e seguimos até ao carro. Respiro fundo e tento pensar naquilo, e não podia esperar mais, eu tinha de lhe dizer.