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Leonor Neves

— Aqui está! — Sónia disse assim que pousou o monte de papéis em cima da minha mesa. — o doutor Henrique quer tudo organizado até ao final da tarde.

Ela deu um sorrisinho sónico e saiu com os seus cabelos loiros a esvoaçar e toda cheia de peneira.
Não a suporto!

Bufei mais uma vez e atirei a caneta contra a mesa.

— Não aguento mais isto! — murmurei apenas para mim.

— Não te prendas a isto, tens capacidades para muito mais e tu sabes. — ouvi a voz da dona Pamela, a senhora da limpeza, a única de quem eu gosto é confio nesta empresa.

— Se não fosse tão difícil encontrar emprego hoje em dia, sobretudo naquilo que gostamos. — suspirei e comecei a fazer o que me tinham mandado.

— Eu sei querida, mas não desistas. — ela deu uma fraco sorriso ao qual eu retribui.

— Obrigada dona Pamela. Você é que merecia bem melhor. — respondi.

O meu telemóvel vibrou e assim que olhei vi que era a minha mãe que me ligava.
Mais uma vez bufei e revirei os olhos.
Não está no meu melhor dia e com certeza era mais um jantar de família que estava marcado para esta noite e como sempre sou a última a saber.

— Diga mãe! — disse sem qualquer ânimo assim que atendi.

— Boa tarde Leonor. — ela respondeu. — espero que a menina não se tenha esquecido que hoje haverá um jantar em nossa casa. O tio Pedro estará presente tal como o seu primo e a sua tia. Não se atrase.

— Como haveria eu de me esquecer de algo que eu nem sequer sabia. — respondi revirando os olhos mais uma vez.

— Mais uma vez o seu pai não deu conta do recado. Sou sempre eu a tratar de tudo nesta casa, não sei como serão as coisas quando eu cá não estiver. — Ela disse e pude ouvi-la bufar. — Bem não interessa, o jantar será servido ás vinte horas. Não se atrase querida, por favor!

— Não se preocupe mãe. — suspirei e ela logo desligou a chamada.

Só queria que o dia acabasse e eu pudesse ir para casa tranquila e descansar no meu sofá enquanto via um filme qualquer mas mais uma vez isso não seria possível.

Estou tão cansada da rotina, de não ter tempo para nada, nem amigos eu tenho.
Sinto-me sozinha muitas vezes mas a verdade é que eu escolhi morar sozinha também e escolhi aceitar este emprego em vez dos outros três sítios onde me candidatei, por isso se estou onde estou só me posso culpar a mim própria.

Arrumei aquela papelada toda e com tudo isto já eram 18h30. Teria de me despachar até casa e arranjar-me para ir para casa dos meus pais.
Sei que vou chegar atrasada e sei também que vou ser criticada por isso não há o que fazer.

Assim que cheguei a casa fui logo para o banho e tentei não demorar muito.
Depois de seca, vesti uma roupa confortável mas não tanto e calcei os meus converse pretos.
Peguei a bolsa e as chaves de casa e do carro e voltei a sair de casa.
19h52, é, eu vou definitivamente chegar atrasada não há o que fazer.

...

Assim que cheguei a empregada veio abrir a porta e sorriu para mim.

– Boa noite menina. — ela disse a cedeu-me algum espaço para que eu entrasse.

— Boa noite Marta. — respondi com um sorriso igualmente.

— Atrasada, mais uma vez. — logo ouvi a voz da minha mãe.

— Deixe, ela esteve a trabalhar não esteve o dia todo em casa como você. — disse o meu pai e logo recebeu um olhar mortal por parte da minha mãe. — olá querida como está?

— Estou bem pai e o senhor? — perguntei cumprimentando-o com um breve abraço.

— Estou bem, estaria melhor se a menina voltasse para cá para casa. — ele respondeu com um sorriso fraco.

— O pai sabe que eu gosto muito de ser independente e ter o meu sossego. — respondi e ele assentiu sabendo exactamente do que eu estava a falar.

— Bom, o seu tido veio cá hoje e desta vez trouxe o nosso menino de ouro. — o meu pai sorriu assim que pontou para o meu primo João.

— Olá João, tudo bem? — perguntei cumprimentando o meu primo.

— Eu estou ótimo. Estou a viver o meu sonho. — Ele sorriu. — Já tu... pareces cansada, desanimada.

Não sabia o que dizer, não queria falar nada em frente aos meus pais sobre tudo na frente da minha mãe que com certeza diria que tinha razão quando disse que eu ainda não estava pronta para sair de perto dela e do meu pai.
Apenas sorri fraco e olhei para o chão.

Acho que o João percebeu que não era a hora certa para falar sobre o que se passava na minha vida ou não então não tocou mais no assunto.

— Bom, vamos jantar! — Disse o meu pai e todo concordamos seguindo-o até à sala de jantar. — Titular no próximo jogo João?

— Sem certezas tio, amanhã saberei na hora certa. — respondeu o João sentando-se ao meu lado.

— Com certeza vai ser! — respondeu o meu tio olhando orgulhosamente para o filho.

Senti algo tocar na minha perna e vi que era o telemóvel de João que mostrava o seu bloco de notas aberto e nele escrito "Da-me o teu número".
Peguei no seu telemóvel discretamente e marquei o meu número nele e logo o entreguei.

Nunca tinha tido muito convívio com o João apesar do meu pai e o meu tio serem bastante próximos e fazemos muitos jantares de família, o João nunca vinha, sempre tinha jogo nesses dias ou então estava cansado dos treinos o que era bastante compreensível. É um milagre ele estar presente hoje, suponho que o treinador tenha dado uma pequena trégua hoje.

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Oi!
Passei para pedir desculpa qualquer erro gramático.
Como expliquei em outras obras, eu sou portuguesa sim, mas eu não vivo em Portugal nem tenho aulas de português então é provável que haja um erro aqui ou ali e peço desculpa dou o meu melhor para aprender sozinha e escrevo como sei.

Não hesitem em deixar as vossas críticas.
Beijos 💋

Até Te Encontrar || Petar MusaOnde histórias criam vida. Descubra agora