Leonor Neves
Todos já estávamos á mesa e eu fiquei do lado do Tiago que estava à minha esquerda e à minha direita encontrava-se Catarina com a sua pequena no colo.
Petar decidiu ficar do outro lado da mesa, um pouco longe de mim ao lado da Alemã.
Se eu fiquei incomodada com isso?
Um pouco, tenho a impressão de que ele está a tentar pagar-me da mesma moeda e eu acho isso ridículo ou então estou só a ser dramática.— Passa-se alguma coisa? — perguntou Tiago.
— Não, porque perguntas? — respondi com uma pergunta.
— Não paras de olhar para o Musa. — ele respondeu e bebeu um pouco da sua água.
— Eu não estou a olhar para o Musa. — tentei disfarçar.
— Vá lá Nônô. Comigo não. — ele riu. — Estás a olhar sim. Também reparei que desde que vocês chegaram ele não parou de falar com a Mathylde e deixou-te um pouco de parte, o que não é normal visto que andam quase sempre juntos.
— É impressão tua, tal como eu, ele tem o direito de falar com outras pessoas. Não é exclusivamente meu amigo, nem eu dele. — Respondi.
— O Neves disse que ele ficou meio incomodado ao saber que nós temos falado muito. — disse Tiago.
— Ele ficou mesmo. — suspirei. — Tem medo que eu o troque por ti, eu acho. E acho também que é apenas por ele estar doente que está um pouco sensível, hoje parece uma criancinha.
— É normal haver ciúmes numa amizade também e o Musa não tem muitos amigos aqui por perto sem seres tu ou nós os colegas de equipa, e tu com certeza és quem lhe dá mais atenção e ele faz o mesmo contigo. — disse Tiago e eu assenti.
— Parece que ele já está a fazer mais amigos, neste caso amigas. — sorri fraco. — Já não sou só eu.
— Pelos visto também há ciúmes da tua parte. — o moreno riu.
— Não é ciúmes só acho estúpido ele ter-me criticado por algo que ele também está a fazer. — Eu disse.
— Ele não está a fazer nada de errado e tu também não fizeste, okay? — eu assenti. — Eu acho é que o que vocês sentem já não é apenas amizade, acho que pode ter algo mais aí.
— Estás parvo? Eu não vejo o Petar de outra forma. — Eu ri.
— Se tu o dizes. — ele deu de ombros.
— Aliás eu acho que me estou a interessar por outra pessoa. — Eu disse tentando não ser óbvia.
Tiago olhou para mim e os seus olhos fixaram nos meus. Acho que ele percebeu e logo sorriu e posso arriscar dizer que corou e eu com certeza não estava diferente.
— Um sortudo esse tal. — ele voltou a olhar para o prato timidamente e eu sorri fazendo o mesmo.
Algumas vezes trocavamos olhares ao contrário de Musa que cada vez que olhava para ele este continuava com toda a sua atenção voltada para a alemã.
Não sei porque me incomodava tanto a proximidade deles e isso estava a deixar-me bastante frustrada.— Acho que está na minha hora de ir embora. — Eu disse para Tiago. — Amanhã trabalho.
— Mas já? — ele perguntou meio triste.
— É, eu já tirei o dia de hoje para poder cuidar do bebé de um metro e noventa ali. — Eu disse fazendo sinal com a cabeça na direção do croata. — Não posso faltar mais.
— Ainda não encontraste nada melhor então? — perguntou e eu neguei. — Muito chato. — Ele suspirou e eu concordei. — Bem, podemos combinar alguma cena mas desta vez só nós os dois, se quiseres obviamente.
— Claro, adoraria. — sorri largamente para o moreno que logo retribuiu com um enorme sorriso.
— Vamos falando então. — ele disse aproximando o seu rosto do meu e deixou um beijo na minha bochecha, bem demorado.
— Sim. Até depois. — Eu disse e beijei a sua bochecha igualmente.
— Nena, te vas? — perguntou Otamendi assim que me levantei e peguei a minha bolsa. — Queda-te un poquito más!
— Tenho de trabalhar amanhã, preciso de descansar. — Eu disse para o Argentino.
— Não conversamos nada hoje. — disse Celeste. — Fui trocada pelo Português aí. — Apontou para Tiago.
— Combinamos alguma coisa para pôr a conversa em dia. — Eu respondi. — Vocês também meninas. — disse para o resto das mulheres em volta da mesa e estas sorriram.
— Vou cobrar essa saída. — disse Marta e eu assenti sorrindo.
Olhei para Musa e este já me olhava então desviei o olhar para Neres que chamou também a minha atenção.
— Vê se aparece em um dos treinos esses dias irmãzinha. — disse Neres sempre com o seu ar galanteador. — A Kira também vai ás vezes, vocês podiam ir juntas até.
— Não é uma má ideia. — Eu disse sorrindo e Kira concordou sorrindo.
— Se cuida baixinha. — ele disse e eu assenti.
— Precisas que te leve ou arranjas boleia? — Desta vez falei com Petar que logo se levantou da cadeira e se despediu de Mathilde com um abraço e sorrisinhos.
— Prazer conhecer-te, Leonor. — disse a alemã e eu sorri fraco para a mesma.
— Vamos! — disse Musa e eu apenas acenei para todos e sai do estabelecimento.
Entramos no meu carro em completo silêncio e o caminho até sua casa foi igualmente em silencia.
Incomodada, era como eu estava com a situação, não sabia o que dizer, ou talvez não quisesse dizer nada, e ele parecia partilhar da mesma opinião.Assim que parei em frente ao portão da sua casa ele ficou a olhar para as suas mãos pousadas nas suas pernas.
— O que se passa? — perguntou quase num sussurro. — Estamos distantes.
— Não sei diz-me tu. — Eu respondi olhando pela janela do carro. — Fizeste exactamente aquilo que eu supostamente te fiz. Não sei se foi proposital ou não mas se foi, estamos quites agora.
— Não tem nada a ver com isso. — ele disse. — Eu apenas aproveitei para falar com a Mathylde porque não a via há muito tempo. Ela foi para a Alemanha acabar os estudos e eu não a via desde então. Sempre foi minha amiga desde que aqui estou, no Benfica.
— Tens todo o direito de o fazer. — Eu disse.
— E tu e o Tiago? — perguntou.
— O que é que tem eu e o Tiago, Petar? — perguntei olhando agora para ele. — Queres saber? Gosto do Tiago, não sei exactamente mas acho que me estou a interessar por ele.
— E ele por ti. — soltou um riso pelo nariz.
— Não sei... — suspirei. — Vamos ver como as coisas correm.
— Acho que vou indo, tu também precisas de descansar. — ele disse tirando o cinto do carro.
Eu apenas fiquei em silêncio vendo-o sair do carro e entrar na sua casa.
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Até Te Encontrar || Petar Musa
FanfictionA vida não tinha tantas cores, até te encontrar.