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Leonor Neves

Passaram-se alguns dias depois do ocorrido com a minha mãe.
Entre tanto houve uma derrota do Benfica contra o Real Sociedad, e não tarda temos o jogo contra o casa pia e as coisas não estão fáceis.
A equipa pode facilmente estar desmotivada depois de não ter qualquer vitória na liga dos campeões.

Hoje há jogo contra o Casa Pia e pelo que ouvi dos comentadores o Petar está com uma amigdalite e ele nem se quer me disse nada.
Não temos falado muito ultimamente infelizmente, não sei se por eu estar ocupada neste momento ou ele está cansado ou haverá algo a mais.

Pedi ao Otamendi a morada do Musa visto que era dos únicos que sabia onde o croata mora, e fui para a casa do mesmo depois de passar rapidamente no supermercado comprar algumas coisas.

Assim que lá cheguei estacionei o carro em frente da casa que não era muito grande mas era bem moderna e bonita.
Saí do carro tirando o saco com o que eu precisava e fui até ao portão e toquei à campainha.

O portão abriu-se segundos depois e eu entrei percorrendo o pequeno caminho até à porta de entrada da casa que se abriu assim que eu fiquei de frente para a mesma.

— Oi! — eu disse timidamente assim que vi o croata.

— Oi! — ele respondeu ando-me espaço para entrar. — Não sabia que tu sabias onde eu moro.

— E não sabia, o Nico é que me disse porque um certo alguém está doente e não me disse nada. — Eu disse entrando.

— Tens andado ocupada. — ele disse virando-me costas e indo até ao sofá. — Tens estado muito com o Gouveia, não é?

— Mal o conheço Petar! — respondi contendo o riso. — Temos falado sim mas nada de mais e só estive com ele naquele dia em casa do meu primo.

— Mas não tens respondido ás minhas mensagens como antes. — ele disse cobrindo-se e olhando para a televisão onde dava o jogo do Benfica contra o casa pia.

— Tenho tido bastante trabalho, chego a casa tomo banho, como e vou logo dormir. — suspirei pesado. — Já estou à procura de outro trabalho mas não está fácil.

— Entendo... — ele disse ainda sem olhar para mim.

— Ninguém te vai tirar o lugar, Petar! — eu sentei-me ao seu lado no sofá. — És o meu melhor amigo, nem mesmo o meu primo é tão próximo de mim quanto tu.  Não tens com que te preocupar.

Ele ficou calado e ainda fixo com o olhar na televisão, visivelmente incomodado ele bufou.
Não estava a ser um ótimo jogo, é bem visível e com certeza ele se sente frustrado por não poder ajudar a equipa.

— Posso apoderar-me da tua cozinha? — perguntei e ele apenas acenou positivamente.

Sei que ele está a tentar ao máximo evitar-me, parece ainda chateado, mas tentei ignorar por algum tempo e fazer o que tinha vindo cá fazer.

Fui para a cozinha e pus água a ferver para poder fazer um chá de gengibre para que ele possa melhorar mais rápido da sua amigdalite e também faria uma canja. Algo simples mas que sempre resulta.

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Depois de tudo pronto eu levei o chá e a canja até à sala.
Reparei que o jogo tinha acabado e eu nem vi praticamente nada, mas foi por uma boa causa.
Pousei o chá e a canja na mesa de centro da sala.

— Eu sei que dói alimentares-te neste momento mas vais ter de comer esta canja e beber o chá. — Eu disse pegando na tigela mexendo um pouco com a colher.

— Eu não tenho fome. — ele disse sem olhar para mim.

— Não faças enfiar-te isto tudo pela guela a baixo Petar Musa! — eu disse bastante seria e ele finalmente olhou para mim. — Come!

Levei a colher para perto da sua boca e ele hesitou um pouco mas abriu a boca.

— Foste ao médico certo? — perguntei e ele assentiu. — Ele prescreveu medicação obviamente não é? — Ele assentiu de novo. — Já tomaste? — ele negou. — Criança!

Continuei a dar-lhe a canja como se ele fosse mesmo uma criança e assim que acabou pousei a tigela na mesa de novo.

— Onde estão os medicamentos? — perguntei e ele olhou para mim. — Não me olhes assim! Eu estou a ficar seriamente chateada contigo.

— Estão na cozinha. — ele respondeu e eu fui para a cozinha e levei a tigela pondo a mesma na máquina de lavar loiça e logo avistei uma saca da farmácia.

Peguei na saca vi o que tinha dentro, confirmei que era o que ele tinha de tomar e fui ao frigorífico, peguei uma garrafa de água pequena e levei para a sala onde me sentei de novo ao lado do croata.

— Toma tudo direitinho. — Eu disse entregando-lhe a água e os medicamentos. — E depois bebes o chá.

Ele dez o que eu mandei e logo me entregou a garrafa de água.

— Eu não gosto de chá! — ele disse quase num sussurro.

— Vá lá Petar! — eu disse pegando na caneca com o chá. — Eu pus um pouco de mel para não ser tão mau.

— Mas porque é que eu tenho de beber isso? — perguntou.

— Porque eu quero que melhores rápido e isto ajuda. — respondi. — Quero que voltes aos jogos o mais rápido possível. Quero ver-te jogar, lutar pela titularidade e marcar golos.

Ele pegou o chá da minha mão e começou por beber aos poucos.

— Não é tão mau. — ele deu de ombros e bebeu mais um pouco.

— Eu não quero que fiques assim comigo. Sabes que não fiz por mal não te dar muita atenção esta semana. Estava atolada de trabalho, a Sónia não me deixa em paz, as coisas não melhoram com a minha mãe e sei lá a única vez que tive tempo para sair um pouco e distrair-me foi quando fui a casa do João e estava lá o Gouveia e falamos, ele deu-me atenção, fez-me rir enquanto o meu primo também dava atenção aos outros convidados. Eu não conhecia ninguém e fiquei quieta no meu canto e o Tiago fez-me companhia, tal como tu na casa do Nico. — Eu disse.

— Vês já me estás a comparar com ele. Daqui a pouco já são melhores amigos também. — Ele bufou. — Para além dos meus colegas de equipa, és a minha única amiga aqui em Portugal e eu não quero que te afastes, não me importo se estou a ser egoísta.

— És tão dramático. — Eu ri. — Nunca serás a minha segunda opção Petar, acredita!

Ele sorriu fraco para mim e deitou a sua cabeça nas minhas pernas e de imediato levei a minha mão aos seus cabelos curtos e suaves, sem gel, como eu gosto.

— Obrigado por vires cuidar de mim. — Ele disse.

— Eu estou sempre aqui para cuidar de ti. — Eu disse.

Até Te Encontrar || Petar MusaOnde histórias criam vida. Descubra agora