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Leonor Neves

— Priminha, pagas o jantar hoje? — berrou o João atrás de mim enquanto saíamos do centro de treinos. — Vá lááá.

Parecia realmente uma criança e como se não bastasse um, tinha o outro ao seu lado a ajudar, falo do Tiago, e o Musa, que caminhava ao meu lado, apenas ria da situação.

— Não sejas má com eles, são apenas duas crianças. — disse o croata.

— Olha quem fala. — Eu revirei os olhos.

— Estavas tão querida há trinta segundos atrás. — ele disse.

— Desculpa, só fiquei incomodada por eles estarem a cuscar atrás da porta, não gosto disso. — suspirei.

— Não sejas assim, eles só queriam ajudar e obviamente ficaram curiosos se o plano deles iria dar certo ou não, porque sim, foi tudo planeado ou achaste que eles ficaram para último no balneário porque? — disse Petar e eu não consegui evitar rir fraco.

— Aqueles idiotas, estavam a espera que tu saísses para nós nos cruzarmos e pronto... — Eu disse abrindo a porta de saída do Campus. — Eu faço o jantar hoje, vens lá a casa também?

— Se não incomodar. — disse ele meio tímido.

— Nunca me incomodas. — Eu disse agarrando-me ao seu braço.

— Está muito querida hoje a Leonor. — ele disse e eu sorri.

— Não me envergonhes. — disse timidamente.

Slatkica. (Fofinha) — ele disse fazendo-me soltar o seu braço para que este pudesse pô-lo por cima dos meu ombros. — Obožavam te. (Adoro-te) — ele beijou o topo da minha cabeça.

I ja tebe obožavam. ( Eu também te adoro.) — Eu respondi pondo o meu braço em volta da sua cintura.

— E se parassem de falar chinês? — ouvimos Tiago berrar atrás de nós.

— Gouveia, tu queres mesmo ir a pé? — perguntei revirando os olhos.

Chegamos perto do meu carro e eu entrei no mesmo e Petar fechou a porta do mesmo com cuidado e logo se apoiou na janela acabada de abrir por mim.

— Vais mesmo fazer o jantar ou queres que encomende? — perguntou o croata enquanto esperava que os outros dois se instalassem no meu carro. — Sabes que trabalhas amanhã e não quero que tenhas muito trabalho por nossa causa.

— Ai tão querido, todo preocupadinho com a sua donzela.  — João brincou e eu mandei-lhe uma chapada no braço.

— Não te preocupes Petar, só aparece lá em casa e eu faço algo simples. — Eu sorri e ele concordou. — Até já!

— Até já! — o croata virou costas e foi para o seu carro.

— Nem acredito que fui trocado pelo croata. — Tiago choramingou falsamente. — O meu coração está despedaçado. — Limpou uma lágrima imaginária.

— Para ser escolhido tinhas de ter sido uma opção primeiro e não foste nenhum dos dois. — disse João e eu arregalei os olhos.

— João! — o meu primo riu e mais uma vez lhe bati no braço.

— Se ficar pisado tas feita comigo miúda. — ele disse sério.

— Não me chames miúda criança. — Eu disse igualmente seria e ele semi -cerrou os olhos e eu fiz igual.

— Tenho fome. — Tiago interrompeu o momento.

— Cala-te! — disse eu e João ao mesmo tempo e o Gouveira voltou a encostar-se no banco e cruzou os braços.

— Depois perguntam-se porque e que eu sou depressivo. Vejam bem como as pessoas me tratam. — ele murmurou olhando pela janela e eu tentei conter o riso.

Assim que cheguei a casa, acompanhada por João e Tiago, reparei que o Mercedes de Petar estacionado em frente da casa.

— Ele tem chave da tua casa? — perguntou Tiago assim que saímos do carro e não havia sinais do croata nem dentro do carro nem á porta da casa.

— Ele sabe como entrar. — Eu respondi dando de ombros.

— Muito íntimos, muito íntimos. — disse João com um sorrisinho perverso nos lábios.

— Está calado! — eu disse abrindo a porta de casa e não vi o croata, apenas as suas chaves no pequeno móvel da sala.

Á medida que me ia aproximando da cozinha podia ouvir alguns sons.
Assim que entrei na cozinha ouvi também João e Tiago correrem para o sofá da sala obviamente preparando-se para jogar playstation, e logo vi também Musa que cortava cebola e olhem que era um visão bastante agradável.

— Não me lembro de ter contratado um Chef de cozinha. — Eu disse encostando-me á parede de braços cruzados. — Vá sai lá daí que eu é que vou fazer o jantar.

Assim que me aproximei do croata ele virou-se e agarrou nas minhas mãos quando eu me preparava para pegar no avental.

— Quietinha menina Leonor. — ele começou a andar para a frente fazendo-me andar para trás. — Hoje vais ficar aqui quietinha enquanto eu vou cozinhar.

— E tu sabes cozinhar? — perguntei cruzando os braços depois de ser obrigada por ele a sentar-me numa das cadeiras que tinha na cozinha.

— Sei sim, posso não saber culinária à moda portuguesa mas sem dúvida desenrasco-me muito bem no típico Croata. — ele sorriu.

— Que saudades. — Eu fiz um biquinho lembrando-me dos momentos passados nem Zadar na Croácia. — o que vais fazer?

— Fuzi. — ele respondeu e eu logo sorri lembrando-me da dona Andrija, a senhora que me recebeu em sua casa juntamente com a sua família e me tratou como uma filha durante todo o tempo que lá estive.  — Boas memórias?

— Muito boas. — sorri e levantei-me abraçando o croata pelas costas e logo senti uma das suas mãos acariciar as minhas. — Fazes-me tão bem.

— Continuas assim e eu não vou conseguir cozinhar, vou ficar agarrado a ti o tempo todo. — ele disse voltando ao que estava a fazer.

— Pronto, já parei. — Eu disse largando-o.

— Vai tomar um banho e vestir uma roupa mais confortável e quando voltares já vai estar praticamente tudo pronto. — ele disse.

— Mas e se precisares de ajuda? — perguntei.

— Não vou precisar e se por acaso precisar tem dois marmanjos na sala. — ele respondeu e eu concordei.

— Eu vou então. Até já. — puxei pelo seu braço para que ele se baixasse e beijei a sua bochecha. — Tens de parar de crescer.

Ele apenas riu e eu saí da cozinha dirigindo-me logo em seguida ao meu quarto.

Até Te Encontrar || Petar MusaOnde histórias criam vida. Descubra agora