Leonor Neves
— Onde exactamente estiveste nesse ano na Croácia? — perguntou o croata depois de beber um pouco do seu sumo.
— Estive em Zadar, das cidades mais bonitas da Croácia na minha opinião. — respondi. — meu lugar favorito eram as quedas de água de Skradin. Simplesmente maravilhoso.
— Verdade, dos melhores lugares que há na Croácia, Zagreb em primeiro lugar mas sou suspeito por dizer tal coisa, nasci lá talvez seja por isso que a minha cidade favorita seja essa. — informou o croata.
— É, bastante suspeito, mas compreendo, por muito que adore lisboa nada se compara com a minha terra, Tavira. — Eu sorri.
— E gostarias de voltar a Zadar? — percebi que ele é bastante curioso.
— Eu pensei várias vezes em ficar lá, acabar os meus estudos lá e quem sabe construir uma vida em Zadar mas estava a ser pressionada pela minha mãe para voltar. — suspirei e bebi mais um pouco.
— Percebi que a relação com a tua mãe não é a melhor. — ele olhou para a relva.
— Controladora, julga tudo o que eu faço, nada está bem para ela, nada que eu faça esta correto. — respondi. — Razões pelas quais eu saí de casa tão cedo, não sei se foi a minha melhor decisão mas já não posso voltar atrás.
— A vida dá muitas voltas. — ele disse e eu concordei. — Foca-te no positivo, o que te traz boas sensações e mais alegria.
— Acho que encontrei. — olhei em volta para todas as pessoas que estavam à nossa volta, atentas às suas conversas. — Graças ao meu primo, voltei a ver pessoas e falar como já não fazia há anos.
— Isso é bom, ter amigos é bom eu quando cheguei a Portugal também passei por momentos um pouco solitários mesmo estando rodeado de pessoas. — ele disse. — Um idioma bastante diferente do meu, o meu inglês bastante mau, a minha família tinha ficado na Croácia e eu não tinha ninguém. Quando estava no Boavista as coisas ainda eram bastante difíceis mas quando vim para o Benfica e conheci o Vlachodimos e o Ristic eu já me senti mais à vontade, pessoas que falavam o mesmo idioma do que eu e depois veio o resto, o resto da equipa, foram todos muito bons para mim, muito acolhedores e mesmo quando o Ody é o Ristic foram embora eu não me senti sozinho, já estava enturmado com todos.
— Isso é muito bom eu senti isso quando estava na Croácia, não a parte de estar solitária mas a parte do acolhimento, fui muito bem acolhida e senti-me muito bem lá desde o primeiro dia. Tinha amigos lá e os dias passavam rápido e era tudo tão fácil. — sorri com as lembranças de um dos melhores anos que vivi.
— Talvez voltes lá e voltes a ver as pessoas que um dia te foram tão próximas. — ele disse.
Eu realmente estou encantada com este croata. Parece saber sempre o que dizer e sempre tão gentil e sorridente.
Estava a adorar a nossa conversa e sinceramente poderia ficar horas e horas a falar com ele.— Está a ficar tarde eu preciso de ir, vim de boleia com o Nico e deixei o carro no Campus, preciso de um uber. — disse o croata.
— Também preciso de ir embora, já é bastante tarde. — Eu levantei-me tal como ele. — se quiseres eu posso te deixar no Campus.
— Não é preciso, se calhar nem fica à mão para ti. — ele disse.
— Tens razão, não fica, mas também não custa nada passar por lá não é um grande desvio. — respondi.
— Já que insistes. — ele riu fraco e eu imitei.
— Nem insisti. — revirei os olhos. — Só quis ser simpática.
— Gostaste da nossa conversa e queres mais tempo comigo, não precisas de esconder. — ele brincou.
— Claro, estou inteiramente aos teu pés. — entrei na brincadeira.
— Sabia! — ele movimentou as sus sobrancelhas e ambos rimos após 3 segundos de silêncio.
Ambos fomos nos despedir do resto do pessoal.
— Espero te ver mais vezes. — Disse Celeste entregando-me o seu telemóvel. — Anota aí o teu número, vamos falando.
— Espero que não te importes que ela me passe o número para mim também. — disse Marta.
— Estão à vontade. — Eu sorri e anotei o meu número no telemóvel da Celeste.
— Queres que te leve ao Campus para buscar o teu carro? — Nico perguntou a Petar.
— A Leonor ofereceu-se para me deixar lá. — respondeu o croata.
— Também vens João? — Perguntei ao meu primo.
— Vou depois com o João Mário e a Marta, somos praticamente vizinhos. — ele respondeu e eu apenas assenti.
— Okay, então até à próxima pessoal. — Eu disse acenando para todos e Petar fez o mesmo acompanhando-me em seguida até ao meu carro.
Num instante já estávamos no Campus eu parei o carro e tal como Petar eu saí do meu carro.
— Bem, adorava dizer que nos vemos em breve mas vai demorar mais do que eu queria visto que tenho de ir na segunda-feira para a Croácia. — Petar disse dando a volta ao carro e parou bem na minha frente e eu encostada ao meu carro de braços cruzados.
— É... — tinha esquecido que haveria a paragem para as selecções. — Espero que corra tudo bem para vocês. — Sorri fraco.
— Podemos sempre falar, mesmo longe. — Musa propôs.
— Isso foi uma tentativa de me pedires o meu número? – brinquei.
— Resultou? — riu.
Descruzei os braços e estiquei a minha mão como sinal para ele me emprestar o seu telemóvel e logo ele tirou do bolso das calças, desbloqueou e entregou-me.
— Fico à espera de uma mensagem ou uma chamada. — disse depois de marcar o meu número e entregar-lhe o seu telemóvel.
— Com certeza. — ele voltou a guardar o telemóvel no bolso. — Está tarde, precisas de descansar e eu também. Gostei muito de te conhecer Leonor.
Ele aproximou-se e beijou lentamente a minha bochecha e assim que ele se afastou pude reparar na sua timidez por tê-lo feito e eu não estava diferente.
— Também adorei conhecer-te. — respondi sorrindo timidamente. — Faz boa viagem.
Ele apenas assentiu e dirigiu-se ao seu carro e enquanto isso eu entrei no meu e fiquei uns segundos a olhar para o volante.
Posso dizer oficialmente que tenho um crush? Seria crush a palavra certa? Não sei, mas ele despertou bastante interesse em mim.
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Até Te Encontrar || Petar Musa
Hayran KurguA vida não tinha tantas cores, até te encontrar.