Castigo

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No dia seguinte tivemos que acordar cedo, dorminos um pouco assim que chegamos da praia, acho que era umas seis da tarde e dormimos por sete horas. Quando acordamos arrumamos nossas coisas rapidamente e partimos para a estação de trem.
Nesse momento estamos aqui na estação esperando para poder entrar no trem. O único problema é que quando eu chegar em casa estarei morta, por que eu não avisei a Dona Camilla que eu ia dormir aqui. Parabéns Rebecca, palmas para você!

Finalmente nosso trem chega, depois de um bom e longo tempo, de acordo com o que vimos antes de chegar aqui seria que o trem partiria as duas da manhã, e chegamos aqui faltando cinco minutos para a partida dele, mas parece que ambos estão atrasados. Não vamos reclamar, vamos agradecer que o trem está aqui, certo?

Entramos no trem e se sentamos de acordo com o número de nossas fileiras, esse trem é diferente do que viemos, esse possui quatro poltronas para cada classe. O outro possuia seis poltronas para cada classe. Somos em seis então não achamos nenhum problema. Três ficaram em um e três em outro.

Percebi muitas coisas desde o inicio da viagem, tipo, por exemplo, o jeito que o Theo olha para Alex, um olhar apaixonado.

Três e meia da manhã chegamos na estação de Victoria, agora falta 100km para chegar em Londres. Saímos do trem, pegamos nossas bagagens e fomos ao carro de Lou, entramos e Lou levou cada um para sua casa, deixando por último, eu e o Matt.

Entramos no prédios exaustos, andamos até o elevador e o chamamos, logo sua porta abre, entramos, Matt aperta o botão do seu andar e as portas se fecham. Meus olhos vão se fechando aos poucos, sinto as mãos de Matt alisando meu cabelo, ele só está piorando as coisas. A porta novamente se abrem, Matt se despede e sai do elevador, aperto o botão do meu andar e as portas se fecham. Eu poderia muito bem subir as escadas já que o andar de Matt é abaixo do meu, mas estou morrendo de sono. A porta se abre, saio do elevador quase caindo, ando até a porta do meu apartamente, pego a chave na bolsa, abro a porta e entro fechando ela em seguida.

Vou para o meu quarto, jogo a mala ao lado do armário e me deito na cama, cansada demais para tomar um banho.

Acordo com uma gritaria vindo da sala, me levanto da cama as pressas e saio do quarto, ao chegar na sala vejo uma mulher alta, ruiva, com uma expressão de raiva em seu rosto e braços cruzados me encarando, minha mãe.
- Rebecca, onde a senhorita estava? – Seus olhos verdes me fuzilam.

- Na casa de praia da família do Louis...

- Quem mais estava?

- Alex, Bea, Louis, Theo e o Matt...

- Por que não me ligou avisando que você dormiria lá ou pelo menos mandava uma mensagem avisando? Eu fiquei muito preocupada!

- Eu esqueci, mãe! Me desculpa...

- Você está de castigo, por isso. Está proibida de sair, irá fazer tarefas de casa e sem visita de amigos e de namorado!

- Ah não, mãe! Pelo menos a Alex e o Matt, por favor.

- Vou pensar no caso da Alex, já na do Matt eu já falei, sem namordo. Agora vai se arrumar que vou te deixar na escola! - Ela vai para cozinha.

Volto para o meu quarto com raiva, pego minha toalha, vou para o banheiro e tomo um banho morno. Quando termino o banho vou para o meu quarto, abro o armário e pego uma blusa regata branca, uma calça jeans e um casaco vermelho xadrez, me visto rapidamente e coloco meu All Star branco. Pego minha bolsa vermelha, coloco meu material dentro e vou para cozinha tomar meu café.

Só mais meia hora Rebecca, só mais meia hora.

Que aula chata, odeio Geografia!

Eu estou dormindo, bem, dormindo não, estou cochilando um pouco.
- Rebecca? - A professora me chama. - Rebecca! - Finjo que não escuto e ela para de chamar. - Rebecca Clark! - Ela grita e rapidamente levanto a cabeça. - Você e a Alexandra vão lavar o rosto! - Se levantamos e fomos para o banheiro feminino. Lavamos nosso rosto e ficamos la até o sinal tocar. O sinal toca e voltamos a sala, pegamos nosso material e saímos da escola.

No meio do caminho me sento num banco e descanso um pouco. Alex teve que ir trabalhar, então vou ter que ir o resto do caminho sozinha.
- Quanto tempo, ruiva! – Noah fala se aproximando.

- Pois é...

- O que houve? – Ele se senta do meu lado e coloco a cabeça em seu ombro.

- Estou de castigo...

- O que você fez, ruiva?

- Eu fui para praia com meus amigos e dormimos lá. Eu esqueci de avisar a minha mãe dizendo que eu ia dormir lá.

- Nossa... - Levanto minha cabeça. - Você já viu o que está no site da escola? - Nego. - Melhor você descobrir quando chegar em casa...

- Você não vai me contar, né? - Ele nega. Se levantamos e ele me leva em casa.

Subo as escadas correndo, ao chegar no quinto andar abro a porta do meu apartamento e corro direto para meu quarto. Pego o notebook, ligo e espero ele programar tudo. Entro no site da escola e vejo a noticia que eu não esperava ver. Não acredito. Me levanto e saio de casa indo para o andar de baixo que, no caso, é onde Matt mora. Bato na porta e logo ele abre, ele vem me abraçar, me desvio entrando na casa dele, ele se vira para mim e me olha estranho.
- Quando ia me contar?

- O quê?

- Sobre o intercâmbio...

- Becca, eu tentei te contar, mas não consegui!

- Por que não conseguiu, Matthew?

- Porque ia da nisso...

- Você ia sumir de novo, sem avisar nada... E desta vez até o final do ano! – Aumento o tom de voz.

- Calma Becca! Eu tentei, ta?

- Quando é o voou?

- Nessa sexta as duas da tarde, assim que a aula acabar eu e o pessoal que conseguiu passar vamos pegar nossas malas e ir para o aeroporto.

- Se o Noah não me avisasse... Achei que você confiava em mim, Matthew.

- Eu confio em você... Eu fiquei com medo de te perder, ta legal? Eu juro que eu tentei de tudo para ficarmos juntos mas essa viagem é o meu futuro, talvez o nosso futuro! - Ele grita.

- O que posso falar? – Sinto meus olhos lagrimejar. – Por que raios eu tinha que ser tão sentimental? – Pergunto para mim mesma e saio dali já chorando.

Chegando em casa tranco a porta do meu quarto e me jogo na cama ainda chorando. Abraço um dos meus travesseiros e limpo as lágrimas, me levanto, ando até a janela e me sento no parapeito. O Matt vai mesmo para os Estados Unidos e agora?

Meu celular toca, o pego e volto a sentar no parapeito da janela.
- Oi Noah...

- Você está bem?

- Sim, eu estou bem...

- Não parece. A sua voz não está igual a antes. Você estava chorando?

- Sim...

- Posso ir ai?

- Gostaria da sua visita, mas com o castigo da minha mãe estou proibida de ver meus amigos fora da escola.

- Nossa... Graças a Deus que meu pai não é assim! - Ele ri. – Sua mãe está em casa?

- Não, por quê?

- Quer um mocha?

- Sim!

- Chego ai em... - Ele fica em silêncio. - Dez minutos!

- Okay...

- Já chego ai! - Ele desliga.

Meu querido... Irmão? (Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora