— Seu pessoal tem minha permissão para ir.
Wednesday cerrou os dentes, estendendo a mão para tocar Enid no ombro para proporcionar um toque de conforto, apenas para ser ignorada.
Ela estava quase fora da sala quando ouviu a outra falar. — Você vai ficar.
Wednesday congelou, olhando para sua irmã, curvada sobre seu único filho, seu rosto era uma imagem de tristeza. Os muitos anos dela no deserto endureceram-lhe as feições, mas Enid permaneceu a imagem da juventude durante todos estes anos, sem nunca ter tido que trabalhar, tendo sempre sido tratada com os melhores óleos e unguentos do Egito. Mas agora ela parecia ter envelhecido muitos anos em uma única noite.
— Eu... eu não entendo. Meu povo precisa de mim para tirá-los do Egito.
— É isso, não é? — Enid agora estava em toda a sua altura, caminhando até ela e usando seus poucos centímetros para aparentemente se elevar sobre a menor.
— Eles não são mais o seu povo do que o meu. Você foi criada como uma princesa egípcia. Você pode pensar que é um deles agora, mas na verdade nunca foi. Você nunca poderá abandonar sua educação.Wednesday olhou para baixo, sabendo que era verdade. — Faz muito tempo que não sou princesa do Egito. Na verdade, nunca fui, e você sabe disso. — Disse ela, olhando a loira diretamente em seus calorosos olhos azuis escuros, olhos com os quais ela estava muito familiarizada.
— Você não pensa que todos os dias, eu esperei seu retorno? Nunca esqueci, não passou um dia sem que eu não pensasse em você. Aí você simplesmente entra e pensa que pode fazer exigências de mim? Como se nunca, nunca fossemos irmãs? — A voz de Enid falhou e ela virou-se, demasiada emocionada para continuar.
— Tenho um dever para com meu povo.
— E tenho um dever para com o nosso pai. Meu pai — Rosnou, com lágrimas nos olhos. — Eu não posso ser o elo mais fraco, e você sabia disso. Mas você permitiu. — Ela acenou com a mão, — Tudo isso. Seja como for, eles podem encontrar o caminho sozinhos. Guardas! — Ela gritou para os poucos guardas restantes no palácio, que imediatamente ficaram em posição de sentido. — Não a percam de vista.
— Você não pode me manter aqui.
— Eu sou a estrela da manhã e da tarde. Eu sou o Egito. Eu ordeno, e assim será.
E Wednesday sabia que com um aceno de seu cajado ele poderia estar a caminho. Ela sabia que provavelmente deveria estar fazendo um comentário sarcástico sobre quão claramente o único que ordenou isso era Deus, mas pensou melhor. Seu esposo precisava dela, seu povo precisava. Mas parecia que sua irmã - essa casca quebrada de mulher - também precisava dela naquele momento, e ela de alguma forma não estava disposta a se separar ainda.
Então ela usou todas as suas forças para enviar uma mensagem de Deus aos outros e se viu de volta ao seu antigo quarto, o quarto onde passou sua infância e parte de sua juventude, quando ela era ingênua ao sofrimento. acontecendo ao seu redor. Mas, em vez de dormir, ela se viu deixando escapar toda a sua angústia enquanto desabava completamente, sem se importar se os guardas do lado de fora pudessem ouvir. Ela chorou e chorou até saber que não poderia mais chorar.
Exausto, ela estava quase dormindo quando sentiu braços fortes envolvendo-a por trás, moldando-a no lugar. Um rosto molhado pressionou-se contra seu pescoço e ela imediatamente reconheceu que era Enid. Muitas vezes ela abraçou-a depois de uma bronca particularmente dura do faraó Seti e elas acabaram dormindo enroscadas, só as duas. Ela se viu segurando os braços e abraçando-a mais perto.
— Oh, Enid. — Ela murmurou sonolenta. — Eu sinto muito.
— Meu império. Meu Egito. Meu filho, perdi tudo. Não quero perder mais nada. Você é a única que me resta. — Ela suspirou, agarrando a menor com mais força do que nunca.
— Isso não é exatamente verdade, majestade. Afinal, você ainda nos tem. — A voz de Hotep soou no silêncio, e as duas mulheres acordaram cambaleando, olhando para ninguém menos que Hotep e Huy, que estavam sentados no canto, sorrindo maliciosamente.
— Há quanto tempo vocês dois estão aí?" — Retrucou a rainha.
— Ah, só estou fazendo a ronda, você sabe. — Disse Hotep.
— Só estou fazendo a ronda. — Repetiu Huy. — Ah, é! — Ele gritou, pegando uma uva solta e engolindo-a.
— Saiam! — Enid ordenou, e eles desapareceram num clarão de fumaça. Enid revirou os olhos, soltando uma risada curta, a primeira em muito tempo. — Esses dois são tão irritantes.
— Conte-me sobre isso. Ei, lembra quando os trancamos no camarim da empregada...— e Wednesday se viu relembrando tempos mais simples, quando a única coisa com que ela tinha que se preocupar era inventar uma nova maneira de escapar das aulas particulares. e colocar Enid em apuros (antes de tirá-la disso, é claro). A conversa fluiu facilmente, e logo elas estavam rindo e conversando como haviam feito tantas vezes quando eram meninas, apenas para serem repreendidas por suas respectivas babás.
— Você sabe, depois de tudo. Eu precisava disso. — Enid sorriu, mas depois percebeu que estava escorregando quando pensou em seu filho. Seu lindo menino, que ela amava de todo o coração. Com quem ela nunca mais brincaria e estragaria. Wednesday se viu virando-se e segurando o rosto da irmã entre as mãos, sem suportar o olhar abatido.
— Eu quis dizer o que disse, as coisas não podem voltar a ser como eram. Mas vocês reconstruirão o Egito. Um Egito mais forte e melhor, não construído nas costas de escravos.
— Hmmm, talvez. — Murmurou Enid, com o hálito quente no pescoço dela. — Mas algumas coisas eu nunca poderei substituir.
— Eu sei. Será meu maior arrependimento.— E Wednesday enterrou-se no calor de Enid, seus lábios encontrando os de sua irmã. Enid aprofundou o beijo, puxando-a para si e entrelaçando as mãos.
— Espere!
— Não, deixe-me provar você. Senti falta disso. — Wednesday sentiu as mãos da maior pairando sobre seu corpo, delicadas, como se fosse uma flor rara.
Lentamente, a respiração das duas se acalmou e elas adormeceram, a exaustão das últimas semanas finalmente as alcançando.
Wednesday finalmente acordou depois do que pareceram dias com a cabeça no peito de Enid. A outra ainda estava profundamente adormecida, o peito subindo e descendo silenciosamente. A preocupação finalmente desapareceu de seu rosto, grande parte da dor profunda dos dias anteriores finalmente começou a desaparecer. Sem seu traje de rainha, Enid era de alguma forma mais suave, menos onipotente e mais humano.
Lentamente, Enid voltou a si, seu sorriso brincalhão iluminando a sala.
— Você sempre foi a madrugadora. O pai sempre reclamava: 'Filha, você vai ter que fazer algo em relação aos seus hábitos de sono. Enquanto você dormir, o Egito também dormirá. Foi apenas uma das muitas coisas que ele repreendeu.
— Enid...— Wednesday colocou a mão em seu braço. — Você não precisa mais viver de acordo com ele. Você sabe disso, certo?
— Fácil para você dizer. — Enid apenas zombou. — Você nunca teve que corresponder às expectativas dele. Você teve que sair e brincar com o povo do deserto. Você nunca teve que lidar com o peso de um império em seus ombros. Mas agora que você está aqui. — Ela sorriu esperançosamente, segurando uma das mãos da menor em sua maior. — Talvez você possa me ajudar a reconstruir e governar o Egito?
Quando Wednesday ficou em silêncio, Enid apertou sua mão com mais força. — Ok, você não precisa responder isso ainda. Mas você pode prometer que não vai me deixar de novo? Eu... eu não acho que posso suportar isso.
Wednesday sabia que eventualmente haveria trabalho a ser feito pelo seu povo. Ela sabia que nunca poderia voltar a viver uma vida mimada no palácio. Mas ela também sabia que não conseguiria deixar Enid. Ela amava-a demais.
E então, com um sorriso e outro beijo, ela sussurrou: “Eu prometo”.
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NEFASTO | Wenclair OneShorts
FanfictionEscorrendo pelo seu corpo como ouro, lentamente embaçando as janelas. Minha pele na sua pele, de novo e de novo. ¡¡!! 𝐧𝐞𝐟𝐚𝐬𝐭𝐨; 𝐚𝐝𝐣𝐞𝐭𝐢𝐯𝐨 𝐪𝐮𝐞 𝐩𝐨𝐝𝐞 𝐭𝐫𝐚𝐳𝐞𝐫 𝐝𝐚𝐧𝐨, 𝐩𝐫𝐞𝐣𝐮í𝐳𝐨; 𝐝𝐞𝐬𝐟𝐚𝐯𝐨𝐫á𝐯𝐞𝐥, 𝐧𝐨𝐜𝐢𝐯𝐨, 𝐩...